Série documental e podcast revelam o que crianças de 6 a 12 anos pensam sobre o mundo contemporâneo

Desejos, planos, expectativas e opiniões de crianças de 6 a 12 anos sobre o mundo atual serão apresentados em série documental e podcast. Os conteúdos fazem parte da plataforma multimídia O mundo que sei, que será lançada no próximo dia 14, no Sesc 14 BIS, em São Paulo, com a exibição do primeiro episódio, chamado "De onde venho". São nove episódios que ficarão disponíveis gratuitamente no site e no Youtube do projeto e reunirão conversas e vivências de 23 crianças de diferentes realidades socioeconômicas de São Paulo.

O mundo que sei tem como objetivo traçar um panorama dos dias de hoje a partir da perspectiva das crianças. Com isso, os criadores esperam contribuir para que elas passem a ser ouvidas em debates nas diferentes esferas da sociedade.

"O mundo que sei pretende apresentar o nosso tempo pelo olhar das crianças a partir de temas que emergiram delas próprias em uma grande pesquisa mediada pela técnica de escuta sensível. Vamos abrir de forma inédita, por meio de diversos produtos digitais, um debate interessante sobre meio ambiente, segurança, telas e tecnologia, saúde, gênero e diversidade, relacionamentos, brincar, sociedade e escola", conta Paula Guedes, da Bebok, empresa idealizadora do OMQS.

"Queremos sensibilizar e mobilizar as pessoas interessadas no desenvolvimento das crianças e em temas sobre infância e futuro para a importância da escuta e da participação infantil nos diálogos cotidianos. Sentimos que é preciso amplificar o olhar das crianças sobre o mundo contemporâneo e incentivar conversas mais horizontais entre elas e os adultos", explica o também idealizador do projeto, Fabio Guedes, sócio da Bebok.

Sobre a série

A brincadeira e o universo de fantasia são as linguagens por meio das quais as crianças melhor se manifestam. Pensando nisso, a série documental foi criada a partir de uma estrutura narrativa de ficção. A personagem Solo, uma inteligência alienígena, viaja 50 anos-luz para conhecer melhor o planeta que identificou durante um sonho: a Terra. Chega aqui em sua base, encarnada em uma televisão dos anos 1970. É pelo aparelho que ela se comunica com as crianças, pedindo que respondam a pergunta: que mundo é este?

A ficção acaba aí, mas a fantasia continua. Em dinâmicas (brincadeiras, jogos, entrevistas e mesas de discussão), meninos e meninas dão depoimentos reais sobre meio ambiente, diversidade, justiça, respeito, tecnologia, saúde mental, afetos, relacionamentos, entre muitos outros assuntos que permeiam os episódios.

"Nossa grande referência foi o filme Solaris, de Andrei Tarkovski, sobre um planeta distante que se comunica de uma forma quase onírica com os humanos. Inspirados neste clássico, criamos um dispositivo fictício, a base espacial do planeta Solo. Ali, em um ambiente de fantasia e brincadeira, elas puderam se expressar de maneira espontânea, autêntica e, portanto, documental", conta Victor Ribeiro, diretor.

A série foi produzida pela Social Docs, tem direção de Victor Ribeiro, roteiro de Gisele Mirabai e é uma realização de Henry Grazinoli, com produção executiva de Vera Haddad e Marcelo Douek.

"Nosso grande desafio foi criar uma linguagem única, atual e que mantivesse, no audiovisual, a leveza própria das crianças para tratar de assuntos tão sérios e, muitas vezes, pesados. Acho que conseguimos!", afirma Henry Grazinoli.

Podcast

A proposta do podcast é um pouco diferente. A voz das crianças entra como ponto de partida para uma conversa entre adultos. Cada um dos nove episódios trata de um tema específico. Os convidados e as convidadas começam a conversa, mediada pela jornalista Giuliana Bergamo, depois de escutar trechos de depoimentos das meninas e dos meninos que participaram da gravação do documentário.

"As crianças que participaram do projeto falam não apenas sobre elas, mas sobre nós, adultos. No podcast, abrimos esse diálogo para pensar o nosso presente e o futuro do planeta e da humanidade", diz a Giuliana, que também é diretora de conteúdo de OMQS.

Com duração média de 35 minutos, os episódios tratam de: ideias de futuro; afetos e brincadeiras; o papel da escola nos dias de hoje; cidades para crianças; saúde mental; família; diversidade; tecnologia e experiências virtuais; e violência.

Entre as pessoas convidadas estão as psicanalistas Ilana Katz e Julieta Jerusalinsky; os educadores Reinaldo Nascimento (pedagogia de emergência), Marcos Mourão (espaço ekoa) e Lucilene Silva (Oca, Casa Redonda e OMQS); a musicista Renata Mattar; as escritoras Trudruá Dorrico e Janaína Tokitaka e o escritor e ilustrador Caco Galhardo; a consultora em diversidade e antirracismo Ellen Souza; a influenciadora digital Pepita; o secretário de cultura de Jundiaí Marcelo Peroni; a arquiteta e urbanista Ursula Troncoso; e a diretora da ONG Childhood Laís Perreto.

Pesquisa

Os conteúdos de OMQS, que já começaram a ser divulgados no Instagram do projeto, são espontâneos e foram produzidos a partir dos resultados de uma pesquisa etnográfica conduzida pela antropóloga Adriana Friedmann.

Ao longo de quase dois meses, quatro pesquisadoras e um pesquisador ouviram 170 crianças de cinco regiões com diferentes perfis culturais e socioeconômicos da cidade de São Paulo, realizada a partir da metodologia de escuta sensível. Parte dessas crianças está também na série documental.

"A pesquisa foi o ponto de partida de O mundo que sei. Construímos todo nosso conteúdo com base no que as crianças nos disseram. Assim, selecionamos os temas que seriam abordados, descobrimos caminhos de linguagem e maneiras de abordar diferentes questões. Nossa ambição é de que a série, o podcast e as novidades que ainda estão por vir atinjam não apenas famílias e educadores, mas pessoas em geral interessadas em assuntos da contemporaneidade, agora discutidos a partir do olhar da infância", afirma Giuliana Bergamo.

Os episódios da série e do podcast serão disponibilizados quinzenalmente a partir do lançamento no site de O mundo que sei. OMQS é uma realização da Bebok, Social Docs e Bergamota, e tem patrocínio da escola espaço ekoa.

"O mundo que sei"

O mundo que sei é uma plataforma multimídia permanente – com conteúdos digitais, série documental e podcast – que investiga, organiza e divulga, de forma inédita, o que pensam crianças de 6 a 12 anos sobre o mundo contemporâneo. Tem o objetivo de compreender a infância dos dias de hoje a partir da perspectiva delas e considerá-las nas trocas e nos debates que têm surgido em diferentes esferas da sociedade.

Os conteúdos são espontâneos e derivados de uma pesquisa etnográfica realizada com 170 crianças de cinco territórios com diferentes perfis culturais e socioeconômicos da cidade de São Paulo. O trabalho foi realizado a partir da metodologia de escuta sensível, que se propõe a estabelecer um diálogo horizontal com esse público.

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