Space estreia "Um Dia Qualquer", série que aborda questões familiares em meio à violência do Rio de Janeiro

Na próxima segunda-feira, dia 17 de agosto, às 22h, o Space estreia "Um Dia Qualquer", série em coprodução com a Elixir Entretenimento e a Com Domínio Filmes, direção de Pedro von Krüger e produção de Denis Feijão. A atração irá ao ar de segunda a sexta, com exibição de um episódio por dia, no mesmo horário. No sábado, 22, o canal promove com exclusividade uma maratona completa com todos os episódios, a partir das 18h.

Sob os pilares drama materno, milícia/violência e emoções extremas, "Um Dia Qualquer" mostra que um dia qualquer nos subúrbios cariocas pode ser qualquer coisa, exceto algo comum. Por trás de um cotidiano aparentemente simples e rotineiro, a violência diária e o clima de guerra civil obrigam os moradores a iniciar uma verdadeira jornada por sobrevivência. Neste momento, diversas histórias se misturam e mostram que viver mais um dia pode não ser tão fácil assim. E revela ainda as entranhas e, principalmente, a maneira como nasce e se consolida o poder paralelo em uma zona esquecida pelas instituições públicas.

Em coletiva de imprensa realizada virtualmente nesta quarta, 12, o diretor disse que, na comparação com outras obras audiovisuais que também exploram o universo do crime no país, como "Cidade de Deus" e "Tropa de Elite", o diferencial de "Um Dia Qualquer" é trazer um olhar mais humano para essas histórias. "A série se passa principalmente dentro das casas das pessoas, em sua intimidade. O foco é essa humanidade", afirmou von Krüger. "Pegamos elementos comuns nesse cenário para criar uma história original. Apesar de ser ficção, não é distante da realidade", completou. O produtor, Denis Feijão, pontuou: "A série pretende ser não só uma forma de entretenimento, mas também um questionamento sobre a violência que cerca o cidadão carioca e de outras regiões do país comandadas por um poder paralelo, em uma realidade em que a violência é legitimada, e qual a consequência para as pessoas que criam e executam a própria lei".

A série de drama-ficção conta com cinco episódios, de 25 minutos cada, e traz em seu elenco nomes como Augusto Madeira (Quirino), Mariana Nunes (Penha), Jefferson Brasil (Seu Chapa), Vinicius de Oliveira (Maciel), Willean Reis (Beto), André Ramiro (Participação especial – Delegado), Juan Paiva (Juninho), Eli Ferreira (Jéssica), Samuel Melo (Robson), Tainá Medina (Bruna), Adriano Garib (Participação especial – Dr. Menezes), entre outros.

A atriz Mariana Nunes como Penha, em "Um Dia Qualquer"

Fundo Setorial e o desmonte da cultura

Durante o evento, a equipe revelou que o projeto, na verdade, engloba também um longa-metragem, cujo lançamento estava previsto para fevereiro – mas, por conta da paralisação do repasse dos recursos do FSA, a estreia não aconteceu – e em seguida veio a pandemia. Portanto, não há data definida para o filme estar nas salas. "A ideia era lançar o filme primeiro e, na sequência, a série, explorando todas as janelas de exibição possíveis. Iríamos receber recursos voltados à comercialização do FSA. Existem muitos outros filmes nacionais nessa mesma situação. Por enquanto, a solução é trabalhar a obra em festivais", explicou Feijão. O filme já foi escolhido para a seleção oficial do Festival de Buenos Aires, para Madrid – com quatro indicações -, e para o Festival de Nova York de 2021, que será realizado de forma física.

"Um Dia Qualquer" foi filmada em 2018, com recursos do Artigo 39, da Ancine. "Isso foi fundamental para estarmos lançando a série hoje. O nosso foi um dos últimos projetos que receberam recursos do FSA. Se fosse hoje, nada disso seria possível", declara o produtor. "Estamos assistindo a um plano maquiavélico de desmonte da nossa cultura. Queremos continuar produzindo e provar que fazemos coisas boas, que agradam ao público. Nesse sentido, a participação da Turner foi fundamental para fecharmos essa engenharia financeira", acrescenta.

O diretor também falou sobre a situação atual da cultura e do audiovisual no Brasil: "Eu, como cidadão, me expresso por meio da arte audiovisual. É um meio de jogar luz sobre temas complexos, muitas vezes velados na sociedade. Um país sem cultura é como uma casa sem espelhos, isto é, não tem como a gente se enxergar. Estávamos caminhando para uma indústria de fomentos claros e muito bem estabelecidos. Nos acostumamos a trabalhar pensando neles. Isso não pode ser interrompido de uma hora pra outra. O FSA se retroalimenta, faz com que a roda gire. Vínhamos numa crescente muito especial que não deveria ser travada".

Por fim, von Krüger conclui: "Estamos trabalhando a estreia da série e muito felizes de lançá-la agora. Queremos gerar discussão na sociedade sobre temas complexos da contemporaneidade – e, por isso, o momento não poderia ser mais propício".

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