Para Net, Embratel e Congresso são riscos potenciais

Algumas afirmações listadas no prospecto registrado esta semana pela Net Serviços junto à Securities and Exchange Commission (SEC) em decorrência do início do processo de troca dos papéis de dívida chamam a atenção. São os fatores de risco ao negócio da empresa. Por exemplo, a Net Serviços pondera que após a reestruturação, cerca de 98% de suas ações com direito a voto serão controladas pelo grupo Globo e pela Telmex. E que estes grupos, apesar da posição como acionistas da empresa, têm interesses que podem ser conflitantes com os interesses da própria operação de cabo. No caso da Globo, por exemplo, a Net Serviços cita a participação na concorrente Sky e os interesses no negócio de programação. E no caso da Telmex cita, é claro, a atividade da Embratel, que é potencial competidora da própria Net Serviços. Como Globo e Telmex podem interferir em praticamente qualquer decisão e estratégia da empresa, essas relações são colocadas como uma ameaça em potencial.
A intenção da Net ao destacar esses fatores de risco no prospecto dos novos papéis não é criar atritos com seus acionistas, obviamente. Ela cumpre sua função de alertar o investidor contra potenciais problemas que a empresa possa vir a enfrentar. Não são, portanto, fatos que já estejam ocorrendo ou que necessariamente irão acontecer.
Outros fatores de risco vistos pela Net Serviços, por exemplo, dizem respeito às aprovações regulatórias inerentes ao processo de reestruturação. A empresa entende que, potencialmente, as condições de alienação de algumas ações, de ativos da rede ou de recebíveis de operações inteiras podem ser vistos pela Anatel como transferência de outorga, o que enfrentaria potenciais restrições regulatórias (sempre no nível hipotético). Também o Cade, diz a Net Serviços, pode ser um problema para a aprovação da reestruturação.

Tecnologias novas

A Net Serviços também mostra especial preocupação com a concorrência, tanto com tecnologias de TV por assinatura já consagradas quanto em relação a novas tecnologias que estejam surgindo. A empresa afirma que não tem como prever o impacto dessas novas realidades sobre o seu negócio.
Programação também não deixa de ser um problema de risco, e a Net lembra que apesar dos esforços já realizados, ainda há 26% de suas despesas de programação que não foram renegociadas para contratos em real.
Os impostos municipais sobre o uso de infra-estrutura estrutura, chamados pela Net de "taxas sobre a sombra", são um fator de risco, segundo a empresa, fator este ainda não provisionado. Segundo o prospecto a investidores, 75% das redes da Net Serviços estão em cidades onde há regras estabelecidas ou sendo criadas para o uso das redes.

Risco Congresso

Por fim, a Net Serviços se vê especialmente preocupada em relação aos riscos regulatórios decorrentes de algumas iniciativas do Congresso Nacional no final de 2004. A Net destaca a PEC 55/04, do senador Maguito Vilela (PMDB/GO), e o projeto 4.209/04, do deputado Luiz Piauhylino. Segundo a empresa, ainda que a avaliação inicial não mostre que a operação de cabo será afetada por estas propostas, o potencial de mudanças no cenário regulatório é significativo, a ponto dos dois projetos estarem destacados como riscos aos investidores.
A lista de riscos apontados pela empresa é gigantesca, transcende os pontos colocados acima e segue por variáveis que vão do nível macroeconômico ao fracasso de projetos de introdução de novas tecnologias.

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