Max apresenta nova série original nacional de drama investigativo

Gabz (Malu) e Victor Liam (Ícaro) / Foto: Ariela Bueno

Na próxima quinta-feira, dia 4 de abril, a Max estreia a série nacional original "Da Ponte Pra Lá", uma produção da Floresta para a Warner Bros. Discovery. O drama investigativo foi criado por Thais Falcão e Erick Andrade e conta com roteiros de Luh Maza, Thais Falcão e Rafael Spínola. A direção geral é de Rodrigo Monte e a de episódios é assinada por Giovanni Bianco, Luh Maza e Tatiana de Lamare, com supervisão de Anouk Aaron, Renata Rezende, Silvia Fu Elias e Luiza Toledo por parte da WBD. Vicente Amorim é o produtor executivo. 

O retrato de dois extremos dá vida à atmosfera de "Da Ponte Pra Lá". De um lado, está São Paulo como a 10ª cidade mais rica do mundo e principal polo financeiro da América Latina. Do outro, como uma cidade que carrega condições e expectativas de vida equivalentes a de muitos países que estão entre os mais pobres do planeta. A partir da busca que Malu (Gabz) faz pela verdade sobre o que aconteceu com Ícaro (Victor Liam), os episódios abordam amor, violência, sexo, drogas, angústias e novos caminhos, abarcando diferentes feridas de uma sociedade desigual e, por meio da juventude, fala sobre justiça, amor, amizade e a busca por um "lugar ao sol". Assista ao trailer:

A série, que desde o primeiro episódio traz um constante clima de tensão e suspense, é narrada em duas linhas temporais: o passado de Ícaro na nova escola e o presente em que Malu tenta descobrir o que aconteceu com o melhor amigo a partir do momento em que ele atravessou a ponte para estudar. "Essa diferença de motivação entre os protagonistas mantém o suspense vivo na série. Pelo ponto de vista do Ícaro, vemos a descoberta desse novo lugar, sua excitação e desencaixe ao conviver com os novos colegas. Quando mudamos para o ponto de vista de Malu, esses mesmos colegas são encarados como suspeitos. Construir essa tensão e a diferença de postura dos personagens que conviveram com Ícaro nas diferentes linhas temporais é um dos principais drives investigativos da série", analisou a criadora e roteirista Thais Falcão em entrevista exclusiva para TELA VIVA. 

A atmosfera de suspense que gira em torno de solucionar um acontecimento central não é novidade na dramaturgia. "Sempre há, de alguma forma, referências a outras obras quando você está fazendo a sua, ou construindo uma em conjunto – nesse caso, em parceria com a produtora, com a Max, com os executivos de desenvolvimento, criadores e roteiristas", afirmou o produtor executivo Vicente Amorim. "Cada um trouxe suas referências. Eu tentei, ao longo do desenvolvimento, ser o 'pivô' dessas referências, garantindo que elas estivessem presentes, mas não dominassem o que a gente estava desenvolvendo. O nosso tema e a realidade que mostramos nessa obra de ficção são muito próprios. Se a gente se apoiasse demais numa obra de suspense investigativo, em uma outra com referências musicais e em uma terceira que traz o universo jovem, teríamos uma série com várias caras. E 'Da Ponte Pra Lá' tem um rosto próprio e muito original", completou. 

A cidade e a música como personagens 

São Paulo não é apenas a cidade em que se passa a história da série – ela está presente com suas paisagens, sotaque, música e características próprias. "São Paulo na série é um personagem. E como qualquer personagem não é só sobre o rosto do ator, e sim a sua intimidade: o que está escondido dentro da alma do personagem, os aspectos dele que a gente não conhece, ou acha que conhece, mas na verdade vai descobrindo melhor ao longo dos episódios… Conseguimos com que São Paulo fosse mais do que o contexto, mas também uma força da narrativa", observou Amorim. 

Falcão complementou: "São Paulo é cortada por um abismo. Quando começamos a desenvolver a série, ficamos nos questionando quais seriam os lugares em que esses dois universos se cruzariam. No Rio, por exemplo, tem as praias. Mas aqui, quanto mais a gente tentava colocar a elite e a quebrada transitando pelo mesmo ambiente, mais víamos o quão forçado era tentar fazer isso". A partir daí, a criadora contou que a decisão foi abraçar essa diferença e mostrar justamente o estranhamento quando as pontes são cruzadas. "O tema dessa temporada é pertencimento, então todas as cenas são pensadas também por esse ponto de vista. Conseguimos chegar em lugares muito especiais, porque exploramos o lugar comum e cavamos ainda mais fundo. Além de mostrar as diferenças óbvias do que acontece quando, por exemplo, um garoto negro, trans e pobre consegue uma bolsa na escola mais caras da cidade, mostramos também o desencaixe dentro das próprias turmas. Afinal, trata-se da adolescência – ninguém está completamente confortável, nem mesmo na própria pele", refletiu. 

Silvia Fu, líder de conteúdo scripted da Warner Bros. Discovery, pontuou ainda que, para a Max, como plataforma, é importante retratar o Brasil por meio de seus conteúdos – e isso inclui todos os "Brasis" que existem aqui: "Muitas vezes a gente fica restrito ao Brasil da praia, que viaja mais convencionalmente. E São Paulo é a maior metrópole do País. Para nós, era importante também ter a cidade nesse outro lugar – jovem, da periferia. Um lugar de movimento. Essa série traz São Paulo como essência, mais do que seus grandes cartões postais".  

O mesmo acontece com a música, que também faz as vezes de personagem. "Contamos a história muito através da música. O drama é servido pela música na voz da personagem da Gabz. E não só dela, mas também dos dois lados da ponte. Assim como falei sobre São Paulo, ela não está ali só para ajudar a fazer uma cena funcionar. Muitas vezes, ela é a cena em si. Fora nos musicais, é raro ver uma série em que a música tem tanta importância. Essa é certamente uma das coisas que faz com que 'Da Ponte Pra Lá' seja muito original", apontou o produtor. 

Temática densa  

A produção traz, ao longo dos episódios, temas como justiça, luto e diferenças sociais sob o olhar de pessoas mais jovens – que, na opinião da criadora, são temas delicados, mas também vitais. "Todo mundo passa por isso em algum momento, e com os jovens não é diferente. Pode ser mais intenso, já que eles transitam constantemente pela euforia e a disforia. Então tentamos fazer isso da forma mais honesta possível, tendo a consciência de que nossos personagens são humanos", explicou. "Acredito que o equilíbrio das relações é a melhor forma de abordar esses assuntos tão complexos. Eu, como mãe de uma adolescente de 16 anos, acho que temos, sim, responsabilidade pela história que contamos. A gente nunca sabe quem vai estar assistindo do outro lado. Temos que falar sobre assuntos densos e doloridos, mas sempre tendo em vista que esses momentos são passageiros. A esperança tem que estar sempre presente", ressaltou. 

Rodrigo Monte, diretor geral, acrescentou: "As pessoas precisam se ver nos filmes e séries. Se a gente se vê, a gente existe. Devemos continuar nesse caminho. Nesse caso, o maior cuidado foi trazer os sentimentos de forma real, buscando veracidade. Não com o olhar de um lugar distante, estereotipado. Aí seria um desserviço. Entramos naquele universo escutando, aprendendo e tentando retratar sutilezas, dificuldades e conflitos a partir de um lugar de realidade de sentimento, para que isso envolva não só as pessoas que estão fazendo, mas também aquelas que forem assistir". 

Já Adriana (Dida) Silva, VP e Diretora Geral da Floresta, declarou: "É muito gratificante para a Floresta estar envolvida na produção de um projeto como 'Da Ponte Pra Lá', que traz em sua narrativa temas que são de extrema relevância para a sociedade brasileira. O Brasil é um país enorme, constituído de muita diversidade, mas com grande desigualdade socioeconômica. É um contraste muito forte e abordamos isso na trama da série que, apesar de ser uma obra de ficção, foi desenvolvida com base em situações que acontecem diariamente". 

Força das personagens femininas 

Por fim, Falcão também falou sobre as mulheres da série, que são retratadas com suas qualidades e defeitos. "São mulheres fortes mas que, como todas nós, também têm suas fragilidades. Temos, por exemplo, quatro mães, todas com estilos e entendimentos completamente diferentes entre si sobre a maternidade. Sônia, a mãe do Ícaro, por exemplo, é uma mãe amiga, parceira, que fala de igual para igual com o filho. Já Cleo, a mãe de Lola, não sabe lidar com as dores e os traumas da filha, por isso se fecha e coloca uma barreira justamente para não olhar para isso", citou. "Com as personagens jovens foi a mesma coisa. Anelise é uma garota que aparentemente tem tudo, mas sofre secretamente por achar que não tem o que é vital para ela: talento. Malu é forte, sagaz e tenta conter o lado sombrio e violento que herdou do pai. O jeito que Malu encontrou para liberar essa energia é nas batalhas de rima, ali é o lugar onde ela extravasa, coloca pra fora essa energia reativa. Mas uma hora a conta chega e ela explode e vai se ver agindo igual ao pai", descreveu. 

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