Henrique Pires deixa Secretaria Especial da Cultura alegando não concordar com "filtros" impostos à área

A relação do Governo Bolsonaro com os setores ligados à cultura segue encontrando percalços. O secretário especial de Cultura do Ministério da Cidadania, Henrique Pires, deixou o governo alegando que não poderia concordar com os "filtros" impostos à área cultural, de acordo com entrevistas à Folha de S.Paulo e ao jornal O Globo. A saída de Pires ocorre em meio à suspensão do edital do Fundo Setorial do Audiovisual destinado a projetos de séries com temática LGBT para a TV pública, critica publicamente pelo presidente Bolsonaro.

À Folha, Pires afirmou que o governo não precisa "ficar olhando com lupa um filme para ver se tem um homem pelado beijando outro homem." Ao Globo, disse que, se a União lança um edital para um financiamento previsto em lei, não se pode abortar no meio do caminho. "Ao longo desses oito meses, eu consegui resolver as coisas com conversa. Mas estava dissonante do governo", afirmou ao jornal.

Em nota, o Ministério da Cidadania nega que a suspensão do edital seja censura e afirma que, ao contrário da versão divulgada pelo ex-secretário especial da Cultura, o cargo foi pedido pelo ministro da Cidadania, Osmar Terra, "por entender que ele não estava desempenhando as políticas propostas pela pasta". O secretário-adjunto e secretário de Fomento e Incentivo à Cultura, José Paulo Soares Martins, assume o cargo.

Pires era um dos nomes com maior aproximação aos setores culturais no Ministério da Cidadania e, além disso, importante interlocutor da pasta com a Ancine.

O edital suspenso destinava até R$ 800 mil projeto selecionado na categoria séries com temática LGBT. A linha, no entanto, é bem mais ampla, cobrindo 12 categorias, todas suspensas. O edital deverá passar pelo crivo de uma nova composição do Comitê Gestor do Fundo Setorial do Audiovisual.

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