Série "As Protagonistas" abre o I Fórum Nacional Lideranças Femininas no Audiovisual

Na noite da última segunda-feira, dia 21 de outubro, o episódio 3 da série "As Protagonistas", de Tata Amaral, foi exibido na abertura do I Fórum Nacional Lideranças Femininas no Audiovisual, que é parte da agenda da 43ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. A sessão foi realizada no Cinesesc, na Augusta, com a presença da diretora, de algumas das personagens da série e da equipe, além de Débora Ivanov, ex-diretora da Ancine e idealizadora do Fórum, e de Laís Bodanzky, presidente da Spcine.

"As Protagonistas" é uma série em 13 episódios que conta a história do audiovisual brasileiro a partir da produção das cineastas mulheres. Com produção assinada pela Tangerina Entretenimento, o programa tem previsão de estreia para 2020 no canal CineBrasilTV. Ao longo dos episódios, serão contadas as trajetórias profissionais de importantes nomes do meio, como Adélia Sampaio, Helena Ignez, Helena Solberg, Heloísa Buarque de Hollanda, Lygia Pape e Ana Maria Veiga, entre outras, com depoimentos, recuperação de obras e narração complementar da própria diretora.

"Minha ideia com a produção era traçar um olhar panorâmico que parte do questionamento: 'Como seria a história do cinema brasileiro contada do ponto de vista das mulheres?'. Começamos então lá atrás e chegamos até 2019 – o último episódio, inclusive, trata de questões atuais, como o debate acerca da cota de tela ilustrado pela polêmica do filme 'De Pernas para o Ar' e a constatação de que as mulheres, nesse segmento, sempre travaram uma briga para existir", declarou a diretora após a sessão em São Paulo. "Além da estreia na TV no ano que vem, gostaria de criar um circuito de exibição em escolas e dar continuidade a esse projeto", completou.

Amaral contou que, durante o desenvolvimento da série, também identificou que a maioria das mulheres do audiovisual começou em cargos menores, ou posições de menor destaque, "que ocupavam as bordas da produção", como telefonistas, continuístas e designers de cartazes, por exemplo. "Ao longo de suas carreiras, as mulheres precisaram desconstruir linguagens e firmar potências", definiu. O episódio exibido no evento, por exemplo, retrata a produção cinematográfica nos anos 60, confrontada pelo regime militar e as demais interferências do contexto sócio-político da época. Há ainda um outro episódio que trata da geração de cineastas da qual Amaral faz parte – ali, a diretora aborda seu próprio começo na área. Já o episódio de número 12 começa com o case do filme "Que Horas Ela Volta?" e depois chega à onda de 2014 de cineastas negras. "Naquela época, a primeira geração que ingressou na faculdade graças ao sistema de cotas estava se formando. Além disso, começávamos a ver os resultados de novas políticas públicas e uma mudança geral na produção nacional. É um período comparável aos anos 70 em termos de tangência e ruptura.", explica a diretora.

Pensando no início da produção da série, a cineasta diz: "A ideia veio a partir de um incômodo pessoal que eu sentia de ver que as mulheres ainda não tinham o devido destaque no audiovisual. A partir daí, a equipe começou um trabalho de fôlego e imersão de pesquisa para entender essa história. Entre os desafios, esteve o fato de que muitos filmes relevantes dirigidos por mulheres não foram digitalizados e acabaram se perdendo".

Por fim, Laís Bodanzky, que esteve presente na exibição, também deu seu depoimento: "Tenho orgulho do movimento das mulheres no audiovisual. Nós começamos esses questionamentos acerca da atuação feminina no mercado há mais ou menos quatro anos atrás e, na época, a Débora (Ivanov) comandou uma pesquisa na Ancine para mapear essa presença das mulheres e constatou, logo de cara, que éramos muitas, mas ainda fora de cargos-chave. A semente nasceu ali e, hoje, já existe uma pauta, que cresceu e englobou a diversidade como um todo".

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