Produtor de "Mussum, o filmis" destaca valor de produção do longa combinado ao apelo popular

"Mussum, o filmis" (Foto: Desirée do Valle)

Nesta quinta-feira, dia 2 de novembro, "Mussum, o filmis", longa que narra a história de Antônio Carlos Bernardes Gomes, conhecido popularmente e eternizado por todo o Brasil pelo apelido de Mussum, estreia nacionalmente em mais de 700 salas. Narrando a trajetória do ex-trapalhão, a cinebiografia dirigida por Silvio Guindane com roteiro assinado por Paulo Cursino teve a produção da Camisa Listrada, com André Carreira, em coprodução com a Globo Filmes, Globoplay, Telecine, Panorama Filmes e RioFilme, e distribuição da Downtown Filmes. 

Premiado com seis Kikitos no Festival de Gramado, incluindo Melhor Ator para Ailton Graça, que interpreta o personagem-título, e o prêmio principal, o de Melhor Filme, "Mussum, o filmis" tem lotado sessões de pré-estreia com a presença do elenco por todo o país. O filme passou por exibições de gala no Festival do Rio, na Mostra São Paulo e em Belo Horizonte, além de um evento aberto ao público na quadra da Mangueira, a clássica escola de samba em que Mussum desfilou por anos e atuou como diretor da ala das baianas. Antes de se tornar Mussum, "Carlinhos" é interpretado pelo ator mirim Thawan Lucas Bandeira (infância) e Yuri Marçal (jovem). 

O longa vai além do Mussum que o grande público conhece, abordando a infância pobre, a carreira militar, a relação com a Mangueira e o sucesso com os Originais do Samba, além de bastidores do quarteto Os Trapalhões – na tela, interpretado por Felipe Rocha (Dedé Santana), Gustavo Nader (Zacarias), Gero Camilo (Didi) e o protagonista Ailton Graça, que vive a fase adulta do comediante. Assista ao trailer: 

"Mussum, o filmis" estreia nos cinemas em 2 de novembro

Segundo o produtor André Carreira, em entrevista para TELA VIVA, o filme consegue balancear muito bem o humor com a emoção, se aproximando mais de uma "dramédia" do que de uma comédia propriamente dita. "O seu caráter biográfico, com a reconstituição de várias épocas, valoriza a caracterização dos personagens, direção de arte e fotografia, trazendo valor de produção. A trilha sonora também é um ponto alto, com números musicais empolgantes representando artistas e músicas que marcaram época", pontuou. Para ele, esses fatores contribuíram para que o filme tenha recebido os principais prêmios do Festival de Gramado – historicamente, filmes de comédia não tem tanto espaço em premiações mais tradicionais do cinema. "Existe uma cinematografia ali que foi reconhecida mesmo com o seu apelo popular. Vale ressaltar que recebemos os prêmios de melhor filme pelo público e também pelo júri, algo raro nos festivais", destacou. 

"Mussum, o filmis" traz a história de um homem preto que passou por dificuldades e ascendeu em uma sociedade racista. Para tratar desse legado com mais cuidado e dando a importância devida, conta com um diretor negro, Silvio Guindane, e dirige-se diretamente aos negros em determinados momentos, com falas de destaque a partir deste contexto racial. Carreira conta: "O convite para o Silvio Guindane dirigir o filme partiu da necessidade de termos um diretor com uma visão de dentro, alguém que conhecesse bem aquela realidade que estava sendo retratada. Alguns diálogos, assim como o próprio discurso final, foram pedidos do Silvio ao nosso roteirista Paulo Cursino. São mensagens que ele considerava importante que o filme deixasse para o público, mas sempre com o cuidado de colocar o entretenimento em primeiro lugar, contar uma boa história e fazer as pessoas rirem e se emocionarem. Quando o público está com o coração aberto, se mostra muito mais aberto a receber isso". 

Pessoalmente, o produtor afirmou que em um primeiro momento, o que o despertou para realizar esse projeto foram suas lembranças de infância. "Cresci assistindo aos 'Trapalhões' e era muito fã do Mussum. Mas quando li sua biografia e comecei a pesquisar mais a fundo, percebi que estava diante de um personagem muito mais rico e complexo do que poderia imaginar", lembrou. "A sua ascensão social, com a força de uma mãe que o criou com muita garra e acabou alfabetizada por ele, era uma chave muito potente para e emoção. Do outro lado o samba, essa paixão da vida que o levou a fazer muito sucesso com sua banda, Os Originais do Samba, muito antes dos 'Trapalhões'. Quanto mais aprofundávamos em sua história, mais ficávamos encantados com ela. O maior desafio era encontrar um elenco à altura para dar vida a esses personagens – isso era fundamental para que o público embarcasse nessa história, pois as comparações com as pessoas reais seriam inevitáveis. Os profissionais de caracterização e figurino fizeram um trabalho incrível e contribuíram muito para o filme funcionar nesse aspecto", ressaltou. 

O filme é baseado no livro "Mussum – Uma história de Humor e Samba", de Juliano Barreto. Para o produtor, Barreto dizia ver o Mussum como um "Forrest Gump brasileiro",  aquele cara que em sua trajetória cruzou e se relacionou com personagens importantíssimos na historia da música e da TV brasileira. "Muito ficou de fora, mas conseguimos trazer um pouco disso para o filme. Estão lá Cartola, Elza Soares, Garrincha, Grande Otelo, Chico Anysio e Jorge Ben, entre outros. Passagens importante da história do Mussum foram ao lado desses personagens". 

Por fim, Carreira fala sobre as expectativas para a estreia nos cinemas, considerando que ainda se trata de um momento de tentativa de recuperação dos números de bilheteria pré-pandemia e marcado pela ausência de cota de tela para filmes brasileiros. No entanto, ele é otimista: "O filme está sendo muito bem trabalhado no mercado, temos a expectativa de um grande lançamento. Desde a participação em Gramado, só cresce o interesse do público pelo filme, a repercussão está incrível e as criticas muito positivas. O desafio de emplacar novamente um filme brasileiro com grande bilheteria é enorme, mas temos esperança que 'Mussum' possa ser esse filme. Estamos fazendo um trabalho incansável junto com nossos parceiros DT filmes e Globo Filmes. As pesquisas indicam que o público já conhece bem o filme e tem interesse em vê-lo". 

Podcast documental

A série documental em áudio "Mussum, o podcastis", primeira produção fruto de parceria entre o g1 e a Globo Filmes, expande e aprofunda em cinco episódios o universo da cinebiografia. O podcast detalha e traz depoimentos sobre as origens do artista, suas relações pessoais e o legado que ele deixou para a cultura brasileira. Publicado no Globoplay, no g1 e em todas as plataformas de áudio, o podcast estreia na mesma data em que o filme chega aos cinemas: nesta quinta, 2. A apresentação da série, produzida pelo jornalismo da Globo, é da dupla de jornalistas do g1 Marina Lourenço e Kaíque Mattos.  

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