Mostra reúne os principais filmes do chileno Miguel Littín

A mostra Cinema Latino Americano de Miguel Littín traz 12 filmes do cineasta chileno que serão exibidos de forma online e gratuita entre os dias 1º e 8 de abril, na plataforma Spcine Play. Os filmes ficarão disponíveis por 24 horas e poderão ser acessados diretamente no site.

Para abrir a mostra, a programação traz um debate mediado por Francisco César Filho, diretor do Festival de Cinema Latino Americano, com o especialista na obra de  Miguel Littin, Alexsandro de Sousa e Silva, e a curadora da mostra, Livia Fusco, no dia 1º, às 17h. No dia 3, às 16h, Sousa e Silva ainda ministra uma masterclass ao vivo. Os dois eventos serão veiculados no canal do YouTube da Mostra.

Littín é considerado o cineasta chileno mais importante de sua geração. Com um cinema engajado, realizado durante o governo de Salvador Allende (1970-1973), ele passou a filmar na clandestinidade durante o governo seguinte, do ditador Augusto Pinochet. 

A programação traz alguns de seus principais trabalhos, como "O Chacal de Nahueltoro" (de 1965, na foto), baseado em um caso policial que escandalizou o Chile, considerado como o primeiro do gênero "docudrama" e um dos filmes mais importantes do movimento do Nuevo Cine Latino Americano; uma entrevista intimista com Salvador Allende em "Compañero Presidente" (1971); "A Viúva de Montiel" (1979) que traz Geraldine Chaplin como protagonista e é baseado no livro "Los funerales de la mamá grande", de Gabriel Garcia Marquez; "Alsino e o Condor" (1982) que deu projeção internacional a Littín ao ser indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 1982; "Ata Geral do Chile" (1986), filmado clandestinamente, já que o diretor era um dos 5 mil exilados pelo governo de Pinochet, o diretor percorreu todo o país, retratando o cotidiano do país sob o regime militar. 

"Ao assistir os filmes de Miguel Littín o público não tem apenas a chance de conhecer a história recente do Chile, mas pode também montar junto a ela o grande quebra-cabeça chamado América Latina. Começando nos anos 60 com o fervilhar do Novo Cinema Latino Americano feito por jovens cineastas que usaram o cinema como arma frente ao imperialismo em favor de mudanças sociais e uma descolonização cultural de seus países. Passando pela desesperança da era de chumbo das ditaduras: mortes, exílios, clandestinidade, sempre revelando congruências entre nossos povos através das imagens e da literatura de Gabriel Garcia Marquez", explica a curadora Lívia Fusco. 

Além da importância temática, a obra Miguel Littín também tem relevância na história do cinema mundial,  pois revela uma nova estética latino-americana criada a partir do nascimento oficial do movimento do Nuevo Cine Latino americano, no I Encuentro de Cineastas Latino americanos, em março de 67, quando jovens influenciados por acontecimentos históricos, como a Revolução Cubana (1959), apresentaram seus filmes e discutiram o uso do cinema como arma na luta, denúncia das questões sociais comuns a países colonizados e buscando entre eles o reconhecimento de uma identidade comum e a projeção de um futuro distinto.

Cinema Latino Americano de Miguel Littín tem curadoria de Lívia Fusco e está sendo produzida com o apoio do Edital PROAC Expresso Lab – Aldir Blanc. 

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