Uma das vítimas da guerra dos EUA contra o Iraque podem ser as redes de TV bancadas por publicidade, em especial as que têm serviços de notícias. Na primeira semana da invasão, as principais redes substituíram boa parte de seus lucrativos programas de entretenimento durante o dia por boletins sobre o conflito. Mas a publicidade deste tipo de inserção é rara, porque muitas empresas não querem associar suas imagens a esta programação controversa e desagradável. Isso se tornará mais verdadeiro à medida em que a guerra se prolongue além do esperado e os EUA sofram as primeiras derrotas, o que tornará o ?show? ainda mais indesejável para os espectadores norte-americanos.
Ao mesmo tempo, o custo de cobrir uma guerra hoje é o maior de todos os tempos. Pela primeira vez na história, o Exército autorizou os correspondentes a acompanharem as tropas no campo de batalha. Cerca de 500 jornalistas norte-americanos e 200 de outros países juntaram-se às forças de terra. Cada um deve ter um produtor e equipamento próprio, inclusive com sistema de comunicação via satélite.
Se a guerra piorar e a opinião pública dos EUA começar a rejeitá-la, uma das redes mais vulneráveis será a Fox News. O canal sempre adotou uma postura conservadora, pró-Bush, em suas reportagens, mesmo afirmando ser justo e imparcial. Na primeira semana do conflito tornou-se virtualmente um braço de propaganda do governo e do Exército dos EUA, enfatizando mesmo as menores migalhas de boas notícias e menosprezando tudo o que parecesse contrário aos interesses dos EUA. Mesmo o logotipo que adotou em sua cobertura, um caça americano que se transforma em uma águia, e seu slogan, ?Operação Liberdade para o Iraque?, contrastam fortemente com os de outras empresas de notícias, mais balanceadas em sua cobertura. O slogan do noticiário da ABC por exemplo diz simplesmente ?Guerra no Iraque?.
Se a sorte militar dos EUA piorar, é possível que muitos espectadores deixem de lado o ufanismo da Fox e voltem-se para emissoras com uma visão mais realista do embate.
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