"Atrás da Sombra", longa de terror nacional, estreia direto em streaming

Nesta sexta-feira, dia 17 de julho, o longa nacional "Atrás da Sombra" estreia nas plataformas digitais Net Now, Vivo Play, Oi Play e Looke. A obra é uma parceria entre Elo Company, Pira Filmes e Mandra Filmes, com direção de Thiago Camargo e produção e roteiro de Daniel Calil.

O suspense policial conta a história de Jorge, um investigador particular que busca informações sobre a morte de um jovem em uma pequena cidade no interior do Goiás cheia de moradores misteriosos. Ele é atormentado por pesadelos com uma mulher que nunca conheceu. O encontro com ela, em uma mata mal-assombrada, revela que não é por acaso que Jorge esteja nesta investigação que irá mudá-lo para sempre. Assista ao trailer: 

"A história começou inspirada em um curta-metragem que fiz em 2010 chamado 'A Caça', sobre um fantasma em uma mata mal-assombrada. Foi o ponto de partida para o longa", contou Thiago Camargo em coletiva de imprensa virtual realizada na última terça, 14. "Em Goiás (terra natal do diretor) temos o costume de acampar, especialmente próximo do Rio Araguaia. Vamos para o meio do mato, fazemos fogueira… Nessas ocasiões sempre surgem essas histórias. Por isso, inspiração para construir esses universos não falta. Além disso, essa contraposição do pensamento racional com o universo espiritual e as crendices sempre me intrigou muito", completou.

Ao obra passeia pelo terror, suspense e o sobrenatural, combinando os tradicionais códigos de gênero herdados do cinema norte-americano com nuances tipicamente brasileiras. "Como os filmes de suspense e terror normalmente envolvem tramas muito americanas, queríamos deixar os pontos brasileiros muito fortes nessa história. E, na minha opinião, eles enriqueceram o filme e o levaram a outro nível de potência. Dá para trabalhar os gêneros dentro disso", pontuou Camargo. Calil, produtor e roteirista, acrescentou: "É impossível fazer um filme de gênero renegando totalmente os códigos trazidos pelos Estados Unidos. Nossa missão foi apropriar esses códigos de uma maneira brasileira, com traços da nossa cultura, religiões e ancestralidade".

Apesar de não falar explicitamente sobre questões raciais, o tema racismo é bem presente na trama. E, coincidentemente, o filme é lançado agora, em um momento no qual a temática está em pauta na sociedade. O elenco, inclusive, é em maioria negro, sendo encabeçado por Bukassa Kabengele e contando ainda com Elisa Lucinda e Bruna Brito, entre outros. Sobre o assunto, Calil comentou: "O movimento antirracista tem que atingir nós, brancos, de forma a fazer a gente agir. Somos todos racistas em desconstrução". Já a atriz Elisa Lucinda reforçou: "Esse filme chega na hora perfeita. Tem que chegar um ponto em que ficará constrangedor filmes sem pretos no elenco. Essa mensagem precisa chegar até a branquitude que trabalha com audiovisual no Brasil". O diretor, por sua vez, pontuou: "Sou muito grato ao elenco – Bukassa, Elisa, Bruna. Para mim, o trabalho com eles foi um processo de desconstrução e de aprendizado. Foram grandes professores. Agradeço tanto a experiência profissional e artística que foi ter feito esse filme quanto a experiência pessoal. Não sei se é coincidência, mas com certeza o momento é pertinente para lançarmos um longa como este".

Por fim, produtor e diretor ressaltam a importância da manutenção dos fundos setoriais do audiovisual e os editais, especialmente para produções fora do eixo Rio-São Paulo. "Atrás da Sombra", por exemplo, só foi possível graças ao Edital de Audiovisual – Fundo de Arte e Cultura de Goiás com Arranjo Regional – FSA. "Se não existissem esses fundos, esse filme não teria sido feito. É importante ressaltar isso e também o fato de que, hoje, 80 a 90% das pessoas que trabalharam no projeto estão desempregadas. A cultura já vinha enfrentado ataques e, agora, tudo piorou por conta da pandemia. Lançar um filme nesse contexto é um símbolo de resistência", declarou Calil. O diretor Thiago Camargo finalizou com a análise: "É um momento difícil e complexo. Estamos tentando entender formas de se sustentar e de continuar produzindo. Nós, da cultura, sempre fomos guerrilha e resistência – um ponto fora da curva no viés nacional. Por isso, acredito que teremos força para superar mais essa".

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