"Estamos aqui para participar com a indústria, e não para ir contra ela", diz country manager do Prime Video

António Forjaz, country manager do Prime Video

António Forjaz, country manager do Prime Video, concedeu uma entrevista especial no PAY-TV Forum – evento organizado por TELA VIVA e TELETIME – nesta quarta-feira, dia 23 de agosto. A razão da presença de uma plataforma de streaming em um evento de TV por assinatura está justamente no fato de que, hoje, o modelo de negócio do Prime Video é mais amplo, somando ainda um componente de agregação e distribuição para além do SVOD. Com o Prime Video Channels, a empresa passou a ocupar essa nova posição dentro do mercado. O braço dos Channels existe desde 2020, quando foram lançados inicialmente cinco canais. "Foi uma surpresa para o mercado. As pessoas estranharam e tinham essa impressão de que iam pagar por algo em cima daquilo que já pagavam. Com o tempo, isso foi amadurecendo, e nós também fomos trazendo outros players grandes. Atualmente, nos posicionamos como agregador e distribuidor de canais e de tudo que entendemos ser relevante para o assinante. Nossa oferta ampliou e deu espaço também para canais lineares, como a CNN, que trouxe esse componente jornalístico. E temos também o TVOD, que disponibiliza o aluguel de filmes recém-saídos dos cinemas", explicou Forjaz. 

A Amazon é uma das maiores empresas de tecnologia do mundo e, segundo o executivo, trabalha em cima daquilo que o consumidor procura. Ela possui o programa Prime que, entre outras coisas – como frete grátis para entrega de mercadorias, descontos, Prime Music e Prime Game – inclui o Prime Video. E, para eles, o mercado brasileiro é super relevante: "Não só para o streaming, mas de modo geral. O Brasil é enorme, são muitas pessoas, e existe uma penetração de internet saudável. Além disso, o brasileiro adora streaming, vídeo, internet, é altamente conectado. Para o streaming, trata-se de um mercado central. Há muitas diferenças em relação a outros países, como questões regulatórias, culturais,  hábitos de consumo e ofertas de produtos, mas buscamos nos ajustar para a realidade do consumidor brasileiro. Para uma empresa com escala mundial e grande impacto, muitas vezes é complexo fazer essa localização. Mas na Amazon existe esse esforço de se tornar relevante para o consumidor brasileiro dentro de suas nuances". 

Relação com os parceiros e desafios de comunicação 

A palavra de ordem do cenário atual do mercado de mídia é parceria. No caso do Prime Video, esse processo de estabelecer parcerias parte do que o consumidor quer. "A partir daí desenhamos um plano com serviços e players valiosos e que podem agregar nossas ofertas. Nesse mundo de parcerias, somos 'frenemies', isto é, competimos com os parceiros em alguns aspectos mas, em paralelo, temos desafios e objetivos em comum – como pirataria, entrega de conteúdo relevante para o consumidor e agregação de valor ao assinante. Nosso processo de conexão com os players é natural, e há acordos de âmbito global, regional e local. Com a HBO, por exemplo, temos um contrato mais amplo. Já com o Premiere, é um acordo voltado exclusivamente ao território brasileiro. Temos times focados em achar essas parcerias", detalhou o executivo. 

E nessa jornada de encontrar novos parceiros, o Prime Video buscou agregar inclusive canais lineares, como a CNN, trazendo aí o componente do conteúdo ao vivo: "O que proporcionou essa virada foi nossa capacidade de fazer. Esporte e jornalismo são muito 'do agora', você quer saber o que está acontecendo nesse exato minuto. A partir do momento que conseguimos reduzir o delay e garantir uma experiência de entrega de qualidade, entendemos que tipo de conteúdo as pessoas querem assistir ao vivo e vamos atrás. Em relação ao esporte, o público ainda está acostumando a consumir em SVOD e enxergando essa facilidade. Temos parceiros que oferecem transmissões esportivas, como HBO, Paramount+ e Premiere, e nós mesmos temos a Copa do Brasil, por exemplo". 

Com tantas novidades, surge o desafio de comunicar ao público todos os conteúdos que estão disponíveis dentro da plataforma. "É um belo desafio de marketing para os players. Especialmente falando de esporte, essa dúvida de 'onde vai passar?' ainda é muito comum. Para o consumidor, é caótico. Queremos ser o lugar de destino para os fãs da Copa do Brasil, mas também temos o desafio de explicar para as pessoas que o Prime Video, por meio da HBO Max, também entrega a Champions League. E a Libertadores, por meio do Paramount+. O assinante assiste tudo o que quiser no mesmo lugar – mas o desafio ainda é grande até ele ter essa compreensão total. Entregamos uma ferramenta de valor enorme para ele – só temos que conseguir contar essa história", destacou o executivo. 

Modelo de negócio pautado pelos dados 

A Amazon trabalha totalmente inserida na cultura de dados – e o country manager do Prime Video considera essa área uma das mais "fascinantes" de se trabalhar. "O nível de dados que temos hoje é tão avançado que proporciona uma capacidade de reação que muda fundamentalmente a forma como trabalhamos. Vivemos de respostas de indicadores de performance, tamanho e audiência. Assim, tomamos decisões – de gêneros de conteúdo, formatos, casting – pautadas pela realidade, e não pela nossa intuição. Nosso modelo de negócio é pautado pelos dados – e eles algumas vezes vão contra o nosso feeling, por isso é tão fascinante", avaliou. "Com os parceiros, compartilhamos muitos desses dados – dentro do que a lei permite, claro, e de forma a não entregar toda a visão do Prime. Mas essa troca e essa confiança são muito importantes", acrescentou. 

Parceria x Competição

Como qualquer empresa, a Amazon busca sustentabilidade. Nesse sentido, Forjaz revelou: "Estamos sempre pensando a longo prazo. Raramente tomados decisões de curto prazo. Faz parte da nossa cultura não pensar no que temos que entregar até o fim do ano, e sim apostar em negócios que acreditaremos nos próximos dez, 20 anos". Para ele, o mercado de streaming já está maduro para buscar essa sustentabilidade: "É uma indústria que nunca para. Tudo parte do que entendemos como comportamento do consumidor – e a partir daí que a indústria busca se adaptar. Existe hoje uma maturidade maior dentro desse mercado de streaming, mas ele segue mudando. Como players, estamos sempre atentos ao que o consumidor precisa". 

O executivo ainda reforçou que, como parte dessa indústria, a Amazon, ainda que seja uma empresa essencialmente de tecnologia, se coloca com uma postura de parceria, e não de competição. "Temos os conteúdos que a Globo, a HBO e o Telecine produzem. A capacidade de entrega e a presença na vida das pessoas que a Claro e a Vivo têm. As TVs que Samsung, TCL e LG fabricam. Todos os parceiros fazem parte do ecossistema e do nosso dia a dia. Claro que existe competição – da mesma forma que existe entre os canais, as telcos, as plataformas. E é uma competição saudável, porque nos obriga a ter atenção e investir em melhores ofertas para o consumidor. Mas, por outro lado, somos parceiros. Partilhamos das dores da pirataria, da distribuição, dos meios de pagamento… Estamos aqui para participar com a indústria, e não para ir contra ela", concluiu. 

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