Ações da Oi despencam com ressalvas da PT à negociação com a Altice e possível renegociação

As ações preferenciais OIBR4 fecharam esta quarta-feira, 17, com queda de 9,62%, enquanto as ordinárias OIBR3 caíram 10,53%. Já as ações da PT na Euronext de Lisboa caíram 0,69%. Pela primeira vez, a cotação dos papeias da empresa chegaram a ficar abaixo de R$ 1 no Brasil (as ADRs já estão valendo pouco mais de US$0,30). Foram vários motivos para isso. Primeiro, a convocação para uma reunião de bondholders para o dia 26 de janeiro, quando a Oi deve propor o afrouxamento de alguns compromissos de indicadores assumidos com esses detentores de dívida da companhia. A expectativa é que a empresa comece também um processo de renegociação de seu endividamento, que mesmo com a venda dos ativos da Portugal Telecom para a Altice ainda permanecerá elevado.

Também complicou a situação da Oi a divulgação pela empresa de que o prazo para fechamento da venda dos ativos portugueses é o primeiro semestre de 2015, e os ativos africanos, a segunda metade do ano. O mercado esperava uma solução mais rápida.

Outro motivo foi o balde de água fria que veio da Europa. Na noite da terça, 16, o Conselho de Administração da Portugal Telecom emitiu comunicado aos acionistas na Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) portuguesa no qual pondera a oferta da Altice pelos ativos da PT Portugal por 7,4 bilhões de euros. No documento, a administração vê com ressalvas a aprovação da transação, considerando fatores de risco e advertências que deverão ser analisados. Por conta disso, o mercado brasileiro reagiu de forma adversa.

O pessimismo no Brasil aconteceu porque a assembleia de acionistas, prevista para o próximo dia 12 de janeiro, decidirá se a transação da francesa com a Oi seguirá em frente, proporcionando assim a condição para que a operadora brasileira tenha capital para tentar uma movimentação de consolidação. Só que os portugueses podem não estar preparados para tanto. O documento da PT afirma que as negociações da Altice com a Oi "poderão afetar de forma adversa ou significativa a situação financeira da Portugal Telecom e, em consequência, provocar uma diminuição do preço de mercado das ações ordinárias ou dos ADRs (American Depositary Receipt) da Portugal Telecom, conforme o caso".

Agrava ainda mais ao dizer que "não podem prever se o objetivo da Oi de participar na consolidação do setor de telecomunicações no Brasil, seja através de uma transação com a TIM seja por outro meio, trará os benefícios esperados pela Oi". O Conselho diz que não sabe se essa suposta consolidação traria realmente sinergias e, em especial, se o uso da quantia recebida pela Altice "fornecerá mais ou menos valor aos acionistas da Portugal Telecom do que os ativos da PT Portugal e o desempenho futuro do negócio da PT Portugal teriam fornecido". Segundo o documento, os benefícios operacionais esperados dependeriam do próprio desempenho da operadora, bem como condições de mercado, interesse de investidores, retenção de funcionários relevantes, da integração bem sucedida das empresas e das condições econômicas, políticas e empresariais no Brasil e em Portugal.

Outra queixa é a de que o valor de 7,4 bilhões de euros oferecido à Oi "pode não refletir adequadamente" o preço que seria real dos ativos da PT Portugal. No documento, a administração diz que "a Portugal Telecom e o seu Conselho de Administração não expressam qualquer opinião a respeito dessa avaliação e nem podem prever se a utilização pela Oi da contraprestação a ser recebida na alienação fará acrescer qualquer valor aos acionistas da Portugal Telecom". Em outras palavras, os acionistas portugueses podem pressionar a Oi para exigir condições melhores da Altice na venda dos ativos em Portugal.

O Conselho da PT afirma também que a aprovação não mitiga os fatores de risco relacionados à implantação da fusão. Além disso, a administração alerta para a possibilidade de a CMVM autorizar que a Terra Peregrin, da empresária angolana Isabel dos Santos, revogue ou altere a oferta pública de ações (OPA) pela PT SGPS. Isso seria um caminho provável, já que ela já teria avisado que retiraria a OPA caso houvesse aprovação da venda da PT Portugal à Altice.

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