China apresenta seu padrão no Brasil

O diretor assistente da Comissão Municipal de Ciência e Tecnologia de Pequim, Zhang Zhigang, falou nesta quarta, 29, em evento organizado pela Câmara de Comércio e Indústria Brasil – China, em São Paulo, para profissionais de radiodifusão sobre o padrão de TV digital chinês. Segundo Zhigang, a meta do governo daquele país é transmitir digitalmente os Jogos Olímpicos de 2008 em Pequim com cem canais digitais. "Cada modalidade teria um canal exclusivo", afirmou.
Atualmente, segundo o pesquisador, existem dois padrões em fase de testes na China. Ambos usam compressão MPEG-2, tanto de áudio quanto de vídeo, mas as modulações se alternam entre 16QAM e COFDM. O desenvolvimento do padrão chinês teve início em 1996 e tomou investimentos entre "US$ 600 milhões e US$ 800 milhões", um valor irrisório quando comparado ao que foi gasto nas tecnologias americana, européia e japonesa. Estas tecnologias, segundo Zhigang, custaram, ao todo, cerca de US$ 8 bilhões. Apesar de ainda não ter escolhido entre um dos dois padrões desenvolvidos no país, o governo chinês espera lançar comercialmente as transmissões digitais em 2004. Até 2005, um quarto das redes do país deverão estar digitalizadas; em 2010, as principais cidades devem ter somente transmissões digitais; e, em 2015, 100% das transmissões chinesas deverão ser digitais.
Zhigang afirmou ainda que o modelo de negócios proposto na China visa unir em um mesmo aparelho televisão, telefone (com voz sobre IP) e Internet. Porém, o cientista não conseguiu esclarecer como este volume de dados poderá ser transmitido no sinal de TV terrestre, e nem como será o canal de retorno (exceto, claro, no caso do cabo).
Ele afirmou também que o modelo chinês prevê tanto HDTV quanto SDTV e mobilidade. Em testes feitos em Xangai, conta, conseguiu-se uma recepção de 12 Mbps em um veículo a 80 km/h.

Demanda

A decisão de criação de um padrão próprio foi tomada para garantir independência política e econômica, disse Zhigang. "É uma oportunidade de negócios para os nossos empresários", afirmou. Não há dúvidas quanto à capacidade de fabricação de receptores na China, chamada de "fábrica do mundo" por Zhigang, e nem quanto ao tamanho do mercado de consumo. Segundo o pesquisador, a China conta hoje com 300 milhões de aparelhos de TV, com crescimento anual da base instalada entre 20 milhões e 30 milhões. Não há TV por assinatura via satélite (o acesso às parabólicas é vetado à população civil), mas os assinantes de cabo somam 100 milhões no país. O cabo digital deve estar disponível em 2004, com o padrão DVB-C.
O preço dos set-top boxes de recepção terrestre deverão custar na China cerca de US$ 200,00. Já os set-top boxes "3 em 1" (com TV, telefone e Internet) devem custar cerca de US$ 500,00.
A previsão do governo chinês é de que o mercado de DTV movimente ao todo no país US$ 38 bilhões nos próximos anos.

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