Mostra competitiva nacional do Lanterna Mágica abre com seis curtas, de cinco estados diferentes 

(Foto: Mayara Varalho)

Na noite da última quarta-feira, dia 20 de março, tiveram início as Mostras Competitivas Nacional e Internacional do 6º Lanterna Mágica – Festival Internacional de Animação. Na Mostra Competitiva Nacional são exibidas animações produzidas no Brasil – em geral, produções de dois anos anteriores a edição atual do festival. O corpo de júri técnico analisará essas obras e premiará nas seguintes categorias: Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Roteiro, Melhor Direção de Arte, Melhor Desenho de Som, Melhor Trilha Musical e Melhor Técnica de Animação. Há ainda o prêmio do júri popular para Melhor Filme. A curadoria é assinada por Iuri Moreno. 

Na quarta, 20, foram exibidos os seguintes títulos nacionais: "A cabeça e o corpo", de Val Dobler e Mirian Miranda (SC); "Carcinização", de Denis Souza (RS); "Curacanga", de Mateus di Mambro (BA); "Diafragma", de Robson Cavalcante (AL); "Jussara", de Camila Ribeiro (BA); e "O Cacto", de Ricardo Kump (SP). 

"A cabeça e o corpo" surgiu como um projeto de faculdade da dupla que assina a criação, Val Dobler e Mirian Miranda. Foram oito meses de trabalho para desenvolver uma história que, segundo as realizadoras, permite diversas interpretações, mas parte da premissa de uma pessoa que está passando por muitas questões mentais e vive com problemas na cabeça. O corpo, por outro lado, quer ser mais livre, e por isso decide se livrar da cabeça. "Foi um processo intenso, de muito esforço e amor", disseram. 

Denis Souza é o diretor e roteirista de "Carcinização" – curta-metragem feito como projeto de conclusão de curso na Universidade Federal de Pelotas, em Santa Catarina. "É um filme muito coletivo, que levou um ano e meio para ser feito, desde a pré até a pós-produção. É a história de três amigos que querem mudar algo em suas vidas. Ele brinca com essa ideia de evolução e reflete se existe um ponto perfeito onde podemos chegar se seguirmos determinado caminho", afirmou Souza. 

"Curacanga" conta com a direção de Mateus di Mambro e direção de arte e adaptação de roteiro de Maíra Moura Miranda. No Festival, ela ressaltou o significado do projeto para Tiago Oliveira, o produtor. A trama é baseada num mito de Santa Maria da Vitória, na Bahia, terra natal de Oliveira. Lá, ele realizou pesquisas e entrevistou moradores para entender a ambientação e situar a história, que parte de um jovem baiano que, desejando para si um amor, sai à caça de uma criatura mitológica. 

Renah Berindelli é a produtora de "Diafragma" e Robson Cavalcante assina o roteiro e a direção. No Lanterna Mágica, Berindelli celebrou a conquista do curta como a primeira animação de Alagoas a circular em festivais. A trama apresenta um garoto que tem medo de perder a visão – a ideia veio quando o diretor cursava música e compartilhava momentos com músicos cegos e de baixa visão. O projeto, inicialmente pensado em live-action, virou animação após a aprovação no edital da Lei Aldir Blanc, em 2021. "A animação nos ajudou a tratar um tema delicado de uma forma mais lúdica", contou.

Camila Ribeiro, roteirista e diretora de "Jussara", começou a escrever o projeto em 2016, o deixou "na gaveta" por alguns anos e, em 2019, conseguiu a aprovação num edital e começou a de fato trabalhar nele, que é sua primeira experiência com animação, ao lado da animadora e ilustradora Luma Flores. A animação em rotoscopia – onde é feita uma filmagem e, depois, ela é animada – conta a história de Jussara, uma contadora de histórias que mora em uma pequena vila. O filme ficou pronto em 2022 e, desde 2023, circula por festivais.  

Por fim, "O Cacto", do paulista Ricardo Kump, é inspirado no conto "Ser Pó", do argentino Santiago Dabove. O enredo traz um homem que, após sofrer um acidente, fica paralisado em um ambiente remoto e hostil. Sua situação toma novos rumos quando ele se entrega e aceita sua nova realidade. "O curta foi feito nos anos tenebrosos da pandemia. Estava isolado em casa com medo, dúvidas, tristeza e ódio, e acabei 'descontando' no filme, que acabou ficando mais pesado e violento do que eu imaginei a princípio", refletiu o diretor.

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