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Para TVs, migração para banda Ku é unica solução para 3,5 GHz

Diante da interferência que o serviço móvel em 3,5 GHz poderia gerar sobre os sistemas residenciais de TV via satélite (TVRO), as empresas de radiodifusão reunidas na Abratel entendem que a migração de usuários da banda C para a banda Ku deve ser a única solução viável para o impasse, que tem travado a finalização do edital do leilão de espectro do ano que vem. A posição difere da sustentada pela Claro e mesmo pela Anatel: ambas acreditam na viabilidade de convivência do TVRO com o 5G no 3,5 GHz.

As duas posições foram apresentadas durante o segundo dia da SET Expo, realizado nesta terça-feira, 27, em São Paulo. Superintendente de outorga e recursos à prestação da Anatel, Vinicius Caram, reiterou que todas as opções seguem na mesa, mas destacou que os testes de campo já realizados pela agência indicam que a convivência será possível. “Ainda não chegamos ao equipamento apropriado para isso, mas é colocado que a indústria está conseguindo desenvolver um filtro LNBF adequado”, indicou ele, em referência ao receptor da antena parabólica responsável pela captação eletrônica dos sinais. Tal posição foi respaldada pela Embratel Star One (Claro Brasil) durante o evento.

A Abratel, por sua vez, seguiu direção completamente oposta. Engenheiro da entidade, Wender Souza afirmou que uma proposta apoiada também pela Abert foi formalizada na última sexta-feira e propôs a migração de usuários para a banda Ku como solução definitiva. “A depender da interpretação feita do relatório dos testes, há caminhos diferentes. Na visão da radiodifusão, há aspectos que não indicam convivência tão tranquila nos sistemas domésticos”.

Para Souza, a opção pela convivência do TVRO e do 5G em 3,5 GHz criaria insegurança para a radiodifusão, uma vez que novos arranjos poderiam ser necessários na medida que mais leilões de espectro 5G fossem realizados no futuro. O representante da Abratel também negou que o percentual de residências em grandes centros potencialmente afetadas pela interferência seja ínfimo. “Não consigo perceber preocupação com grandes centros. Boa parte do problema está lá”, argumentou Souza, citando Brasília como exemplo.

Na segunda-feira, o mesmo tema foi abordado pelo consultor de engenharia da Claro, Carlos Alberto Camardella; segundo ele, em centros como São Paulo, apenas 0,5% a 1% das residências seriam afetadas pela interferência no sinal de TV captado pelas parabólicas, deixando o grosso do problema para o interior – onde o 5G demoraria mais para chegar. Na ocasião, o representante da operadora também destacou que uma migração dos usuários da banda C para a banda Ku custaria de duas a três vezes mais que a opção da convivência.

Migração mais cara

Mesmo sem reconhecer o cálculo, Wender Souza concordou que a migração seria sim mais cara que a convivência; ainda assim, o consultor destacou novamente o caráter definitivo da opção. Segundo projeção feita pelo engenheiro, cerca de 11 milhões de residências necessitariam da troca no sistema por se tratarem de famílias cadastradas em programas do governo, a custo médio de R$ 350 por intervenção. Nesse formato, o custo aproximado do processo ficaria entre R$ 3 bilhões e R$ 4 bilhões a serem pagos com recursos do leilão, conforme a proposta.

“Teria que ver o custo, fazer alinhamento e ver quem faz o investimento para a troca de base, seja no profissional ou no usuário, além do estudo de capacidade satelital”, resumiu Vinicius Caram, da Anatel, ao abordar a opção da migração. Segundo ele, seriam necessários 250 MHz de capacidade na banda Ku caso o caminho fosse seguido; hoje, não há artefatos disponíveis para tal oferta.

“Mesmo se houvesse banda para todo mundo, seria pior mesmo para a radiodifusão, pois a banda C é muito mais confiável que a banda Ku”, argumentou Camardella, da Claro. “Se ‘jogar’ o TVRO para lá, poderiam ser necessários dois satélites e daria uma disponibilidade menor para os canais de TV”, completou. Hoje, todos as parabólicas de uso residencial estão predominantemente apontadas para o satélite StarOne C2, do mesmo grupo da Claro Brasil.

1 COMENTÁRIO

  1. …creio que as empresas de telecom terão um potencial de mercado enorme pela frente com a adoção do 5G. Porém, pelas declarações do texto, sinto que não querem assumir os prejuízos e estão chutando números e subestimando as interferências que serão evidentes. Certamente a migração para a banda Ku vai resolver o assunto…visto que as frequências de operação são bem distantes umas das outras. Por outro lado, a tal convivência do 5G e da banda C em frequências muito próximas(como está hoje)não terá uma solução técnica viável. Faltam ainda parâmetros básicos…e até agora não sabemos qual será a topologia das novas redes 5G,tipos e diagramas de antenas Tx, potencia máxima EIRP, altura do centro irradiante…etc.

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