Nelson Botter Jr. e Fernando Alonso estreiam no live action com o terror "Apanhador de Almas"

Terror nacional "Apanhador de Almas" estreia nos cinemas em 2023 (Foto: Divulgação)

O longa nacional de terror e suspense "Apanhador de Almas" foi rodado durante os meses de novembro e dezembro de 2022 na Serra da Cantareira, zona norte de São Paulo. O filme é uma produção da Iron Chest Films e atualmente está em pós-produção, com previsão de lançamento nos cinemas ainda neste ano. Com direção dos diretores Fernando Alonso e Nelson Botter Jr. (da série "Os Under-Undergrounds" e dos longas de animação "O Pergaminho Vermelho" e o inédito "Save the Tree", único representante brasileiro no Prêmios Goya), "Apanhador de Almas" também conta com o roteiro assinado pela dupla em parceria com Tarsila Araújo. 

Na trama, quatro garotas que se conheceram num grupo online de estudos de bruxaria resolvem participar de um ritual a ser realizado durante um eclipse solar total, na casa de uma famosa bruxa chamada Rea. Após o ritual, as coisas parecem sair do controle. Elas se veem presas numa espécie de limbo dimensional, culminando na aparição de uma criatura mais velha e poderosa que o tempo: o Apanhador de Almas. Para desespero de todas, essa criatura acaba propondo uma espécie de jogo, onde apenas uma poderá sair de lá com vida. O elenco é todo composto por mulheres e conta com as atrizes Klara Castanho, Ângela Dippe, Jessica Córes, Larissa Ferrara, Priscila Sol e Duda Reis. Além do elenco, a equipe também é majoritariamente feminina – elas representam 80% do time envolvido no projeto e ocupam cargos como direção de fotografia (Giovanna Pezzo), roteiro, direção de arte (Daniela Aldrovandi), produção e montagem. 

"É o primeiro live action que eu dirijo. Já tinha dirigido filmes e séries de animação e, agora, junto do meu sócio, o Fernando, estamos apostando nos filmes de gênero. Nós dois estamos à frente da Tortuga, que nasceu como uma produtora de animação. Quando decidimos começar a fazer ficção e produções em live action, achamos melhor abrir outro braço da empresa, que é a Iron Chest. Ela nasce focada nos filmes de fantasia e de gênero. Pensamos em produções de terror, suspense e ficção-científica, por exemplo. Fizemos uma primeira experiência com 'Deep Hatred', um filme em inglês, para o qual trouxemos atores americanos para filmar no Brasil. Por conta da pandemia, o lançamento foi atrasado. Estreamos em março de 2022 nos Estados Unidos e Reino Unido e, este ano, o filme deve ser lançado no Brasil. Agora, com esse segundo filme, desta vez em português, esperamos ajudar na criação de uma indústria de filmes de gênero no Brasil", contou o diretor Nelson Botter Jr. em entrevista exclusiva para TELA VIVA. 

O diretor, produtor e roteirista Nelson Botter Jr. ao centro da foto

"A gente sente que os distribuidores estão abertos. Eles querem criar outros nichos de filme dentro do Brasil porque ainda estamos muito focados na comédia. O que tem grande visibilidade nos cinemas e faz boas bilheterias ainda é, na maioria das vezes, a comédia. Mas sentimos que o mercado está aberto para as produções de suspense, terror, os thrillers. Nos últimos anos, estamos vendo mais coisas nesse sentido sendo produzidas no Brasil – tanto filmes quanto séries. Isso é muito importante. O Brasil tem potencial. Os filmes de terror e suspense americanos e europeus fazem boas bilheterias no país, o público brasileiro gosta do gênero. Precisamos quebrar a resistência com o cinema nacional. Conseguindo fazer isso, e fazendo filmes que tenham uma estética diferente, mais original, acho que acabamos criando um gênero novo, uma indústria nacional. É viável", aposta Botter. 

"A cultura brasileira é uma mistura. São diferentes países dentro de um só, diferentes raças, o que é muito rico. Quando você tem de onde beber com tanta riqueza e diversidade, para o cinema é uma vantagem. O diferencial da produção de gênero no Brasil é que podemos fazer uma combinação do cinema universal com uma pitada brasileira, com elementos do nosso cotidiano, fatos da nossa sociedade, folclore, histórias e lendas. Tem muito a explorar", completa. 

Ângela Dippe e Klara Castanho em cena de "Apanhador de Almas"

Distribuição 

Segundo o diretor, a ideia é ter o filme finalizado no meio de 2023 – a tempo de pegar o circuito de festivais de terror e fantasia do segundo semestre. "Também temos a expectativa de, depois, lançar no streaming e, assim, atingir um público maior, tanto dentro quanto fora do Brasil", adianta. "Nós montamos a história justamente em cima disso: ela é universal, mas tem elementos brasileiros. Então pode ser assistida em qualquer lugar do mundo que vai fazer sentido. É uma história preparada para viajar. Temos essa expectativa – e o streaming proporciona essa possibilidade de viajar o mundo inteiro com os nossos conteúdos. Antigamente, isso era um desafio. Hoje, é uma realidade", reflete. 

Para ele, é no streaming que o filme acabará encontrando seu grande público: "O cinema já vinha sofrendo uma diminuição de público mesmo antes da pandemia. Depois, vieram as restrições, e aí o boom do streaming e a comodidade de assistir aos filmes em casa, então caiu ainda mais. Acho que vai demorar muito para recuperar e não sei se chega no patamar de antes. Isso no mundo todo, não só no Brasil. Não é só uma questão financeira, mas também de comodidade. As pessoas se acostumaram a ver os filmes em casa. Para esse filme principalmente o streaming é ótimo. Conseguir janela no cinema e fazer um grande lançamento nacional já não é fácil, e depois de tudo o que passamos ficou mais complicado ainda. O cinema ainda quer colocar os grandes blockbusters para ter uma maior certeza de retorno". 

Próximos projetos 

Tanto a Tortuga, o braço de animação, quanto a mais nova Iron Chest têm diversos projetos engatados. Entre eles, um longa de animação adulto, de comédia romântica, chamado "Nosso Louco Amor", cuja previsão de estreia é no segundo semestre deste ano – a ideia também é passar antes pelo circuito de festivais. Outros projetos são uma coprodução com o México chamada "Meu Amigo Sol", que deve estrear em 2024; o "Save the Tree", coprodução com México e Estados Unidos que passou pelos Prêmios Goya, já foi lançada na Europa e chega ao Brasil na metade deste ano; e um documentário em coprodução com a Alemanha, com previsão de lançamento para o final do ano. Já entre os projetos de terror, existe um próximo engatilhado, que deve entrar em filmagem no fim de 2023 para estrear em 2024. O filme será rodado no Brasil e falado em inglês e português – o personagem principal será um norte-americano que vem ao Brasil. 

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