Exigência por conteúdo transmídia traz novos desafios para produtores de programas infantis

O conteúdo transmídia é indispensável na apresentação de projetos de séries e programas de TV voltados para o público infantil. Essa foi a opinião unânime dos participantes do painel realizado pelo ComKids durante o Fórum Brasil de Televisão para discutir inovação e criatividade em conteúdo transmídia nessa quarta-feira. Participaram do painel o diretor criativo e sócio do chileno Zumbástico Estúdios , Alvaro Ceppi, o produtor da canadense Apartment 11, Jonathan Finkelstein e Melina Manasseh, produtora executiva e sócia proprietária da 44 Toons.

De acordo com Melina, esse cenário traz uma série de novos desafios. “O maior dos desafios é, desde o começo do desenvolvimento, considerar, dentro do produto que você está criando, o projeto multiplataforma”, diz.  De acordo com ela, no Brasil, a grande maioria dos canais pede por jogos como extensão do conteúdo televisivo.

Para Finkelstein, pensar com antecedência no projeto multiplataforma, além de ser uma exigência dos canais, é uma maneira de criar conteúdos que interajam entre si. “O conteúdo digital deve ser pensado no início do desenvolvimento de qualquer projeto”, diz. “Para um conteúdo multiplataforma ser bem sucedido as plataformas devem se completar, cada uma oferecendo parte da experiência”.

Outro desafio que testa a criatividade dos produtores é o fato de que o conteúdo digital dificilmente gera lucro, diz Filkenstein “Dificilmente, praticamente nunca, você vai ter lucro com esse conteúdo. Você precisa estar presente nessas plataformas, mas não vai realmente ganhar algum dinheiro com isso”, diz. De acordo com ele, isso limita a capacidade de financiamento desse conteúdo, e exige projetos criativos com orçamentos relativamente baixos.

No programa “Finding Stuff Out”, um dos projetos apresentado pelo canadense no painel, usuários mandavam vídeos com perguntas para uma plataforma digital. Esses vídeos serviriam, depois, para pautar os temas abordados pelo programa educativo. “Esse foi o primeiro caso em que tivemos que desenvolver um programa olhando para o orçamento, com o dinheiro dos fundos e desenvolver um programa pensando tem que custar só isso”, disse Filkenstein.

Fundos e apoio do governo

De acordo com Manasseh, a falta de incentivo público para a produção de conteúdo digital é um dos maiores obstáculos para sua produção no Brasil. “As produtoras pede para você ter o projeto, e você pode até tê-lo, mas para produzi-lo é um desafio muito grande”, disse. “Você precisa produzir o conteúdo digital com um orçamento que contempla apenas a produção tradicional”.

De acordo com Filkenstein, no Canadá, a presença de conteúdo interativo é uma exigência para que um programa de TV, por exemplo, possa usar o Canadian Media Fund, fundo nacional para produção de mídia. Além disso, uma vez que tenha o projeto avançado, o produtor pode usar outro fundo para financiar a produção do conteúdo digital especificamente.

No Chile, diz Alvaro, o valor da produção do conteúdo digital também não pode ser incluído no valor financiado por fundos governamentais. “Creio que é um erro, pois assim como no Canadá, não conseguimos mais fazer projetos que não contemplem conteúdo em plataformas digitais”, disse.

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