Ancine quer aperfeiçoar instrumentos de fomento com foco em inclusão, diversidade e descentralização 

Vinícius Clay, diretor da Ancine; Alex Braga, diretor-presidente da Ancine; e João Paulo Kleinübing, diretor-presidente do BRDE (Foto: Divulgação/ FAM)

"A parceria Ancine – BRDE e seus efeitos na política setorial do audiovisual" foi tema de uma mesa nesta sexta-feira, dia 22 de setembro, no Encontro de Coprodução do Mercosul – ECM+LAB, evento de mercado audiovisual que faz parte da programação do Festival FAM – Florianópolis Audiovisual Mercosul. Estiveram presentes no painel o diretor-presidente da Ancine, Alex Braga; o diretor da Ancine, Vinícius Clay; e o diretor-presidente do BRDE, João Paulo Kleinübing. 

Braga abriu a mesa afirmando que este encontro reflete o momento que vivemos, o ambiente e o sentimento do evento: "Hoje, celebramos e compartilhamos com o BRDE a convergência, a coletividade e a soma dos nossos propósitos e esforços. O exercício da gestão pública, por ser isolado e sacrificante, muitas vezes leva ao 'eu', e nos comprometemos a abandonar isso quando iniciamos nossa gestão. Trocamos o 'eu' pelo 'nós' na abertura de espaços, para que o setor dialogue com as agências; nos parceiros e parcerias, fundamentais para a execução das políticas públicas e seu êxito; e no lado institucional, para fortalecer a Agência. E nesse 'nós' está o BRDE, que está conosco num constante processo de revisão e aperfeiçoamento para que possamos investir cada vez mais no audiovisual brasileiro". 

O diretor-presidente da Ancine destacou também a assinatura dos acordos bilaterais de coprodução Brasil-Argentina e Brasil-Uruguai na manhã desta sexta, durante o evento, e ressaltou que os novos acordos se somam ao edital de coprodução Brasil-Portugal, já lançado pela Agência. Além disso, Braga falou sobre investimentos e lembrou que, em março, a Ministra da Cultura Margareth Menezes celebrou o audiovisual em um evento no Rio de Janeiro, onde anunciou R$ 1 bilhão em investimentos. "Nós atingimos esse valor, já lançamos o segundo bilhão e vamos planejar o terceiro. Sem o BRDE, isso não seria possível. Mas plano de investimento é uma ação progressiva, em constante aperfeiçoamento. Não é um produto produto, ele está sempre evoluindo e se transformando", pontuou. "Os eixos produção independente, infraestrutura e internacionalização estão hoje sustentando a política em curso, feita a muitas mãos", acrescentou. 

O diretor Vinícius Clay, por sua vez, relembrou as dificuldades enfrentadas nos últimos anos e afirmou que o momento atual é otimista. "O cenário hoje é de convergência – ingrediente fundamental para dar conta dos desafios que temos pela frente, sobretudo de aperfeiçoar os instrumentos do fomento ao audiovisual para que ele reflita os interesses da sociedade brasileira com mais inclusão, diversidade e descentralização de recursos. Recebemos da API (Associação das Produtoras Independentes do Audiovisual Brasileiro) um documento com críticas, sugestões e demandas e vamos fazer o mesmo com outras associações, a fim de cumprir o objetivo de que o Brasil se consolide como uma potência da produção audiovisual", declarou. "Para o próximo plano de investimentos, a perspectiva é um aporte de mais de R$ 1 bilhão, e pretendemos fazer com que esses recursos sejam distribuídos da melhor maneira e cheguem da forma mais rápida o possível", ressaltou. 

João Paulo Kleinübing, à frente do BRDE, definiu o audiovisual como o setor onde a gente consegue "se enxergar, provocar e refletir", e que é onde o BRDE, de forma ainda pequena, busca dar sua contribuição: "Entendemos nossa parceria com a Ancine na operação do FSA com esse espírito: dentro do nosso papel como banco de desenvolvimento, nosso negócio não é só emprestar dinheiro, e sim gerar desenvolvimento e essa convergência. Todas as políticas públicas deveriam ser medidas a partir do momento em que geram convergência na sociedade – diminuindo desigualdades, por exemplo. Temos ideias e um objetivo em comum, e podemos trabalhar nisso a partir do audiovisual". 

FSA em números 

Kleinübing também trouxe alguns dados: em 2022, houve 551 publicações de contratos no DOU, que somaram o total de R$ 407 mi em volume financeiro contratado. Em comparação com 2020, o crescimento no número de contratos publicados foi de 25% e 106% em volume financeiro contratado. E só em 2023, houve o lançamento de sete editais para as Linhas de Investimento. O valor total de recursos financeiros disponibilizados foi de mais de R$ 400 mi. 

"Ainda temos como desafio a questão da concentração, para que exista o crescimento de todas as regiões do país. Precisamos estimular recursos fora das grandes estruturas para que possamos efetivamente mostrar a diversidade da cultura brasileira. Queremos contribuir não apenas na viabilização de recursos e nos processos burocráticos, mas ter uma discussão mais adequada sobre como facilitar o acesso aos recursos e fortalecimento do audiovisual no Brasil como um todo", concluiu. 

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