Com direção da roteirista e documentarista Mariana Luiza, "Redenção", instalação que critica o projeto de branqueamento racial no Brasil, é o único projeto brasileiro selecionado para a categoria competitiva de documentários imersivos do Festival Internacional de Documentário de Amsterdã (IDFA). O festival é o maior de documentários do mundo e, este ano, ocorre de 10 a 19 de novembro. A experiência imersiva, que ficará disponível na galeria de arte LNDWStudio durante todo o evento, é uma resposta poética e contra colonial ao quadro "A Redenção de Cam (1895)", considerado uma representação da tese em favor do embranquecimento. A obra é do pintor espanhol Modesto Brocos, que ficou radicado no Brasil por mais de 40 anos.
A pintura de Modesto Brocos, cujos personagens centrais são uma avó negra, uma mãe mestiça, um pai branco e seu bebê de pele clara, foi exibida durante o Congresso Universal das Raças em Londres, em 1911, como um símbolo da ideologia de branqueamento racial no Brasil, amplamente disseminada no país durante o final do século XIX e início do século XX. Na ocasião, o Brasil apresentou um projeto nacional que previa o extermínio dos negros da população brasileira em um período de um século ou três gerações para que o país se tornasse majoritariamente branco.
Mais de 110 anos depois, Mariana levanta o questionamento: "É possível redimir uma nação que queria exterminar a maioria de seu povo?". "Redenção" transforma o espaço, a imagem, o som e o aroma em um labirinto. Pesquisadora de temas relacionados à identidade, ao pertencimento e à nacionalidade, a diretora também foi convidada pelo festival para colaborar com o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT Open Documentary Lab) em experimentação artística, pesquisa e desenvolvimento de documentais para novas mídias, com o objetivo de apresentar projetos interativos e promover discussões que explorem a narrativa documental na era da interface.