Duas grandes executivas do VIS Brasil – Maria Angela de Jesus, diretora sênior de conteúdo e gestão de produção, e Tereza Gonzales, diretora sênior, estiveram reunidas nesta quarta-feira, dia 27 de abril, em um painel do Rio2C para debaterem o desenvolvimento e a produção de obras audiovisuais de ficção com autenticidade. Nesse sentido, elas concordaram que à medida que a oferta de conteúdo cresce, se torna cada vez mais fundamental criar obras relevantes e que contem histórias autênticas e plurais, por meio de novos talentos e de novas vozes.
“Temos um DNA que vem, naturalmente, de muita diversificação. Estamos na TV, no YouTube e no streaming, o que significa que já viemos de um universo de falar com todo mundo – e trouxemos essa característica para o nosso streaming ‘caçula’, o Paramount+”, apontou Tereza. Maria Angela acrescentou: “Estou na Paramount há oito meses e o que me atraiu foi justamente esse ecossistema de canais, marcas e possibilidades. Ter esse potencial de produção de conteúdo abre muitas oportunidades. Eu e Tereza trabalhamos em conjunto e procuramos sempre fazer essa curadoria, que é muito importante na produção audiovisual – ela cresce cada vez mais, mas não pode ser de forma desordenada”.
Novos projetos
Segundo as executivas, o conceito de autenticidade marca as produções do grupo de mídia e permeia as novidades. Entre os próximos projetos a serem lançados para a plataforma Paramount+, estão o longa de comédia “Vai Dar Nada”, a série documental “Adriano, Imperador”; uma adaptação audiovisual do livro “Marcelo Marmelo Martelo”, de Ruth Rocha; uma série sobre o lutador Anderson Silva, o Spider; e “Escola de Quebrada”, longa produzido em parceria com KondZilla.
O filme “Vai Dar Nada” é um projeto da dupla Guel Arraes e Jorge Furtado. O lançamento será em breve, diretamente no streaming. “Fomos atrás do Guel com o objetivo de produzir uma comédia. Eles desenvolveram a história juntos e o Jorge dirigiu. É uma comédia de ação sobre um grupo de amigos que precisa se livrar para sobreviver. Fala também sobre os limites da lei – que, para esses amigos, é algo contornável. É uma comédia leve, com uma trilha sonora bem divertida, e que traz no elenco nomes como Cauê Campos, Katiuscia Canoro e Rafael Infante. Ela foi filmada no Sul, em parceria com a Casa de Cinema”, adiantou Maria Angela.
Já a série documental sobre o Adriano Imperador, cujo trailer foi apresentado em primeira mão durante o evento nesta quarta, conta com três episódios. A produção narra a carreira do atleta através do relato em primeira pessoa que, junto com o material de arquivo, permitirá descobrir sua popularidade, conquistas, lutas pessoais e familiares e, acima de tudo, o amor pelas suas origens. Adriano não é uma pessoa que concede entrevistas com frequência. O grande mérito deste documentário é trazer a voz do atleta como fio condutor da narrativa e, mais ainda, com suas próprias palavras, sem filtros, numa conversa franca e genuína com a audiência. O projeto foi produzido pela Bananeira Filmes, de Vania Catani.
O projeto com o lutador Anderson Silva está sendo desenvolvido em uma sala composta quase que inteiramente por roteiristas negros, liderada por Marton Olympio, que faz parte do projeto Narrativas Negras. A série, que contará com cinco episódios, dará início à produção em breve. “O mais interessante desses projetos com o o Adriano e com o Anderson foi que tivemos as duas figuras bem próximas de nós, trabalhando com a gente e construindo uma história legal, mas sem ser chapa branca”, ressaltou Maria Angela. É um projeto grande e uma das maiores apostas do grupo para o ano que vem.
A adaptação audiovisual de “Marcelo Marmelo Martelo” é inédita. “Queremos transformar essa história, que é um dos livros mais vendidos do Brasil, em um clássico também do audiovisual.
Por fim, “Escola de Quebrada”, longa de comédia produzido em parceria com o KondZilla, traz uma história contada do ponto de vista de alunos de uma escola da periferia. “O projeto nos atraiu pela autenticidade”, pontuou Maria Angela.
Busca por conteúdos autênticos e relevantes
A diretora acrescentou: “Costumo dizer que bons conteúdos são aqueles que trazem um diferencial e gerem engajamento emocional. Quando pensamos em nós mesmos como espectadores, entendemos que os conteúdos que lembramos, revemos, comentamos com os amigos são aqueles que nos engajaram. Não tem mistério nisso. Por isso é assim que eu penso na hora de avaliar um projeto. Sempre pergunto do que o projeto resumidamente se trata, em três linhas, para que eu entenda seu potencial. Passa muito por esse lugar da curadoria, que é um trabalho que eu e a Tereza fazemos em parceria. Produção e desenvolvimento são nossos expertises e a junção dessas duas coisas nos trouxe muita força”.
Nesse sentido, Tereza completou: “Nosso line-up revela uma diversificação de projetos. Tem série, documentário, longa, produção infantil… Por isso estamos abertos para as produtoras. Podem nos apresentar o que quiserem, sem limites. Contanto que o projeto seja bom. Não precisa ser uma superprodução mas, no caso do streaming especialmente, temos que entender qual é o objetivo – fazer com que a pessoa assine a plataforma e assista aos nossos conteúdos. O objetivo segue sendo que o conteúdo seja visto pelo máximo de pessoas. Isso é conteúdo relevante e autêntico”.
Interesse em novas ideias
E ainda falando sobre conteúdos que interessam, Tereza ressalta: “Não podemos ficar presos a essas ondas de tendências. No streaming tem tanta coisa disponível para assistir que o seu conteúdo só vai chamar a atenção se for autêntico, se gerar identificação com as pessoas”. E Maria Angela acrescenta: “Essas ondas e tendências sempre surgem. Mas eu sempre digo que se a gente oferecer para uma pessoa só arroz com feijão, ela vai comer. Mas se a gente trouxer outra coisa, talvez ela goste também. Experimentar e testar o gosto da audiência é importante. No Paramount+ especialmente, como se trata de um streaming novo, podemos fazer isso. Os algoritmos nos ajudam, claro, mas no fim das contas é o instinto que comanda. O momento é propício para que as produtoras nos apresentem ideias. Estamos olhando para elas. Como temos múltiplos serviços, as possibilidades são muito grandes. Existe um potencial de criação para diversos segmentos”.
Por fim, a diretora sênior de conteúdo e gestão de produção reflete: “O streaming chegou como uma nova forma de ver o conteúdo, mas no final das contas, o que a gente quer é o bom conteúdo, não importa onde vamos assistir. É isso que a gente faz – mais do que o meio ou a mídia, é o conteúdo que nos conquista e nos leva adiante”.
Maria Ângela de Jesus é uma executiva visionária do Audiovisual, sensível e comprometida com as questões sociais e com a Cultura Brasileira. Excelente apresentação, ela é uma inspiração.