Cineasta brasileira Ursula Monteiro é selecionada para cinco festivais internacionais

Antes mesmo de lançar oficialmente seu curta-metragem "Val", a cineasta brasileira Ursula Monteiro já vem colhendo os frutos deste trabalho. Aprovada em cinco festivais internacionais, semifinalista em um e finalista em dois, "Val" concorre entre os principais eventos internacionais que, inclusive, são responsáveis por dar palco a indicados e ganhadores do Oscar. Além de marcar presença ao lado de grandes nomes da cinematografia, Monteiro anuncia a disponibilização do curta no Vimeo durante os dias 20 e 21 de agosto – única chance do público assistir ao filme fora dos festivais.

"Entrar nos festivais é muito legal, a gente não tem realmente noção da qualidade do filme só com a opinião de amigos, familiares e nossa da produção. Mas quando somos aceitos começa a cair a ficha de que realmente pessoas que não me conhecem estão gostando do projeto, estou muito animada com essa resposta positiva", conta. "Também acho muito importante esse espaço por eu ser uma diretora mulher, o roteiro ser meu também, essa visão feminina, acho que faz bastante diferença no mundo que a gente está vivendo. Principalmente este ano, depois da Chloé Zhao ter ganhado o Oscar de melhor direção, a segunda mulher a ganhar na história da premiação, e ela me inspira muito. Então, é isso, é hora de ir para cima, fazer acontecer e sonhar grande", completa.

A produção acompanha o presente e o passado de Valéria – vivida pela própria Ursula Monteiro – uma fotógrafa que mora no interior e vive cheia de incertezas. Dividida entre um amor antigo que volta após anos de prisão mesmo sendo inocente e uma mãe acusada de corrupção que virou comentário na cidade, a personagem tenta se encontrar, se conhecer e tomar a decisão certa para o seu futuro. Mesmo sendo uma obra fictícia, a produção é inspirada em fatos reais. 

"Eu acho que a ideia do 'Val' é levantar discussões. Desde a fuga de presos que foi esquecida ao aborto, nós precisamos falar sobre esses assuntos para, então, conseguir construir uma sociedade melhor para todos nós", diz a cineasta. "O número de abortos clandestinos e mulheres morrendo não irá mudar durante um bom tempo. Mas nós, mulheres, temos que estar confortáveis para nos expressarmos e discutirmos esse tipo de assunto, sem medo de preconceito ou julgamento dos outros. Temos que contar nossas histórias. Afinal, como vamos mudar uma sociedade  se não há espaço para discussão?", questiona.

"Mas, é importante frisar que, apesar de darem muita força à produção, essas discussões não são o tema principal do filme. A forma como o curta se inicia e termina com o questionamento 'uma vez me perguntaram: o que eu faria se tivesse apenas mais um dia de vida' é a maior reflexão que quero que quem assista tenha. No início de 2020, além da pandemia que mudou a vida de todos, perdi uma amiga querida, jovem, para um câncer, e isso também ligou uma chavinha em mim sobre onde eu queria estar, o que eu queria viver se não tivesse outra chance. Essa é a maior lição do projeto, se conhecer, olhar para dentro, tomar as rédeas da própria vida e perceber que a felicidade está dentro da gente e não no outro", conclui. 

"Val" irá concorrer nos seguintes festivais: Flickers Rhode Island International Film Festival (semifinalista); New York International Film Awards (finalista); ARFF Berlin – Short film of the month (selecionado); Oniros Film Awards New York (finalista) e New York Movie Awards (selecionado). 

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