Radiodifusão investe na TV 3.0 para competir com as plataformas conectadas

Até quando a TV aberta terá fôlego para competir com plataformas que fazem entregas mais assertivas de publicidade ao mercado anunciante? Por muito tempo, desde que tenha isonomia de competição. Esta é a aposta dos radiodifusores que trabalham no desenvolvimento da TV 3.0, que trará para a TV aberta as mesmas possibilidades de segmentação de público da Internet.

No Brasil Streaming 2024, realizado nesta quinta, 11, por TELA VIVA e TELETIME, Laila Sol, head of growth marketing do Grupo Ric, afiliada da Record no Paraná, apresentou um gostinho do que a nova tecnologia deve representar para a radiodifusão. Usando recursos da TV 2.0 na base de televisores conectados na região de cobertura da rede, a afiliada da Record já conseguiu fazer publicidade interativa e segmentada na TV aberta.

Tudo começou com uma pesquisa, feita ao vivo, usando recursos simples como banners sobre parte da tela que interagem com a programação. O dado relevante desta pesquisa foi que 24% dos aparelhos conectados interagiram, um volume que deu à emissora de TV subsídios suficientes para oferecer estes recursos aos anunciante e gerar novos cases que incluem, além de pesquisas, a disponibilização de mais dados sobre a campanha na própria tela da TV, quando o espectador assim desejar, ou em outros dispositivos através da leitura de um QR code em tela.

Além da interatividade, a emissora consegue segmentar por região, em um raio de 10 km. Com isso, a rede formada por quatro geradoras que cobrem todo o estado do Paraná ganhou a possibilidade de entregar campanhas em praticamente cada dos municípios cobertos, e não apenas nas quatro regiões cobertas pelas respectivas geradoras.

Hoje, 12% dos anunciantes da Ric TV fazem publicidade para TV conectada e já foram veiculadas 162 campanhas diferentes que usaram os recursos interativos ou de segmentação. Os recursos tecnológicos não se comparam aos da TV 3.0, que permitirá o envio de conteúdo em vídeo, e não apenas banners e pesquisas, segmentado por diversos aspectos.

Marcelo Souza, diretor de Adtech da Globo, afirmou no evento que a evolução para a TV 3.0 impactará muito na experiência de ver TV aberta e nos modelos de negócios. "A tecnologia quebra barreiras. Não haverá distinção, para o usuário, do que chegou pelo sinal de uma antena ou por uma conexão banda larga. (A TV 3.0) Permitirá não só uma experiência imersiva, mas também uma publicidade contextualizada, atendendo a diversos objetivos de negócios", diz o diretor.

Lembrando que a Globo já está nas TVs conectadas com o aplicativo da Globoplay, Souza explica que a TV 3.0 permitirá uma integração entre o canal aberto e a aplicação e, principalmente, padronizará o ambiente. Com isso, não será mais necessário desenvolver um aplicativo para plataforma e sistema operacional de TV.

Sérgio Santoro, da TV Record e coordenador do Módulo de Mercado do Fórum SBTVD, que desenvolve o novo padrão, diz que a evolução trará à radiodifusão a assertividade do anúncio. Além disso, as emissoras começarão a trabalhar mais massivamente com dados colhidos primariamente, desde que atenda Lei Geral de Proteção de Dados.

O objetivo do Fórum SBTVD é justamente montar o padrão e facilitar o desenvolvimento para a TV, explica Santoro. "O ambiente de Internet é naturalmente disruptivo, a aplicação vira padrão por uso e costume. Na TV, tem que ir para a prancheta e criar um padrão", diz.

Luis Felipe Grassitelli Camargo, head de parcerias de mídia e entretenimento da Google TV e Google Play comemora o desenvolvimento do padrão que, segundo ele, trará isonomia na experiência do consumidor e na exposição de publicidade. O usuário é a força motora que muda a indpustria. A TV 3.0 é para trazer o hábito que tem na TV conectada. "O Android TV vai se integrar ao padrão para permitir a fluidez entre as plataformas. Nosso modelo já é integrado aos outros padrões e gerações, incluindo o Ginga", diz.

Ele destaca ainda que haverá uma constante evolução, mas que isso é para garantir a usabilidade do usuário da TV. "Nem importa se o usuário sabe o que tem de novidade na TV 3.0, o importante é dar a ele uma experiência fluída na navegação entre as formas de recepção", complementa.

Do lado da indústria fabricante, Yvan Cabral, diretor geral da Vivensis, diz que aposta muito no sucesso da TV 3.0. Segundo ele, quando construiu fábrica em Manaus, já dimensionou pensando no volume de equipamentos que fornecerá no novo padrão. O importante, explica, é quebrar a barreira de preços para ter um produto destinado à classe C e, para isso, é preciso apostar na escala, encomendando volumes de componentes que levem à redução do preço unitário. "Nóas estamos apostando", disse.


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