"Cangaço Novo", de Fábio Mendonça e Aly Muritiba, é a primeira série exibida na história do Festival de Gramado

Diretores Aly Muritiba e Fábio Mendonça (Foto: Ticiane da Silva/ Agência Pressphoto)

Pela primeira vez em sua história, o Festival de Cinema de Gramado exibiu uma série. "Cangaço Novo", criada por Mariana Bardan e Eduardo Melo, que também atuam como roteiristas, teve sua première no evento na noite da última segunda-feira, dia 14 de agosto, fora da mostra competitiva do festival. Com direção de Fábio Mendonça e Aly Muritiba, a série Original Amazon é protagonizada por Allan Souza Lima, Alice Carvalho e Thainá Duarte e produzida pela O2 Filmes. Os oito episódios – rodados no Nordeste do país, com equipe e elenco majoritariamente formados por nordestinos – estreiam globalmente no Prime Video, em 240 países e territórios, nesta sexta, 18. 

"Cangaço Novo" conta a história de Ubaldo (Allan Souza Lima), um infeliz bancário da zona urbana de São Paulo sem nenhuma lembrança de sua infância. Ele descobre que tem uma herança e duas irmãs no sertão cearense: Dilvânia (Thainá Duarte) lidera um grupo que adora seu famoso pai falecido; e Dinorah (Alice Carvalho) é a única mulher em uma gangue de ladrões de banco. Ubaldo chega à cidade, passa a ser cultuado pela forte semelhança com o pai, e é chamado a cumprir seu destino como o novo mítico "cangaceiro" e líder supremo da gangue. Ubaldo terá que enfrentar bandidos, assassinos, policiais corruptos e literalmente explodir pequenas cidades enquanto embarca em sua jornada, tentando desesperadamente manter seus valores morais sob controle. Assista ao trailer:

Trailer de "Cangaço Novo"

"O novo cangaço é um fenômeno criminal inventado no Brasil no final dos anos 90 e começo dos anos 2000. É uma técnica de domínio de cidades em que grupos de assaltantes fecham fronteiras, assaltam bancos e sequestram carros de polícia. Ele recebeu esse nome pela própria polícia, que já veiculou a imagem dos assaltantes de agora com a imagem do cangaceiro tradicional. Mas nossa série, embora inserida no contexto do sertão brasileiro, lida muito pouco com o cangaço tradicional. Estamos interessados em falar do sertão contemporâneo, que é também cosmopolita. Mas a questão mítica do sertão tradicional e do cangaço também permeia a série, com referências diretas ou indiretas a figuras como Lampião, Maria Bonita e Padre Cícero. Não pretendemos de jeito nenhum refundar esse gênero cinematográfico ou recontar essa história, e sim falar desses cangaceiros contemporâneos e modernos", explicou o diretor Aly Muritiba em coletiva de imprensa realizada nesta terça, 15. 

"Além disso, houve uma preocupação muito grande de não glamourizar a violência. É um universo muito violento e caótico, sim, e resolvemos filmar isso da maneira mais realista e crua o possível. Queríamos colocar os espectadores dentro do bando para eles pulsarem sempre junto do nosso elenco e das situações. É uma série de ação essencialmente dramática com um viés social que vai ganhando força ao longo dos episódios. Tem muita ação, porque é uma questão violenta mesmo, e muita mobilidade, porque os bandidos se deslocam de uma cidade para a outra rapidamente – é da natureza dessa atividade esse ritmo e essa pulsão. Para sermos coerentes com a nossa história, precisávamos imprimir esse ritmo na série", acrescentou o diretor, revelando ainda que eles não buscaram qualquer vínculo com a tradição cinematográfica norte-americana, e sim estiveram focados em criar uma série essencialmente brasileira, mas com algumas referências do cinema latino-americano e francês. 

Fábio Mendonça, que divide a direção com Muritiba, pontuou que a série traz o cangaço novo, mas que conta, sobretudo, uma história sobre uma família de estrutura matriarcal: "O cangaço entra como uma peça de dramaturgia sobre a força do sertão. Usamos esse ambiente e esse movimento para contar essa história – que apesar de toda ação, tiro, porrada e bomba, é uma história de família. Não temos a pretensão de contar a história desse novo cangaço ou da vida dos bandidos. É apenas uma mola propulsora para essa questão familiar". 

Ainda que durante o processo de filmagem os diretores ainda não soubessem da futura première da série no Festival de Gramado, o que significaria uma exibição em tela grande, eles afirmaram que já buscavam uma linguagem mais próxima do cinema do que da TV tradicional. "Todos os pontos – escolhas de locação, arte, lentes, fotografia – buscaram se aproximar do cinema. E além de fazer como cinema, queríamos dar essa cara de produto brasileiro de primeira qualidade. Buscamos uma assinatura muito forte, no sentido de que quem visse um frame já identificaria que é essa série. As escolhas conceituais sempre foram nesse sentido", concluiu Mendonça. 

Ao lado de Allan Souza Lima, Alice Carvalho e Thainá Duarte, também estão no elenco de "Cangaço Novo" Hermila Guedes, Ricardo Blat, Marcélia Cartaxo, Ênio Cavalcante, Adélio Lima, Joálisson Cunha, Pedro Lamin, Nivaldo Nascimento, Pedro Wagner, Rodrigo García, Luiz Carlos Vasconcelos e Rafael Losso. Os roteiristas da série são Fernando Garrido e Erez Milgrom. A produção executiva é de Andrea Barata Ribeiro e Bel Berlinck, da O2 Filmes, e de Fábio Mendonça e Aly Muritiba. A série foi criada por Mariana Bardan e Eduardo Melo, que também atuam como roteiristas. 

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