Produtores cobram maior participação na criação dos critérios de habilitação no FSA

Diretores bem ou mal pontuados na lista que a Ancine divulgou e que será usada como critério para habilitar projetos nos editais do Fundo Setorial do Audiovisual estão entre constrangidos (pela elevada pontuação) e temerosos (pela baixa pontuação). A divulgação da pontuação de diretores por parte da Ancine é a segunda grande polêmica nos novos critérios, que, além disso, permitem um concentração maior entre poucas produtoras de maior sucesso, sobretudo, comercial.

O temor é que a lista leve a uma concentração também de diretores, minando a criação de novos talentos. Além disso, os critérios estariam desvalorizando o papel de outros profissionais fundamentais ao sucesso da obra, incluindo autores, fotógrafos e atores.

Em nota, a Ancine apontou que os critérios de pontuação são mais transparentes, uma vez que diretores e empresas sempre foram julgados, pontuados e comparados entre si, mas isso acontecia "longe dos olhos dos concorrentes". "A parametrização das notas também era uma antiga demanda do mercado, que precisa de previsibilidade nos processos seletivos, com pontuações aferidas de forma clara", diz a nota.

Um produtor ouvido por este noticiário reclama da falta de diálogo na criação dos critérios. "A Ancine diz que as regras são fruto de um longo debate, mas esse debate foi interno. Agora o setor está mostrando sua insatisfação e o resultado é uma agência na defensiva", diz.

Outro produtor aponta que, nos critério de distribuição de recursos entre produtoras, a Ancine enfraquece o movimento das grandes produtoras em buscar associados menores e de fora do eixo Rio-São Paulo. Isso porque algumas produtoras estavam ativamente buscando boas histórias em produtoras de fora do eixo em busca de uma renovação nos temas dos filmes brasileiros, mas também de uma fatia dos recursos destinados às produtoras dos outros estados. "Com até 25% do valor destinado ao edital, (a grande produtora) não precisa mais buscar parceiros. Não faltam mais recursos para eles", diz.

Nesta terça, 21, o presidente da Ancine, Christian de Castro, dará uma entrevista coletiva no Festival de Gramado sobre os critérios do novo edital de cinema.

Veja a nota da Ancine na íntegra.

Transparência e uma política integrada.

Após mais de um ano de debate, reflexão e pesquisa, com embasamento técnico e a valiosa contribuição dos agentes do mercado, o Comitê Gestor do FSA construiu mais um mecanismo inovador de estímulo à indústria: o recém-lançado edital de produção para cinema, em regime de fluxo contínuo, com critérios automáticos de pontuação, formulado para atender às necessidades de empresas produtoras e distribuidoras de diferentes portes e características.

A diferença da forma como era feita é que, no passado, os critérios de pontuação e as notas deles resultantes não eram transparentes, nem divulgados para os proponentes. Diretores e empresas sempre foram julgados, pontuados e comparados entre si, mas isso acontecia longe dos olhos dos concorrentes. A parametrização das notas também era uma antiga demanda do mercado, que precisa de previsibilidade nos processos seletivos, com pontuações aferidas de forma clara.

O novo edital faz uso de um banco de dados construído pela área técnica da Ancine ao longo da última década, e agora foi finalmente traduzido em conhecimento, capaz de orientar as decisões de fomento. O edital possibilita também maior agilidade na análise dos projetos, encurtando o tempo do processamento e acelerando a contratação – outra antiga demanda dos agentes do mercado. Tudo isso com mais transparência e controle: o regulamento para a pontuação de diretores e empresas produtoras e distribuidoras, de acordo com seu desempenho comercial e artístico (este com base na participação e premiação em festivais), é público e transparente.

A política de investimentos no cinema e no audiovisual precisa ser percebida e compreendida de maneira integrada. O novo edital com pontuação automática não substitui os outros mecanismos de fomento, ele os complementa. A combinação entre os diferentes mecanismos de apoio – editais de concurso, fluxo contínuo e suporte automático – que viabiliza a produção de filmes para o cinema e de conteúdos para a TV, de todos os portes, além de possibilitar o aumento da competitividade das empresas.

Acreditamos na desburocratização, na agilidade, na transparência, no diálogo e no controle de processos, de forma a garantir o uso eficiente de recursos públicos na estruturação de uma indústria audiovisual dinâmica e atenta às novas possibilidades de crescimento.

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