A Cablevisión, maior operadora de TV paga da Argentina, controlada pelo grupo Telecom, desenvolveu há três anos a Flow, uma plataforma que combina canais de televisão com conteúdos on demand e hoje é um dos cases mais relevantes entre os serviços que integram modelos tradicionais aos novos modelos de distribuição. Guillermo Paez, executivo do grupo Telecom, participou do primeiro dia do Pay-TV Forum 2019, evento organizado pelas publicações TELETIME e TELA VIVA, nesta terça, 31, para apresentar o modelo de funcionamento da Flow.
Para situar a Flow no mercado é necessário enfatizar que a Telecom é uma das maiores companhias da Argentina, com 3,4 milhões de clientes na telefonia e o mesmo número de assinantes de TV, com a Cablevisión. Atualmente, a empresa emprega 25 mil pessoas e tem previsto um investimento de cinco bilhões de dólares para os próximos três anos. Criada em 2016, a Flow nasceu como um produto inicial com set up box e, desde então, só cresceu. Em seu primeiro quadrimestre, já somava mais de 150 mil assinantes – hoje, são 1,5 milhão. "Queremos estar em todos os dispositivos. Já ocupamos STB, PC, smartphones, tablets, chromecast, SmarTV e, até o fim do ano, estaremos na Android TV e na AppleTV. Não somos como um produto de TV paga. A Flow precisa ser alimentada e receber inovações de maneira permanente", adiantou o executivo.
A plataforma funciona com dois modelos de comercialização: o Flow Box, set up box que é instalado na casa do cliente e combina TV, PC, tablet e smartphone, e o Flow App, que requer plano de TV por assinatura, sendo exclusivo para clientes da Cablevisión, e leva os conteúdos OTT para PC, tablet e smartphone, com a promoção de primeiro mês gratuito.
Na trajetória da Flow, Paez destaca dois momentos: a estabilização da plataforma, em março de 2017, seis meses após o lançamento, e a mudança de interface feita em junho do mesmo ano. "Nossa interface é muito gráfica, distinta das tradicionais. Ela foi reformulada para ter cara de marketplace", contou. Ele reforçou ainda que os princípios da Flow como marca estão relacionados a questões como essa, sendo os principais destaques a UI, interface do usuário, e UX, a experiência do usuário, que devem valorizar tanto o conteúdo quanto as funcionalidades: "Elas devem ser simples, consistentes e fáceis de usar. E deve-se levar em conta que ambas mudam dependendo do dispositivo, ou seja, é necessário considerar se o cliente está usando o serviço via celular, se está munido de um controle remoto, entre outros detalhes. São pequenas coisas que fazem a diferença".
Nos últimos seis meses, a plataforma registrou um aumento de 50% no número de horas mensais que seus clientes permanecem usando a Flow em outros dispositivos que não sejam a televisão – de 7,3 para 13. Outro dado interessante diz respeito aos picos de uso – o recorde foi de 165 mil ao mesmo tempo, isto é, 17% da base. "É um número que melhora de forma significativa por conta de eventos ao vivo, como o futebol", explica Paez.
Falando em eventos ao vivo, a Flow se destaca pelo número de serviços e conteúdos que agrega – há opções de esportes, filmes, séries e música – esta última com serviços de rádios, como a Rádio Disney, e live shows, como o festival Lollapalooza, que têm garantido à plataforma bons resultados: 20% de seus assinantes utilizam esses serviços de música e o tempo médio é de 1h08 por vez. Em relação ao conteúdo de séries e filmes, há integração de originais com conteúdos de terceiros, com curadoria de produtos de canais como HBO, Disney, FOX, Sony, ESPN, TNT e A&E e integração de streamings como Netflix e YouTube. "O cliente não tem que trocar de plataforma para ver uma coisa ou outra. Além disso, nós mostramos para ele exatamente o que ele quer ver, seja esportes, filmes, séries", ressalta o executivo. Em relação a essa recomendação, ele explica que a Flow trabalha com captura de dados de usuário, criando um perfil de consumo para otimizar o uso do cliente da plataforma. Existem dois motores de recomendação: um baseado no que a pessoa já viu dentro daquele ambiente em termos de gêneros e estilos e outro que sugere títulos semelhantes, pelo nome mesmo.
Em relação aos próximos planos da empresa, Paez fala sobre parcerias com novas marcas de SmarTVs, novas funcionalidades no mobile app, conteúdo em 4K, voice control e entrada na Android TV – esses três últimos previstos ainda para este ano. "O nosso objetivo é evoluir sempre e apresentar novidades com frequência. Estamos trabalhando em algo novo o tempo todo", garante. E, se pudesse elencar algumas lições aprendidas ao longo dessa trajetória, ele diria "seja ágil e flexível, inove e assuma riscos".