Documentário "Da Porta pra Fora", de Thiago Foresti, retrata pandemia a partir do ponto de vista dos motoboys 

Editor Daniel Sena, diretor Thiago Foresti e a personagem do filme Keliane (Foto: Ticiane da Silva/ Agência Pressphoto)

O longa-metragem documental "Da Porta pra Fora", de Thiago Foresti, foi exibido na noite da última terça-feira, dia 15 de agosto, no 51º Festival de Cinema de Gramado. O filme, rodado em Brasília durante a pandemia, fala sobre os motoboys que não pararam de trabalhar e colocaram suas vidas e saúde em risco enquanto a sociedade aguardava confinada o desenrolar dos eventos, sem saber quando tudo voltaria ao normal. O documentário acompanha de perto a rotina de três entregadores – Keliane, Sorriso e Marcos – retratando o dia a dia de trabalho interligado a suas vidas pessoais. 

O longa foi feito com diferentes tipos de câmeras – como GoPro, drones, câmeras 360, celulares, GHX, Fuji e 5D, entre outras, com muitas das cenas filmadas pelos próprios trabalhadores. "Fomos usando as coisas que tínhamos na mão. Não foi muito pensado. Estávamos preocupados em captar os momentos. À medida em que o filme foi ficando pronto, começamos a trabalhar melhor na fotografia, saindo para fazer imagens, por exemplo. Captamos o que precisávamos e depois fomos lapidando", contou Foresti em debate realizado em Gramado nesta quarta, 16. 

O diretor afirmou que esse foi o filme mais difícil que já fez. Além do processo ter se desenrolado no ímpeto de registrar o momento, sem um processo de pré-produção, por exemplo, ele também não contou com uma fonte de financiamento, só "muita vontade". Foresti explicou: "Ao longo do processo foi ficando mais difícil. No começo, pensávamos que era importante registrar logo porque estávamos vivendo um momento histórico, e tínhamos a percepção ingênua de que a pandemia duraria seis meses, um ano. A gente estava nessa expectativa: de registrar o que podíamos na hora e, depois, correr atrás". Ele prosseguiu: "Para correr atrás de uma fonte de financiamento foi difícil também. A política estava desestruturada e não tinham editais rolando. Conseguimos apoio de um deputado de Brasília, do PSOL, que se sensibilizou com a causa e bancou uma emenda de 100 mil reais para finalizarmos o filme – que, no total, custou 180 mil. A gente queria muito finalizar esse filme. E para além das dificuldades da gravação em si – ir pra rua, filmar com as pessoas na pandemia – tivemos também essa parte da produção executiva, que foi um caos. Era um período de demolição de políticas públicas e nossa produtora ficou numa situação bem difícil". 

Por fim, Foresti destacou as dificuldades de distribuição e ressaltou que o filme está pronto e aberto a negociação com plataformas de streaming, por exemplo: "É bem difícil distribuir um filme, por isso é tão importante estarmos nos festivais, que são uma janela incrível. A exibição pode mudar a vida dos envolvidos. Eu queria passar o filme no maior número de lugares o possível, mas precisamos de apoio. Sabemos fazer, mas distribuir é outra coisa". 

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui