"Mal Nosso", terror brasileiro de Samuel Galli, estreia no Brasil

Na última semana, estreou nos cinemas brasileiros o longa "Mal Nosso", mais um título que vem para reforçar a leva de novas obras de terror da cinematografia brasileira. A direção é de Samuel Galli, que faz sua estreia com a produção filmada de maneira totalmente independente pela Kauzare Filmes. O lançamento acontece pela o2 Play, distribuidora da o2 Filmes.

Em entrevista exclusiva, Galli explica que, antes de rodar "Mal Nosso", ficou três meses sem assistir a filmes do gênero para tentar se blindar de referência externas em excesso. Elas, é claro, aparecem – quem é fã do gênero reconhece momentos que remetem a "Sexto Sentido" ou "Exorcista" – mas, segundo o diretor, nada disso foi intencional. "A referência está dentro de você.", afirma ele, que sempre se interessou por filmes de terror. Em sua trajetória, Samuel estudou cinema fora do país e, de volta, se reuniu a profissionais da área em sua cidade natal, Ribeirão Preto, para fazer este que é seu primeiro longa. "Terror tem um mercado grande lá fora, transita bem internacionalmente. Rodamos o 'Mal Nosso' em 2015, o terror não estava borbulhando no Brasil como está hoje. Na época, seria muito difícil pleitear algum incentivo público, fizemos tudo com recursos próprios. Foi relativamente fácil porque terror funciona bem sem atores muito conhecidos, por exemplo.", discorre.

Com custo estimado de R$350 mil, o longa já foi feito "sob medida" para as suas limitações de orçamento. "Em uma produção deste tipo, existem mais imprevistos do que em uma produção grande. Tem que ser criativo para desviar dos problemas e voltar para onde a gente queria. O filme é cheio de riscos – por exemplo, não copia uma fórmula de sucesso. A primeira cena já assusta quem não curte o gênero. A pessoa pega e vai embora do cinema. Mas foi uma escolha minha, não quis ficar na zona de conforto e sim dar ao público algo diferente.", revela Galli.

Antes de chegar ao Brasil, "Mal Nosso" fez uma boa carreira lá fora – a obra já soma participações em mais de 30 festivais internacionais, tais como o Moscow Film Festival (Russia), Frightfest (Reino Unido), Sitges (Espanha), A Night of Horror (Australia), onde recebeu o prêmio de "Melhor Diretor", Macabro Film Festival (México), com o prêmio de "Melhor Filme de Terror da América Latina", New York Horror Film Festival (Estados Unidos), Irish Film Festival Horrorthon (Irlanda), B-Movie, Underground and Trash Film Festival (Holanda), EERIE Horror Festival (Estados Unidos), Grossmann Fantastic Film and Wine Festival (Slovenia), Pancevo Film Festival (Sérvia), Nightvisions (Finlândia), Horrorant (Grécia), entre outros. "O público de terror no Brasil é exigente, presta atenção na história, na fotografia, na trilha. Então, para ele ir ao cinema, algo tem que chamar a atenção. Por isso críticas internacionais e festivais são tão importantes. Conferem um selo de qualidade para o filme. Além, é claro, de impulsionarem na questão da distribuição.", aponta o diretor. "Apesar disso, o público no Brasil ainda tem um pouco de preconceito com tudo que é feito aqui. Tanto é que nos referimos a filme nacional como um gênero.", completa. "Mas não acho que temos que disputar espaço de igual para igual com filmes de fora. A indústria americana é gigante, não dá para reclamar de perder espaço para eles. Temos que abrir o nosso espaço aos poucos, sem querer competir, e encontrar formas para fomentar produções diferentes.", conclui.

"Mal Nosso" apresenta a história de Arthur, homem com poderes mediúnicos. Avisado pelo seu mentor espiritual que uma entidade demoníaca pretende destruir a alma de sua filha, ele toma medidas drásticas, contratando um serial killer nas profundezas da deep web. O filme está em cartaz nos cinemas brasileiros desde 14 de março.

No momento, Samuel está escrevendo um novo roteiro de terror. Ele será responsável ainda pela direção da nova obra para a Paris Entretenimento, primeiro de terror da marca. A ideia é rodar ainda este ano.

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