Uma divisão entre as entidades que compõem o Congresso Brasileiro de Cinema (CBC, que é, até o momento, a principal organização representativa do setor audiovisual brasileiro) sinaliza claramente para um movimento importante de disputa política que dará a tônica do mercado audiovisual em 2005. As associações, sindicatos, federações e entidades representativas dos exibidores estão, em bloco, deixando o CBC, em um movimento que começou nos últimos dias. A divisão teve um elemento catalisador: a Ancinav. O CBC é, oficialmente, favorável à nova agência, pois a maior parte das associações que compõem a entidade apóia a idéia. Acontece que os exibidores e distribuidores, e mesmo alguns produtores, têm posição divergente, e por isso estão se afastando do CBC. Esse movimento é importante porque será essa composição de forças que atuará em 2005 junto ao Congresso brasileiro apoiando ou se opondo à criação da Ancinav.
O CBC é uma organização com histórico de grande influência na política audiovisual brasileira recente. Foi por meio do CBC que a proposta de criação de uma agência para o cinema ganhou corpo e se materializou na Ancine, no final do governo Fernando Henrique. Também foi o CBC quem manifestou a Lula o apoio à transformação da Ancine em Ancinav. O presidente gostou e comprou a idéia, segundo suas últimas manifestações públicas. Será, portanto, o CBC o principal foco de apoio à Ancinav em 2005, quando o projeto estiver em discussão no Congresso.
Mas há uma quantidade significativa de associações e grupos empresariais que se opõem à idéia colocada de uma nova agência. São basicamente as entidades que propuseram um texto alternativo para a Ancinav ao Ministério da Cultura em outubro. Essas associações e grupos empresariais representam a maior parte da produção audiovisual "industrial" brasileira, e abrange desde o grupo Globo até as salas exibidoras. Trata-se de um segmento que tem posições diferentes em relação à política audiovisual no Brasil e que, portanto, não se alinha com o CBC.
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