Filmes Convidados do FAM 2022 apresentam produções catarinenses, estreias e filmes premiados

Além das mostras competitivas, a programação do 26º Florianópolis Audiovisual Mercosul traz dez produções convidadas, sete curtas e três longas-metragens. A maioria dos filmes faz parte das Conversas FAM de Cinema, sempre às 16h, sessão seguida de debate com os realizadores e mediada por Adriana Gomes, produtora cultural e educadora popular. 

Abrindo as Conversas FAM com o tema "O lúdico e a luta indígena", na sexta, 23, serão exibidos dois filmes catarinenses sobre temática indígena: a estreia de "Vãnh gõ tõ Laklãnõ", de Barbara Pettres, Flávia Person e Walderes Coctá Priprá, sobre a retomada da cultura do povo Laklãnõ/Xokleng do Alto Vale do Itajaí, protagonista da questão do Marco Temporal no Brasil, e "Wuitina Numiá" ("Meninas Coragem"), de Kurt Shaw e Rita de Cácia Oenning da Silva, sobre a invasão por garimpeiros de uma aldeia Tukana no alto Rio Negro, que será defendida por um ancião pajé e três meninas. A sessão contará com a presença de indígenas dos povos Laklãnõ, Guarani, Kaingang, Parintintin, Baré, Wapichana e Tikuna, que vêm ao FAM com apoio da campanha Amazônia Passa Aqui.

No sábado, 24, o filme convidado é o longa-metragem cearense "Pequenos Guerreiros", de Bárbara Cariry, sobre cultura popular e infância, em que um casal, acompanhado do filho e dos sobrinhos, faz uma viagem de aventura e encantamento para pagar uma promessa.

No domingo, 25, será a primeira exibição em Santa Catarina do curta catarinense "Pele Negra, Justiça Branca", de Cinthia Creatini da Rocha, Valeska Bittencourt e Vanessa Rosa Gasparelo, sobre o caso Gracinha, em que uma mãe quilombola perdeu a guarda definitiva de duas filhas sob alegação de incapacidade para criar e educar as crianças. Na decisão do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC), em 2016, ficou claro o racismo e a violência do Estado. A sessão terá participação da comunidade do Quilombo Toca de Santa Cruz, de Paulo Lopes, onde aconteceu o caso.

A primeira exibição presencial em festivais do longa de ficção "Longe do Paraíso", de Orlando Senna, 82 anos, um dos principais cineastas e teóricos do cinema do país, diretor ou roteirista de mais de 30 filmes, será na terça, 27. Filmado na Chapada Diamantina, faz uma releitura do mito bíblico de Caim e Abel, tendo como cenário a questão agrária brasileira e seus conflitos. O pistoleiro Kim comete um erro grave e será executado pela organização criminosa que o contratou. Para não morrer, precisa matar sua irmã.

No dia 28, quarta, a sessão "O Cinema Urge" traz quatro curtas com temas emergentes. Em "O Ciclope" (Jacareí/SP), de Guilherme Cenzi e Pedro Achilles, uma mulher lembra da última visita feita ao seu pai na prisão, quando ele conta a história da criatura amaldiçoada que sabe o dia em que irá morrer; "O Elemento Tinta", de Luiz Maudonnet e Iuri Salles (SP), vencedor da Mostra Curtas no FALA São Chico, trata da morte de um pichador pela Covid-19 e seus amigos fazem uma ação contra a forma como o governo Bolsonaro  geriu o país durante a pandemia; "Mãe Solo", de Camila de Moraes (BA), outro destaque do FALA São Chico, retrata as histórias de duas mães solo e reflete sobre a responsabilidade na criação dos filhos que recai sobre as mulheres; e "O Pato", de Antonio Galdino (Alagoa Grande/PB), uma mulher decide acabar com o ciclo de violência em sua casa e ser um exemplo para sua filha.

O longa de ficção em preto e branco "Mares do Desterro" (foto), de Sandra Alves, o filme de encerramento do Festival, estreia em Santa Catarina. Filmado na praia da Solidão, onde o cenário principal foi uma casa de madeira construída na areia, quase nas ondas, estreou na 45ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo 2021 e recebeu o prêmio de Melhor Longa Experimental no 15th Edition of Montreal Independent Film Festival (2022). Trata de uma família que vive isolada há dez anos numa praia deserta e das relações que se tornam brutais. Divina, a personagem principal, guarda um segredo que pode abalar as suspeitas de seus pais sobre o desaparecimento da irmã. A atriz cearense Débora Ingrid, de "A história da eternidade", interpreta as gêmeas Divina e Serena, papéis com os quais ganhou o Prêmio Destaque Feminino na Competição Nacional do Femina Festival de Cinema 2022. O elenco tem ainda Georgette Fadel, Luciano Bortoluzzi e Ianô Hak.  

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