Vivendi culpa desvalorização do Real para queda nas receitas da GVT em 2013

Durante a divulgação dos resultados do último trimestre de 2013 e do consolidado do ano do grupo francês Vivendi nesta terça-feira, 25, o grande vilão que impediu números positivos de sua operação no Brasil com a GVT foi a moeda. Por conta da desvalorização do Real, as receitas da operadora caíram 0,4% comparadas com 2012, totalizando 1,709 bilhão de euros.

De acordo com a Vivendi, a queda foi relativa pela alteração cambial, e isso aconteceu em decorrência de um desaquecimento da economia brasileira. A empresa diz que, considerando uma cotação estável do Euro, a operação teria aumento de 13,1% nas receitas.

O EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) chegou a 707 milhões de euros, queda de 4,5% em relação a 2012 (ou aumento de 8,7% em moeda constante). A margem EBITDA chegou a 41,4%, o que a Vivendi afirma que se trata da maior margem entre as operadoras brasileiras. A relação EBITDA-Capex ficou próxima do breakeven (equivalência) para o ano inteiro, ficando positiva no segundo semestre “graças a um desempenho forte nas atividades de telecom”.  Ao final de 2013, a relação ficou negativa em 62 milhões de euros. O Capex líquido para o ano foi menor: 769 milhões de euros em 2013, contra 947 milhões de euros no ano anterior.

No EBITA (que contém a depreciação), a GVT obteve no trimestre 107 milhões de euros, queda de 27,2%. No acumulado do ano, a quantia foi de 405 milhões de euros, queda de 17%.

Operações

A GVT expandiu os serviços para mais 11 cidades durante o ano, inclusive São Paulo, totalizando 150 municípios. Considerando apenas o último trimestre do ano passado, a companhia obteve receitas de 412 milhões de euros, queda de 5,1%. O setor de telecom fechou o ano com 6,55 milhões de linhas em funcionamento, 14,4% de crescimento.

O negócio de TV paga gerou 174 milhões de euros, o que representa 10% das receitas totais da GVT. O número de acessos ao final de 2013 foi de 643 mil, 58,4% de crescimento em relação ao ano anterior; e uma penetração de 24,6% entre a base da empresa. A rede da GVT agora tem 1,35 milhões de homes passed, incluindo infraestrutura de cabo e fibra.

De acordo com o CFO da Vivendi, Hervé Phillippe, a empresa compreende as características do competitivo mercado brasileiro, mas não irá entrar em uma “guerra de preços” com a concorrência. “A GVT tem enfrentado uma competição forte e uma pressão por preços nos grandes mercados, como em São Paulo. Mas temos forte market share e estamos focados em aumentar as ofertas”, afirma. “Queremos ser eficientes, e dar valor adicionado aos consumidores finais com serviços de alto nível. Não tem guerra de preços, o foco será em consumidores lucrativos”, diz.

O chairman do board de diretores e CEO da Vivendi, Jean-François Dubos, ressaltou que a operadora melhorou o desempenho, considerando-se a moeda em Reais, e nos próximos meses o foco será em controlar o Capex. "Sofremos a desvalorização do Real, que é a razão principal para as quedas, mas o desempenho da GVT continua bom e a crescer”, diz. Ele afirma que as oportunidades em 2014 estão com a entrega de serviços com valor adicionado, continuando a crescer a base “sobretudo na TV paga”. Dubos não deixou claro, mas é certo que entre esses serviços estão os over-the-top que a empresa já oferece, como o Power Music Club.

Grupo

A Vivendi terminou o ano com receitas de 22,135 bilhões de euros, redução de 2% em relação ao ano anterior. No quarto trimestre, a empresa registrou 5,945 bilhões de euros, queda de 4,6%. O EBITDA do grupo francês fechou 2013 com 4,928 bilhões de euros, queda de 11,2%. O lucro líquido ajustado foi de 1,540 bilhão de euros, queda de 9,7% em relação ao ano anterior.
A dívida líquida saiu de 13,4 bilhões de euros em dezembro de 2012 para 11,1 bilhões de euros no final de 2013.

A companhia destacou a venda da participação de 88% da produtora de videogames Activision Blizzard em outubro por 8,2 bilhoes de euros; da venda de 53% da operadora marroquina Maroc Telecom por 4,2 bilhões de euros (transação ainda pendente de finalização “para as próximas semanas”); da compra de 20% do Canal+ France por um bilhão de euros em novembro do ano passado; e do início dos planos de separação de negócios a ser implementado em junho de 2014.

O CEO Jean-François Dubos explica que essa separação será feita com a divisão doméstica de telecomunicações na França com SFR e com negócios de mídia e internacionais com os demais, como a própria GVT (apesar de ser obviamente uma empresa de telecomunicações). “Estamos convencidos que a SFR será um player chave para a remodelação do setor de telecom na França”, disse ele. Para tanto, a Vivendi anunciou que está comprando a integradora de rede francesa Telindus por um valor não definido, mas com previsão para conclusão no segundo trimestre deste ano.

A Vivendi ainda apresentou Arnaud de Puyfontaine como o novo vice-presidente executivo sênior das atividades de mídia e conteúdo.

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