"Incompatível" estreia nos cinemas propondo uma reflexão sobre a relação das pessoas com a Internet

A comédia romântica nacional "Incompatível", estrelada por Gabriel Louchard, Nathalia Dill, Gabriel Godoy e Giovanna Lancellotti, estreia nos cinemas na próxima quinta-feira, dia 28 de abril. O filme é dirigido por Johnny Araújo e é uma coprodução da Gullane, Fox Film do Brasil e Fox Networks Group Brasil e tem distribuição de Fox Film do Brasil. O roteiro, adaptado de "Incompatible", de Scott Benson, é escrito por Paulo Cursino com colaboração de Léo Luz e Gabriel Louchard.

Na trama, Fábio (Louchard) está prestes a se casar com Thaís (Lancellotti). Mas uma reviravolta estraga seus planos: a nova desfaz o casamento depois de assistir aos vídeos de conselhos amorosos de Patricia Bacchi (Dill), que ensina a testar se sua alma gêmea é, na verdade, "incompatível". Indignado, Fábio decide se vingar e acabar com a popularidade da youtuber. Assista ao trailer: 


"O que eu adoro no filme é que ele é super atual, especialmente no que diz respeito às relações através da internet. A minha personagem, a Patricia, representa muito essa 'lacração' que veio à tona nos últimos tempos. Mas, aos poucos, ela vai se atrapalhando e, junto dela, o público vai refletindo. É um filme leve e divertido, exatamente como foi nosso processo de filmagem", disse a atriz Nathalia Dill em coletiva de imprensa. Gabriel Louchard acrescentou: "Foi meu primeiro filme e, de cara, o desafio que é fazer uma comédia romântica. Já assisti a todas que existem no mundo. 'Incompatível' traz um assunto muito atual e promove essa reflexão sobre como vivemos a vida compartilhada das redes sociais". 

A produção nacional conta com a assinatura de Fabiano Gullane, da Gullane, que celebrou a estreia do longa nos cinemas: "É uma história que nos faz rir ao mesmo tempo em que nos emociona. É uma comédia, que nos leva para um lugar gostoso de entretenimento, mas também nos faz pensar sobre o quanto somos influenciados pelo universo digital. Estou muito feliz de trazer o filme para as salas de cinema junto dos nossos coprodutores e todos os parceiros que estiveram conosco nessa jornada. Todo mundo decidiu esperar o momento legal para estrear nos cinemas, o momento que fosse mais possível para o público. É um filme que realmente tem um poder de discurso, com uma história universal, atemporal, que faz sentido em toda a dramaturgia. Sempre acreditamos na história desse filme começando na tela do cinema". 

Nathalia Dill interpreta youtuber de sucesso em "Incompatível"

Adaptação de roteiro 

O diretor Johnny Araújo conversou com exclusividade com TELA VIVA e deu detalhes sobre o processo de adaptação do roteiro, que é originalmente norte-americano: "O roteiro pertencia a um filme que seria rodado lá fora mas, na época, saiu um outro que a FOX achou muito parecido e a história acabou não indo pra frente. O roteiro chegou pra nós e fizemos algumas adaptações para a versão brasileira. A personagem da Nathalia Dill, por exemplo, era uma colunista no New York Times, e aqui virou youtuber. Nesse caso, foi uma adaptação pensando nos dias atuais, em que a comunicação se dá mais pela internet mesmo. Mas para além disso, fizemos algumas adaptações por se tratarem de culturas diferentes. Era uma comédia super americana, digamos assim. O Paulo Cursino, que é um roteirista muito bom de comédia, fez um ótimo trabalho de adaptação, e o Louchard ajudou bastante nesse processo também. O objetivo era principalmente adaptar aos dias de hoje. Tinham coisas no roteiro que exigiam cuidado, piadas que funcionavam antigamente e não tinham mais cabimento nos dias de hoje. Todo esse trabalho com o roteiro me ajudou a me preparar pra dirigir o filme". 

Araújo contou que, ao ler o roteiro original, pode entender melhor a estrutura de um roteiro norte-americano – "eles são craques nesse lugar da comédia romântica e, pra mim, foi importante entrar em contato com a maneira como eles escrevem", comentou. Nesse processo, ele disse ter percebido como eles se preocupam com a história de cada personagem. "Não é uma coisa de esquete, algo que vemos muito em comédia brasileira, essa junção de esquetes. Isso foi o que mais me chamou a atenção. Existe uma história, arco de personagem. Nós não priorizamos um alto número de piadas, tanto é que o filme é uma comédia mas passamos por muitos outros lugares. O enredo explica quem é a Patricia por trás da figura da internet, o que levou o Fábio a ter uma atitude de vingança…", analisou. 

Gabriel Louchard e Giovanna Lancellotti interpretam um casal recém-separado

Relação com a internet em pauta 

"Incompatível" foi rodado antes da pandemia. Apesar disso, tanto elenco quanto equipe concordam que agora ele parece ainda mais atual, uma vez que, com o período de isolamento social, nossa relação com a internet e o mundo digital como um todo se intensificou. "Acho que antes da pandemia já estávamos entrando nesse lugar. O filme traz essa reflexão, sobre como passamos o dia olhando a vida dos outros por uma tela de celular e, se você não tomar cuidado, perde o foco de si mesmo. Isso se reflete na personagem Patricia, que passa a se questionar sobre quem ela realmente é e sobre o porquê ela acha que pode falar publicamente que sabe quem é o parceiro ideal para outra pessoa e quem não é, por exemplo. Já a personagem Thais é de uma outra geração, um pouco mais nova, que busca muita informação no digital. Considero uma geração extremamente rápida no sentido de conseguir consumir informação com agilidade, mas acho que existe o risco de tudo ficar sempre na superfície", ponderou o diretor. 

Uma das passagens do filme preferidas de Araújo reúne Patricia, interpretada por Nathalia Dill, e sua mãe, interpretada pela atriz Patricia Travassos. Na cena, Patricia acabou de terminar um namoro e está chateada – mas, em vez de sair para curtir com as amigas ou simplesmente se deixar viver o 'luto', por exemplo, ela faz um vídeo para contar aos seus seguidores na internet que o relacionamento acabou. "Essa cena nem estava no roteiro original, mas a gente a trouxe com o intuito de mostrar esse olhar de alguém que é de outra geração. E fizemos isso de forma não caricata, porque a mãe da personagem não é uma mãe careta, tradicional. Muito pelo contrário. Essa cena me marcou e me lembra muito as discussões que tenho com a minha filha de 16 anos. É muito louca essa obrigação de comunicar as coisas na internet e o quanto isso dominou a vida das pessoas", refletiu. 

Comédia romântica "Incompatível" conta com a direção de Johnny Araújo

Renovação das comédias românticas 

À frente da direção de uma comédia romântica, Johnny acredita no potencial desse tipo de filme no país: "Acho que o gênero no Brasil começou muito forte e fez muita bilheteria mas, aos poucos, foi de distanciando da comédia romântica propriamente dita e passando a ser só comédia, com produções mais abertas, que traziam muito do que era feito na televisão. A comédia romântica não se desenvolveu tanto assim. É um gênero que eu particularmente gosto bastante porque te faz rir, mas também mexe em outros lugares. Aborda o que os personagens realmente estão vivendo, as características das pessoas. E acredito que hoje, com a consciência que adquirimos, com toda essa evolução, que foi muito bem-vinda, as comédias românticas brasileiras vão vir mais fortes, no sentido de ter mais consistência e dramaturgia. Temos todo o potencial para retomar esse gênero e trazê-lo de maneira mais relevante". 

Estreia nos cinemas 

Por fim, Araújo também celebra a estreia de "Incompatível" nos cinemas como primeira janela. "Foi o último longa que dirigi. Depois, fiz só séries, o que foi muito importante, foi o que manteve nosso mercado durante a pandemia. Eu acho difícil termos os mesmos números de bilheteria que tínhamos antes, mas eu acho extremamente importante lutarmos por essa retomada. Cinema é aquele momento em que você entra na sala pronto para assistir a um filme sem ter interferências. É muito diferente de assistir em casa, onde a vida segue acontecendo, você tem um monte de distrações. Saber que podemos retornar a esse lugar, das pessoas irem assistir a um filme, independente do gênero, estarem na sala pra isso, nessa experiência coletiva, é muito importante. Torço demais para que o nosso cinema volte, especialmente o brasileiro. Lutamos tanto para quebrar a hegemonia dos filmes estrangeiros e agora precisamos lutar por essa retomada pós-pandemia", concluiu. 

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui