Transmissões ao vivo ganham força e se tornam diferencial para canais e plataformas

Mariana Gross, Daniel Ferro, William Bonner, Raoni Carneiro e Joana Thimoteo (Foto: Globo/ Fabio Rocha)

O painel "Estamos ao Vivo" do Festival Acontece – evento promovido pela Globo na última quinta-feira, dia 11 de abril, para reunir o mercado audiovisual independente e debater o futuro da indústria – foi mediado pela jornalista Mariana Gross e reuniu líderes da Globo e do mercado para falarem da importância das transmissões em tempo real para o público. 

O jornalista William Bonner, editor-chefe do "Jornal Nacional", falou sobre os desafios de liderar o principal telejornal do País e disse que, apesar de ser roteirizado, o programa nunca está livre de precisar incluir uma notícia de última hora, já estando no ar. "É preciso jogo de cintura para lidar com situações não programadas", disse. Ele ainda destacou o trabalho das 118 emissoras afiliadas da Globo que ajudam a encontrar e contar as histórias que o jornalismo da emissora leva à população. "O primeiro telejornal de rede nacional foi o 'Jornal Nacional', que surgiu com a pretensão de mostrar todas as noites o que de mais relevante aconteceu no Brasil e no mundo naquele dia. É impossível para a Globo fazer isso sozinha. Só temos poder porque temos todas essas afiliadas. No País, não há nenhum veículo de comunicação ou órgão de imprensa com uma capilaridade que chegue perto da Globo", pontuou. 

Bonner voltou a lembrar: "Não fazemos isso sozinhos. Para darmos as notícias que acontecem fora dos grandes centros urbanos, dependemos das afiliadas, do apoio das tecnologias e profissionais de todas essas emissoras. Assim, garantimos que o que é importante estará lá – e com sotaque local. Isso é fundamental. Durante anos falou-se em um 'padrão Globo', e no jornalismo acreditava-se que isso estava em falar sem ser traído pelo sotaque. Hoje, não tem mais isso", garantiu. E enfatizou a força das transmissões em tempo real: "O valor do ao vivo é incomensurável. É saber que você não está sozinho. Para o público, o ao vivo é o combate à solidão". 

A importância da tecnologia no ao vivo também foi destaque no painel. Joana Thimoteo, diretora de eventos esportivos da Globo, e Raoni Carneiro, diretor de gênero da Globo, mencionaram os desafios para o público perceber a aplicação dos recursos tanto nas transmissões esportivas quanto nos mega festivais de música. 

"Na Globo, sempre estivemos perto da tecnologia, acompanhando as tendências. Mas no esporte principalmente, a jornada da tecnologia teve uma virada mais recente, que abriu um leque muito grande para incrementarmos as transmissões dos eventos. Hoje, podemos fazer tudo o que quisermos. A tecnologia trouxe para nós a possibilidade de decidir onde queremos estar e investir", disse Thimoteo. A diretora trouxe como exemplo as transmissões das Olimpíadas – que, antes, demandavam a ida de equipes enormes, de cerca de 300 pessoas, para o país sede dos jogos. Hoje, a operação no Brasil é enorme, mas menos custosa e mais criativa, e só vão para o trabalho in loco os profissionais estritamente fundamentais para contar as histórias. "Podemos criar e inventar tendo a tecnologia como parceria. Para as Olimpíadas deste ano, teremos um estúdio com a base toda em inteligência artificial. É o casamento do conteúdo com a tecnologia", explicou. 

Thimoteo também valorizou o ao vivo, especialmente neste contexto de consumo e atenção fragmentados: "O ao vivo tem poder. Quando falamos em esporte, tem competição envolvida. As pessoas até assistem ao jogo depois, mas normalmente querem ver na hora. Temos que nos apropriar disso para alcançar e conectar ainda mais a sociedade. É nosso papel ampliar essa conexão. No ao vivo, a conexão com o público é imediata e muito proprietária. Precisamos ser capazes de entregar a melhor experiência para o consumidor. É sobre eficiência e entrega, e o público precisa perceber isso. É esse caminho que estamos trilhando". Ela concluiu: "No Globoplay, temos o desafio de oferecer o máximo possível de janelas de conteúdo ao vivo para o consumidor – com o jornal na Globonews, o festival de música no Multishow, o jogo no sportv e no Premiere… É a ferramenta que temos para fortalecer a conexão com o público. O ao vivo é nosso diferencial". 

Para Raoni Carneiro, a dinâmica do esporte é parecida com a das transmissões de eventos e festivais de música. "Quando entrei para esse mundo dos festivais e modelos de transmissão para a TV, me perguntei onde poderia inovar, e entendi que a tecnologia seria o lugar para brincar com isso", contou. "A tecnologia vem fomentando e nos instigando a buscar novos recursos. Nesse sentido, não tem como remar para trás", completou. Carneiro afirmou que seu núcleo troca bastante com o esporte – que também tem um grande volume de transmissões e possibilidade de testes em tecnologia. Novas oportunidades também se abriram para o mercado anunciante. "Buscamos evoluir a presença das marcas nos festivais. Antes, elas apareciam em VTs. Agora, gravamos ações no próprio dia do evento, para mais tarde exibir no ao vivo. Isso só é possível graças à tecnologia", comentou. 

Por fim, Daniel Ferro, fundador da Ferrorama TV, outro integrante da mesa, contou sobre a experiência de manter uma produtora de vídeo que se especializou no ao vivo – um mercado que cada vez ganha mais espaço com os novos formatos de transmissão em vídeo e áudio. A Ferrorama é parceira da Globo na transmissão de eventos e festivais – as empresas começaram a trabalhar juntas em 2013, quando junto do Multishow, a produtora gravou uma série documental sobre a experiência do fã no Rock in Rio. Mais tarde, em 2015, a ideia para o registro do evento era contar histórias do público e seu envolvimento emocional no festival em tempo real. "Repetimos a parceria nos anos seguintes e, depois, começaram a entrar entregas de marca. Pulverizamos o evento com muitas câmeras para captar tudo – estandes, ativações, shows, plateia. É corrido – entregamos o material que a gente grava e pós-produz, e tem que ter toda a emoção do ao vivo. Somos uma produtora de vídeo que se especializou em tempo real", definiu. 

"Hoje temos uma infinidade de opções. Independente da idade, as pessoas vão sempre engajar no ao vivo: jogo, evento, show, premiação… Em qualquer plataforma que você entrar, o que está sendo transmitido ao vivo sempre estará no topo. E isso vai acontecer cada vez mais. Ao ao vivo é sedutor, você sente que precisa assistir. Ninguém quer ficar de fora", finalizou Ferro. 

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