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Downtown Filmes pede políticas públicas mais focadas em resultados e nas empresas

Em painel promovido durante a edição deste ano da Expocine nesta quinta, 19, especialistas do setor audiovisual debateram os desafios atuais da distribuição cinematográfica de obras nacionais no país. Apesar de ter produzido mais de cem filmes em 2013 e 2014, o Brasil pouco avançou em termos de participação nas bilheterias nacionais, que segue próxima de 20%. “Seguimos com o problema de produzir mais, mas só entregar cerca de oito a dez filmes por ano que realmente competem no mercado e levam o público ao cinema”, avaliou Bruno Wainer, diretor e fundador da Downtown Filmes, distribuidora dedicada exclusivamente a obras nacionais.

Para Wainer, isso acontece porque as políticas do setor não estão fortalecendo as empresas de maneira adequada. “Estamos avançando muito pouco em uma das metas estabelecidas pela Ancine que é fortalecer as empresas, ao invés de trabalhar os projetos caso a caso”. Além disso, o diretor criticou o valor recebido pelo governo em obras de maior apelo comercial financiadas com recursos do Fundo Setorial do Audiovisual, que classificou de “descabido”. “Isso acaba gerando uma esquizofrenia financeira, onde muitas das obras produzidas simplesmente não geram retorno financeiro e onde aquelas que de fato competem no mercado e mantêm o share acabam devolvendo grande parte do valor arrecadado para o investidor (Ancine)”.

Para Wainer, o mercado brasileiro seguirá apresentando resultados irregulares enquanto essas distorções não forem corrigidas. “As empresas acabam ficando fragilizadas, e isso impede maiores investimentos para ampliar e ocupar mercado”, disse.  

Entre as iniciativas defendidas pelo empresário está a ampliação de linhas automáticas de financiamento. “A meu ver, é um mecanismo que gera um ciclo virtuoso, em que os resultados obtidos pela empresa aumentam sua capacidade de captar recursos”, opinou.

Segmentação e variedade

Representante do setor público no painel, Alfredo Manevy, presidente da Spcine, destacou avanços nos editais da empresa paulista. Segundo ele, as linhas de financiamento estão levando em conta desde o início a participação das distribuidoras e segmentando as obras de acordo com seu potencial de mercado em três níveis – autorais, médias e grandes. 

Para Manevy, é preciso entender melhor a vocação das obras de cada uma dessas categorias, para melhor direcionar sua distribuição. No caso das obras autorais, por exemplo, ele defendeu a exploração de novas plataformas de distribuição, como o VOD. “São obras que desempenham um papel importante de promover novos talentos e inovação, mas que não desempenham bem nas bilheterias. Colocamos um esforço enorme em colocá-las no cinema e acho que poderíamos obter resultados melhores e encontrar mais público em plataformas alternativas”, avaliou.

Por fim, Manevy defendeu a variedade maior de gêneros e temas na produção audiovisual brasileira para cinema como uma maneira de atrair mais público para as salas. Hoje, as comédias são responsáveis pela vasta maioria das maiores bilheterias.  “A comédia desempenhou e desempenha um papel incrível nesta retomada da cinematografia nacional. Mas não iremos conquistar um público extenso como o brasileiro com apenas um gênero”, disse. Segundo ele, a Spcine deve contemplar o incentivo à diversidade de gêneros cinematográficos na sua próxima linha de editais.

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