"Edna", longa documental de Eryk Rocha, é exibido em festivais no Pará e na Bahia

Com mais de 20 festivais no currículo, "Edna", de Eryk Rocha, é exibido no dia 21 de novembro, com reprise no dia 24, na competição da Mostra Samaúma do Festival de Cinema de Alter do Chão. O filme fica disponível gratuitamente pelo site. O longa também será exibido naMostra Competitiva do Festival Panorama Coisa de Cinema, em Salvador – BA, que acontece entre os dias 1º e 8 de dezembro.

Em sua breve carreira, "Edna" – que teve estreia nacional no Festival É Tudo Verdade 2021 e mundial no Visions du Réel (Suíça), já soma cinco prêmios: Prêmio Menção Honrosa do Júri – na 10ª Mostra Ecofalante (Brasil), Prêmio de Melhor Direção – FICVIÑA – Festival Internacional de Cine de Viña del Mar (Chile), Prêmio Menção Honrosa Especial no Pesaro Film Festival 2021 (Itália), Prêmio de Melhor Fotografia – Festival Internacional de Cinema de Guadalajara (México) e Prêmio de Melhor Longa-Metragem pelo Júri Jovem – Festival de Biarritz (França).

Outro marco importante foi a participação no Telluride Film Festival, no Colorado – EUA, que habilita automaticamente o filme a se inscrever nas principais premiações estadunidenses, como o Cinema Eye Honors, Critics Choice Documentary Awards, IDA Docs e Film Independent Spirit Award. É a segunda vez que Eryk Rocha participa do festival em seus 20 anos de carreira. Neste ano, "Edna" foi o único filme brasileiro a ser selecionado. Da América Latina, dividiu espaço com apenas mais um documentário.

"A estreia norte-americana de 'Edna' no Festival de Telluride foi muito bonita e emocionante. Havia participado do festival há dez anos, mostrando "Transeunte". E agora foi a primeira vez que assisti 'Edna' em tela grande em comunhão com o público. Por conta da pandemia não pude viajar nos festivais anteriores. E o filme ganha muito impacto e potência na tela grande, na experiência coletiva/ emocional/ sensorial da sala de cinema. Foram três sessões do filme com debates e sinto que o público ficou muito comovido com a história e vida de Edna. As pessoas também ficaram instigadas e puderam conectar 'Edna' com o atual contexto político brasileiro", diz o diretor.  

Edna, a protagonista que dá nome ao filme, carrega consigo a trajetória de luta e resistência pela terra, existência e dignidade humana. À beira da rodovia Transbrasiliana, vive essa mulher-memória guerrilheira que enfrentou a grilagem e aqueles que mandam nela na Guerra dos Perdidos (1976), inspirada pela grandiosa e devastadora Guerra do Araguaia (1967-1974). É por meio de sua prosa que costura lembranças e dores dessa tragédia histórica no Brasil que perdura até hoje como ferida aberta e realidade diária de destruição, extinção e descaso político.

"Desde o início ficamos muito impressionados e cativados pela presença, pela voz e força do relato de Edna. Filmei esse primeiro encontro com a câmera acomodada nas pernas trêmulas. Ouvimos comovidos Edna dizer coisas tão fortes e com tanta doçura, e ao mesmo tempo com tanta dor e sofrimento. Essa conversa aconteceu em sua casa na beira da estrada na rodovia Transbrasiliana a poucos quilômetros do município de São Geraldo do Araguaia, fronteira entre Pará e Tocantins.", conta Rocha, vencedor da Palma de Ouro de não-ficção em Cannes com o filme "Cinema Novo".

Com argumento de Gabriela Carneiro da Cunha, que se une ao diretor e Renato Vallone na construção do roteiro, Rocha ainda reflete sobre a personagem e sua história: "Edna encarnava a terra, o corpo-terra, a luta pela terra. Imagem tão forte que permeia a história de sangue do Brasil. Ela trazia suas marcas, experiências que se entrelaçam com a tragédia histórica do Brasil que tão cruelmente tem a ver com o nosso presente. Presente de feridas abertas e questões cruciais que ainda não fomos capazes de resolver como povo. Nas palavras dela: "eu tenho medo, a guerra ainda não acabou". Edna está certa, e o Brasil 2021 Bala-Boi-Bíblia é uma catástrofe". 

O filme é uma produção da Aruac Filmes com o apoio de Cinebrasil TV e Rumos Itaú Cultural.

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