Biônica Filmes completa dez anos e trabalha em novas coproduções internacionais e adaptações literárias 

Bianca Villar, Fernando Fraiha e Karen Castanho (Foto: Divulgação)

Produtora de "Turma da Mônica – Laços", "A Viagem de Pedro" e "Bem-Vinda, Violeta", a Biônica Filmes completa dez anos de atuação no mercado audiovisual com histórico de projetos diversificados, prêmios, sucessos de bilheteria nacional e coproduções internacionais. Fundada pelos sócios Bianca Villar, Fernando Fraiha e Karen Castanho, a marca levou mais de seis milhões de pessoas às salas de cinema e alcançou três vezes o top 1 de bilheteria do ano com os filmes "Os Homens São De Marte… E É Pra Lá Que Eu Vou!" (2014), "Turma da Mônica – Laços" (2019) e "Turma da Mônica – Lições" (2021). 

"Uma empresa completar dez anos no Brasil em qualquer segmento já é uma vitória tremenda. Somos uma empresa enxuta e eficiente, então, fica fácil nos adaptarmos às mudanças no mercado. Não que não sejam desafiadoras, elas são, mas somos muito focados em conteúdo e, por ora, sempre tivemos um diálogo saudável com todo mercado. Os tempos vão mudando, mas sempre estão buscando boas histórias que dialoguem com o público e que sejam bem realizadas. Acredito que temos!", diz Fernando Fraiha, diretor e um dos sócios da Biônica, em entrevista exclusiva para TELA VIVA. 

A produtora segue investindo forte no cinema nacional. Até o final deste ano, vai rodar três filmes: "Chico Bento e a Goiabeira Maraviósa", dirigido por Fernando Fraiha; "A Melhor Mãe do Mundo", de Anna Muylaert; e um longa-metragem realizado em parceria com uma empresa financiadora americana. Além disso, três produções disputam o Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, somando um total de 15 indicações: "A Viagem de Pedro" (dez), de Laís Bodanzky, estrelado por Cauã Reymond; "Carvão" (quatro), coprodução da Biônica, dirigido por Carolina Markowicz e protagonizado por Maeve Jinkings; e "Turma da Mônica – A Série" (uma), que disputa o prêmio de Melhor Série Brasileira de Ficção. 

"Pessoalmente, acho uma pena que a sala de cinema esteja diminuindo. Quem mais perde com isso é o próprio público, que perde a experiência imersiva da tela grande, o riso coletivo, estar presente sem o celular durante o filme ali, atento. Acredito que nos resta fazer bons filmes e tentar conquistar novamente esse hábito do espectador", observa Fraiha. 

Elenco infantil de "Chico Bento e a Goiabeira Maraviósa" (Foto: Fabio Braga)

Universo Turma da Mônica 

Com as primeiras versões em live action das histórias de Mauricio de Sousa, a Biônica levou milhões de pessoas aos cinemas, tanto com "Turma da Mônica – Laços" em 2019 quanto com "Turma da Mônica – Lições" em 2021. "São filmes que dialogam com várias gerações. São nossos ícones sendo levados para a tela. Foi feito com cuidado e dedicação em toda parte artística. Acredito que o público perceba a diferença entre um projeto feito com cuidado e um outro apenas tentando ganhar dinheiro. Pelo menos eu espero que percebam", ressalta o sócio da produtora, que está à frente da direção de "Chico Bento e a Goiabeira Maraviósa", próximo título inspirado nas histórias dos personagens da Turma. 

Sobre o próximo trabalho, Fraiha adianta: "O traço do Mauricio de Sousa para o Chico Bento sempre foi mais artesanal, por ser um personagem antigo. Para transpor isso para a tela, o universo visual foi pensado a partir do mundo caipira e, apesar de se manter solar e estilizado como o Turma da Mônica, é um mundo com mais texturas". O diretor acrescenta: "É um projeto repleto de significado e mensagens, mas acredito que tenhamos conseguido executar sem ter um tom moralista". 

Débora Falabella é Ana em "Bem-vinda, Violeta" (Foto: Divulgação)

Modelos de financiamento e coproduções 

A trajetória de sucesso da Biônica foi possível, em grande parte, pela criação de diversos modelos de financiamento híbrido, com investimento do setor público e privado, para reinventar e inovar a atuação da produtora no setor. "Entendo que quanto mais flexível e adaptável for o modelo financeiro por trás do projeto, melhor é para ele. É uma engenharia que possibilita projetos que não se enquadram nas soluções de prateleira do mercado. Acredito que ter a capacidade e criatividade de inventar um modelo para cada projeto nos deixa mais adaptáveis a trabalhos muito comerciais e caros até autorais e baratos", analisa. 

As coproduções também são importantes para a Biônica. Na 76ª edição do Festival de Cannes, por exemplo, ela esteve presente para divulgar as novas produções e, ainda, fechou acordo para coproduzir o filme internacional "Invejosos Homens Brancos", de Iván Granovsky ("Los Territorios"), junto com Argentina, Portugal, Alemanha e Itália. 

Já o novo projeto da Biônica, o thriller psicológico "The Eyes of Another", de Maria Arida, foi selecionado para o Frontières Market 2023, mercado internacional de coprodução e plataforma de networking voltada para o financiamento de filmes de gênero. Organizado pelo Fantasia International Film Festival, em parceria com o Marché du Film, do Festival de Cannes, o evento ocorre de 26 a 29 de julho, em Montreal. Em maio, durante o festival francês, Karen Castanho mediou a conferência da Spcine "New Perspectives and Opportunities to Film in Brazil" (Novas perspectivas e oportunidades para o cinema no Brasil, em tradução livre) e foi uma das produtoras brasileiras que integrou o Producers Under the Spotlight, do Producers Network do Festival de Cannes. 

Coprodução Brasil e Argentina, "Bem-Vinda, Violeta" foi a primeira produção da Biônica filmada em língua estrangeira. Estrelado por Débora Falabella e pelo ator argentino Darío Grandinetti, o longa ganhou o prêmio de Melhor Filme no Festival de Austin 2022 (Austin Film Festival – AFF). No Festival do Rio, em outubro do ano passado, Grandinetti foi premiado com o Troféu Redentor de Melhor Ator. Já em julho do mesmo ano, na 25a edição do Brooklyn Film Festival, Fraiha conquistou o Spirit Award na categoria Longa-Metragem de Ficção. 

"Expandir as fronteiras do nosso cinema é uma experiência muito interessante. Dialogar com a América Latina, Europa, Estados Unidos, entre outros. Aprendemos muito vendo outros países produzindo. Soluções diferentes para os mesmos problemas. E a questão do idioma é muito interessante, poder adaptar obras brasileiras para outros idiomas. Acho que só tem ganho!", pontua o diretor. "Tive a sorte de rodar dois longas na Argentina, e tanto no 'Bem-Vinda, Violeta' quanto no 'La Vingança' aprendi muito vendo como os argentinos se organizam em equipes menores e mais multidisciplinares. Os dois filmes tinham cerca de 30 pessoas na equipe, o que é considerado pequeno nos padrões do Brasil", completa. 

"La Vingança", coprodução entre Brasil e Argentina (Foto: Divulgação)

Próximos projetos 

Entre os projetos futuros, se destacam os longas-metragens: "Jantar Secreto", dirigido por Fernando Fraiha; "A Melhor Mãe do Mundo", dirigido por Anna Muylaert; "O Filho de Mil Homens", dirigido por Daniel Rezende, já em desenvolvimento; e "Pedágio", de Carolina Markowicz, em pós-produção. 

Desses, dois são adaptações audiovisuais de obras literárias: "Jantar Secreto" é uma adaptação do romance homônimo de Raphael Montes e, "O Filho de Mil Homens", do romance também homônimo de Valter Hugo Mãe. "Tanto 'O Filho de Mil Homens' quanto 'Jantar Secreto' são livros que nos tocaram fundo quando nos sentamos para ler. Acho que esse é o ponto central de tudo, somado ao grande prestígio que esses livros têm no mercado, que também conta bastante. Eles são livros quase antagônicos entre si. Enquanto 'O Filho de Mil Homens' propõe uma esperança para a aceitação do diferente, 'Jantar Secreto' surfa em uma profunda descrença na humanidade – claro, com muito humor", destaca Fraiha. 

"Acredito que o que os projetos da Biônica têm em comum e que una todos eles seja a própria Biônica. Nesses dez anos de sociedade, existiu uma complementariedade entre os sócios profundamente harmônica e saudável, em que nos somamos e ajudamos, não competimos e, principalmente, nos admiramos", finaliza. 

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