Abril diz que Abert não pode falar em nome da radiodifusão

Não são apenas Band e RedeTV!, afiliadas à Abra, que estão descontentes com a decisão do Ministério das Comunicações e a posição da Abert em relação à multiprogramação. A maior associação representativa da radiodifusão vem pregando abertamente a proibição da multiprogramação para a TV aberta, excetuando apenas a transmissão para dispositivos móveis. A Abra foi a primeira a se manifestar, no dia seguinte à publicação de norma do Ministério das Comunicações que proíbe a transmissão em multiprogramação. Agora é a vez da Abril, que desautoriza a Abert a falar em nome da radiodifusão. "Eu não fui consultado sobre isso", diz André Mantovani, diretor de canais do Grupo Abril. Ele rebate os três argumentos usados pela associação para defender o ponto de vista polêmico.
Mantovani diz que, ao contrário do que diz a Abert, os radiodifusores nunca se comprometeram a ocupar toda a frequência do canal digital com a alta definição. "A lei fala em uso eficiente do espectro. Uso eficiente não é, necessariamente, alta definição", diz. Acusando ainda as transmissões em alta definição de elitistas, já que a maior parte da população não pode pagar por monitores em alta definição.
Em relação ao argumento de que a Constituição proíbe a transmissão em mais de um canal, Mantovani diz que a Carta não fala em mais de um conteúdo dentro do canal. "O canal continua sendo apenas um", diz. "Além disso, não é necessário fazer alta definição para preencher os 6 MHz. É possível fazer alta definição e ainda ter mais uma programação".
Por fim, em relação ao modelo de negócios, que a Abert alega não haver para a exploração da multiprogramação, Mantovani diz que cabe a cada empresa definir o seu. "Quem tiver modelo de negócio, que faça multiprogramação".
Por fim, André Mantovani diz que a própria norma do Minicom é irregular. "Uma norma não pode mudar um decreto presidencial". Para ele, o decreto que definiu que padrão brasileiro deveria permitir, entre outros aspectos, a multiprogramação, autoriza as emissoras a transmitir mais de um conteúdo simultaneamente. É por isso, segundo Mantovani, que a Abril não pediu autorização para fazer as transmissões experimentais em multiprogramação, mesmo após a oferta da Minicom. "Não preciso de autorização, a autorização é o decreto", alega.

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