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Após estreia em Sundance e participação no Festival de Berlim, “Divino Amor” chega ao Brasil

Nesta quinta-feira, dia 27 de junho, “Divino Amor”, filme nacional dirigido por Gabriel Mascaro e protagonizado por Dira Paes, estreia nos cinemas do Brasil. O longa fez sua estreia mundial no Festival de Sundance e participou ainda da Mostra Panorama do Festival de Berlim. Além de Dira, o elenco conta com Julio Machado, Emílio de Mello, Teca Pereira, Calum Rio, Mariana Nunes e Thalita Carauta.

A trama se passa em 2027, quando a devota religiosa Joana (papel de Dira) usa seu ofício no cartório para tentar dificultar os divórcios e fazer com que os casais repensem sua decisão. Enquanto espera por um sinal divino em reconhecimento aos seus esforços em prol da família, ela é confrontada com uma crise no seu casamento que termina por deixá-la ainda mais perto de Deus. “Na infância, cresci com meu bairro se transformando por conta de uma igreja evangélica que se expandia cada vez mais e vi muitos dos meus amigos se convertendo. Então eu presenciei uma transformação muito forte acontecendo no âmbito comunitário causada especialmente por esse impacto da religião. Isso afetou minha infância e fez com que eu crescesse com muita clareza da força desse impacto e das mudanças comportamentais que ele pode impulsionar.”, revelou o diretor, Gabriel Mascaro, em coletiva de imprensa realizada em São Paulo nesta terça-feira, 25 de junho.

Apesar do enredo girar especialmente em torno da questão religiosa, Mascaro esclareceu: “Trazemos um olhar pra essa religião muito atencioso. Queremos mostrar como esse projeto de poder é sofisticado, mas sem generalizar – existem vários evangelismos no Brasil e até dentro do filme existem diferentes correntes orbitando. É uma obra sensível, que acredita nos personagens sem julgar essa engrenagem na qual eles estão inseridos. O objetivo maior é debater essa relação entre Estado, religião e corpo. E uma vez que a agenda conservadora foi se aproximando cada vez mais do Estado, o tema se tornou urgente.”.

O cartório, um dos principais cenários da trama, também é elemento fundamental. “Nós escolhemos entrar nesse outro furacão brasileiro além da religião que é o cartório. Ali, mostramos a burocracia como elemento fundamental da identidade brasileira, algo que somatiza isso de forma muito potente. A burocracia tem quase um ideário religioso. É o que, teoricamente, possibilita a igualdade do indivíduo frente ao Estado.”, analisou o diretor.

Mascaro, de “Boi Neon”, também assina o roteiro, em uma equipe que conta ainda com Esdras Bezerra, Lucas Paraizo e Rachel Ellis, produtora. A produção é da Desvia com coprodução com Malbicho Cine, Snowglobe, Bord Cadre Films, Mer Films, Film i Väst, Globo Filmes e Canal Brasil. Sobre as coproduções com países latino-americanos e também com a Europa, a produtora e co-roteirista Rachel Ellis declarou: “Fomos atrás de parceiros rapidamente quando entendemos a urgência que havia em rodar esse filme. Os países latinos vivem situações que são distintas, porém enfrentam preocupações em comum. Já a Europa sentiu que esse era um projeto que viria pra provocar e por isso quis participar também. E para nós, ter esse respaldo de outros países envolvidos, era muito importante.”.

Ao longo de “Divino Amor” nota-se um diálogo permanente com o documentário. A escolha de ter um narrador faz parte de uma estratégia narrativa em tom parabólico. “O documentário está no extra-campo do filme o tempo todo, com o diferencial que a narração é feita em um tempo suspenso, descolado daquele momento. Trabalhei com o rico desafio de especular a sociedade em 2027, mas falando de um suposto presente.”, concluiu Mascaro.

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