Lançado na sequência da aprovação da Lei do SeAC, o canal Curta! completa neste mês de novembro dois anos no ar. Para comemorar, uma programação especial, com diversas estreias no mês. Em entrevista a este noticiário, Julio Worcman, diretor geral do canal, e Bibiana de Sá, diretora de programação, falaram dos projetos do canal para os próximos anos e comentaram os desafios do mercado.
Para Worcman, o momento atual do mercado justifica sentimento de otimismo. Para o diretor, o cenário aponta para uma consolidação da produção independente e dos CaBEQs (Canais Brasileiros de Espaço Qualificado). O principal desafio para que isso torne-se realidade, aponta, é a demora na avaliação dos projetos por parte da Ancine.
“Hoje a burocracia para aprovação dos projetos é muito grande, e isso atrapalha o planejamento da grade de programação, que precisa ser atualizada, relevante e com qualidade. Apresentamos projetos no começo do ano para os quais só tivemos resposta em novembro. Agora que esses projetos começam a serem produzidos, para chegar na grade provavelmente no segundo semestre do ano que vem. Esse intervalo é muito grande”, avalia.
O canal teve seu projeto de programação contemplado na chamada Prodav 02, cujo resultado foi anunciado pela Ancine nesta terça-feira, dia 18. Nessa modalidade, as programadoras de televisão solicitam recursos para investimento em obras audiovisuais de produção independente pré-selecionadas pelas próprias empresas. No caso do Curta!, foram destinados R$ 10 milhões do FSA para a produção de 12 obras: "Braguinha", da B2 Produções Cinematográficas; "As canções da minha vida", da Raccord Produções Artísticas; "Estados da arte", da Aion Cinematográfica; "Arquitetos do Brasil", da Filmart Produções Artísticas; "Designers do Brasil", da Polo de Imagem; "Imortais da Academia", da Giros Interativa; "Terra rasgada", da Zeza Filmes; "O Brasil judaico", da Pacto Audiovisual Produtores; "Impressões do mundo", da Mercado Cultural; "Grandes cenas", da Casa de Cinema de Porto Alegre; "Ofício da palavra", da Mapema Produções e Eventos; "Por um triz", da Camisa Listrada.
Segundo Bibiana, os programas aprovados fazem parte de um projeto de consolidação da grade de programação do canal, iniciado neste ano. “2014 foi o ano no qual começamos a dar ao canal a cara que queremos, nos concentrando no conteúdo. Em 2013, ainda estava todo mundo tentando se adaptar”, diz.
Segundo ela, o projeto do canal é continuar investindo na produção independente e exclusiva, principalmente em temas para os quais o canal tem dificuldade para encontrar produções prontas no mercado. “O licenciamento e a compra de projetos continuarão tendo relevância na grade do canal. Contudo, quando você consegue mandar produzir você consegue planejar melhor sua grade de programação pensando no seu público. Em temas como artes e pensamento, por exemplo, tínhamos dificuldade de achar programas. Mandando produzir devemos suprir essa demanda. A ideia é que cada vez mais a programação seja escolhida por nós”, explica a diretora.
Para isso, o canal tenta aproveitar ao máximo o suporte oferecido pelas linhas do FSA e melhorando processos internos, principalmente na avaliação de projetos. “Parte disso melhorou junto com o próprio mercado. Os produtores já percebem quais obras se encaixam no nosso perfil. Também unificamos o recebimento de propostas por meio do nosso portal e estamos expandindo uma equipe que faz uma triagem do material, facilitando o processo de curadoria”, diz Bibiana.
“Nossa ideia é aproveitar ao máximo o potencial da dos financiamentos pelo FSA. Cabe a Ancine permitir isso e aprovar os projetos. A partir de 2015, as obras que cumprem cota terão que ser mais recentes que até esse ano. Isso ressalta a importância de a Ancine aprovar o valor total dos canais e agilizar processos”, conclui Worcman.