Nesta segunda-feira, dia 15 de agosto, teve início o II Mercado Audiovisual Entre Fronteiras – o evento faz parte do Gramado Film Market, que é o braço de mercado que acontece em paralelo à programação do Festival de Cinema de Gramado. A direção do evento é de Zeca Brito. O conteúdo pode ser conferido até quarta, 17, pelo site do Festival ou canal do YouTube.
Um dos destaques desta segunda foi o painel "HBO Max Apresenta: Por que o streaming está conquistando os talentos no Brasil?", com a participação de Murilo Rosa, ator e apresentador do reality "A Ponte: The Bridge Brasil", da HBO Max, e Mônica Albuquerque, Head de Gestão de Talentos e Desenvolvimento de Novelas, Warner Bros. Discovery Latin America.
Do ponto de vista dos talentos, Murilo Rosa analisou: "A chegada do streaming proporcionou desafios que fazem a gente dar um passo a mais, mudar de degrau, o que é muito importante. Quando recebi o convite para apresentar 'A Ponte', fiquei encantado e aceitei logo de cara, porque era uma coisa diferente, um produto diferente, e que combinava comigo. Não seria um tiro no escuro. Foi um desafio e um prazer. O resultado também foi muito positivo: ficamos no Top 5 em diversos países da América Latina e no Top 3 do Brasil". Para Rosa, o momento abre uma possibilidade de crescimento enorme – o que deve ser celebrado pelos atores e atrizes do país: "Não é que seja fácil, mas nunca teve tanta oportunidade. As plataformas são uma potência gigantesca. Cabe a nós, agora, criar e facilitar os caminhos, entendendo que é o conteúdo que faz valer a pena. É hora de se unir, trocar ideias e informações".
Para o ator e apresentador, o produto foi bem sucedido por conta de suas particularidades. "O reality não é sobre a construção de uma ponte em si – ela é uma metáfora para a construção de pontes na vida, nas nossas relações. Acho que agradou porque foi diferente, não era um reality show tradicional. Ali, a natureza era um personagem, assim como a ponte, assim como a narração. A escolha dos participantes também ajudou muito", pontuou.
Mônica, por sua vez, acrescentou: "Nesse reality, procuramos muita diversidade e representatividade dentro do Brasil – isso foi determinante para a forma como construímos essa narrativa. Nas versões de outros países, se vê muito do reality físico. No nosso, conseguimos chegar nesse lugar dos perfis psicológicos dos personagens. Isso que era o mais bacana – falar sobre cada um deles era falar sobre cada canto do Brasil. Essa relevância é a cara da HBO Max". A executiva ainda ressaltou: "Toda vez que vamos produzir um conteúdo original, nos perguntamos o porquê queremos produzir aquele conteúdo, isto é, o que o produto traz de diferente, qual é a mensagem que ele vai passar, onde queremos chegar. Esse processo de reflexão é muito importante. A mensagem por trás de cada projeto original e a discussão que vamos propor para a audiência: é aí que está a diferença capaz de atrair a atenção para aquele projeto".
Streaming ainda se comporta como novidade
Para Mônica, apesar de já consumirmos conteúdo audiovisual em plataformas de streaming há dez anos, esse universo ainda é novo. "A chave para todo mundo que quer entender esse mercado é assumir que é uma novidade. É uma grande aventura: estamos arriscando o tempo todo, errando, aprendendo com os erros… E isso é muito importante. É através dos erros que conseguimos inovar. Tem que ter coragem para produzir e repensar estratégias. Apesar de parecer a mesma coisa, no sentido de ser tudo produção audiovisual, é um modelo de negócio muito diferente. Os resultados, por exemplo. Somos medidos por índices que vão muito além dos números de audiência. São milhões de dados à disposição que nos ajudam a entender como se dá essa relação entre o consumidor e o conteúdo", observou.
"E para arriscar e inovar, precisamos dos talentos. Não fazemos nada sem o talento artístico, a criação. Estamos falando de um negócio, claro, precisamos do resultado financeiro, mas sem a criação não vamos para lugar nenhum. Talvez essa seja a coisa mais bacana do streaming hoje: a oportunidade que essa nova indústria traz para os talentos exercitarem outras formas de seu ofício, participando dessa invenção, trazendo projetos, entrando como produtores executivos, por exemplo. São novos modelos de relação que se apresentam e está todo mundo aprendendo. É um trabalho coletivo – e trabalho, mesmo. Não há espaço para ego ou glamour. É tentativa, feeling, discussão. Pensar o que podemos fazer para chegar nesse Top 3. Na hora de desenvolver a narrativa precisamos entender onde podemos melhorar para estarmos mais apropriados para esse novo tipo de consumo", completou.
Conteúdos que ajudem na evolução da sociedade
Como exemplo de um outro projeto original bem sucedido, Mônica citou a série "Pacto Brutal", que conta a história por trás do assassinato da atriz Daniella Perez e se tornou a série brasileira original mais assistida na plataforma HBO Max. "O projeto cumpriu um papel fundamental de trazer a verdade. Há 30 anos, esse crime foi tratado de forma machista, que fragilizou a vítima. Resgatar essa história e conta-la a partir de uma lente atual é um orgulho para nós. O que buscamos são justamente esses conteúdos que se tornam relevantes nas discussões, com temas, abordagens e olhares que ajudem a sociedade na sua evolução. Estamos falando de um negócio, mas é um negócio baseado na arte, e a arte tem esse papel de transformar e instigar", ressaltou.
Por fim, a executiva sinalizou o amplo leque de possibilidades de produção para o streaming. "Podemos desenvolver projetos muito interessantes em diferentes formatos, porque no streaming cabe. Faremos novelas – que estamos chamando de telesséries, para indicar esse híbrido de série com a novela tradicional -, séries de temporada, reality show, documentários e filmes também. O consumo audiovisual no mundo vem crescendo avassaladoramente em todas as plataformas, e isso é muito bom. Tem espaço para todas as vozes", concluiu.
