Festival Curta Cinema celebra o retorno às salas de cinema e adota o sistema híbrido em sua 31ª edição

De 3 a 11 de novembro, o Festival Internacional de Curtas-Metragens do Rio de Janeiro, o Curta Cinema, estará de volta e, em sua 31ª edição, retorna para as salas do cinema no Estação Net Botafogo com entrada franca e também continua com exibições online gratuitas através da plataforma Festhome TV, como nas duas últimas edições. O formato híbrido permite um alcance nacional – e até internacional – do festival, levando cultura de uma forma democrática para um público muito maior.  

"O Festival surgiu da necessidade de exibir a produção de curtas que não tinham mais acesso à tela grande. Retomar as exibições presenciais é retomar o hábito de assistir filmes em seu maior espaço, uma sala de cinema. O festival é o momento do encontro, o momento de afirmar a função social do cinema", reflete Ailton Franco, que é o diretor do festival ao longo desses 30 anos, em entrevista exclusiva para TELA VIVA. "O streaming é muito bom pelo alcance fácil que temos a toda produção audiovisual do Brasil e do mundo, mas a experiência em sala é fundamental para manter o potencial transformador do cinema", acrescenta.

Uma seleção de 130 curtas, sendo 50 inéditos no Brasil, fazem parte da programação: 29 na Competição Nacional, 34 na Competição Internacional, 18 no Panorama Carioca, 13 no Panorama Latino-Americano, 16 na Primeiros Quadros Nacional, seis na Primeiros Quadros Hispânicos, cinco na Realizadoras Francesas de Curta-metragem e seis na Short Export. Os filmes vencedores das competições Nacional e Internacional ganham qualificação para pleitearem uma indicação ao Oscar, principal premiação do cinema mundial. 

As produções que abrem a 31ª edição do Festival Curta Cinema no dia 3 de novembro são "Dajla – Cine Y Olvido", de Arturo Dueñas Herrero (Espanha); "Por La Razón o La Fuerza", de Giarella Araya Veja (Chile); "Inch", de Laércio Ribeiro e Ricardo Vieira (Rio de Janeiro); "Entreaberta", de Bruna Amorim (Rio de Janeiro); e "O Dendê do Mestre Didi", de Beth Formaggini (Rio de Janeiro). A cerimônia acontecerá no Estação Net Botafogo.

A programação desta edição é composta por cinco mostras competitivas: Competição Nacional, Competição Internacional, Primeiros Quadros Nacional, Panorama Carioca e Panorama Latino-Americano. Os ganhadores das duas últimas mostras ganham o prêmio do público. Haverá ainda os Programas Especiais "Realizadoras Francesas de Curta-metragem" e "Short Export", com curtas alemãs.

"O festival é realizado para mostrar uma produção crescente e constante da produção audiovisual nacional e internacional. É a janela de excelência para sua difusão. Sua periodicidade/regularidade é muito importante dentro da cadeia de exibição da produção. Sua própria existência incentiva a contínua produção audiovisual. Se deixar de existir, quebra-se um elo importante da indústria. Nos tempos atuais encontramos outras formas de continuar existindo. O streaming está aí para mostrar esta importância. Uma nova janela que não tem que anular a da sala. Tem que ser somada para que alcancemos um maior público", analisa o diretor. 

Ailton Franco é diretor do Festival há 30 anos

Mostras 

Um dos principais destaques da Competição Nacional é "Ato" (foto), primeiro filme de ficção da diretora e atriz Barbara Paz, que estreou no último Festival de Veneza. Estrelado por Alessandra Maestrini e Eduardo Moreira, a produção aborda as dores que ficaram evidentes durante a pandemia. Outros filmes aguardados são "Henriqueta", de Anna Azevedo, que terá estreia mundial no evento, e dois curtas que se destacaram no Festival de Cannes 2021: "Cantareira", de Rodrigo Rybeiro, vencedor do terceiro lugar no Cinéfondation, e "Sideral", de Carlos Segundo. 

Mais de dois mil curtas foram inscritos na Competição Internacional e a maioria dos selecionados participaram da última edição de festivais como Cannes, Locarno, Berlim e Veneza. Entre os títulos, destacam-se "The Star", de Nadav Lapid, que estreou em Cannes 2021; "Swallow The Universe", de Nieto, e "Ronde de Nuit", de Julien Regnard, duas animações do estúdio francês Autor de Minuit. Já o Panorama Carioca mantém a sua tradição como uma das principais vitrines do cinema independente feito no Estado do Rio de Janeiro. "Atira-te ao Rio", de Carla Böhler, e protagonizado por Leticia Spiller, Simone Spoladore e Maureen Miranda, é um dos principais filmes da mostra. 

O Panorama Latino-Americano traz um importante recorte de alguns dos mais relevantes filmes latino-americanos da atualidade. Nessa edição, o festival retoma a mostra "Primeiros Quadros", que fez grande sucesso quando lançada em 2019. Dedicada exclusivamente a filmes de estreia de jovens e promissores talentos, a grande novidade é que desta vez a mostra será competitiva. Um júri formado pela gerente de produção da Globo Filmes, Carolina Rapp, e a diretora Rosane Svartman, vai avaliar os filmes e vencedor levará para casa o troféu Curta Cinema e o prêmio Edina Fuji, com equipamentos para a nova produção do realizador premiado, oferecido pela NayMovie. Filmes estrangeiros também terão vez com o programa "Primeiros Quadros Hispânicos", apresentando filmes de escolas de cinema da América Latina e da Espanha. 

Dois novos programas farão parte do evento nesta edição: "Realizadoras Francesas de Curta Metragem", apresentando novos filmes realizados por mulheres e com temas do universo feminino, idealizado em parceria com a distribuidora francesa "Manifest"; e "Short Export", com curtas alemães que estrearam na última edição do Festival de Clermont-Ferrand. Este programa foi concebido pela AG Kurzfilm e German Films, em parceria com o Festival de Clermont-Ferrand.

"A produção audiovisual no formato curta metragem continuou a ser realizada, com os cuidados sanitários necessários. Foram criadas novas formas de produção, assim como novas histórias. Algumas incluíram a pandemia em suas narrativas. Outras buscaram novas alternativas narrativas e técnicas. É notável que apesar das restrições deste tempo pandêmico, a produção não se deixou paralisar", comemora Franco. 

A 31ª edição do Festival Curta Cinema está sendo realizada com o Apoio da RioFilme, Embaixada da França, Goethe Institut, Instituto Cervantes e Bureau de Québec em São Paulo.

Curta "Henriqueta", de Anna Azevedo, terá estreia mundial no evento

Premiações 

Os filmes que compõem o programa Competição Nacional concorrerão ao Prêmio de Melhor Curta Nacional, eleito por um júri especial, e o vencedor ganha qualificação para pleitear uma indicação ao Oscar; Os filmes que compõem o programa Competição Internacional concorrerão ao Prêmio de Melhor Curta Internacional, eleito por um júri especial, e o vencedor também ganha qualificação para pleitear uma indicação ao Oscar; Os filmes que compõem o programa do Panorama Carioca concorrerão ao Prêmio de Melhor Filme do Panorama Carioca, eleito pelo voto popular; Os filmes que compõem o programa do Panorama Latino-americano concorrerão ao Prêmio de Melhor Filme, eleito pelo voto popular; E por fim, os filmes que compõem o programa Primeiros Quadros Nacional concorrerão ao troféu Curta Cinema e o prêmio Edina Fuji, com equipamentos para a nova produção do realizador premiado, oferecido pela NayMovie.

Desafios de orçamento 

O Curta Cinema será realizado com 10% do valor do orçamento de dez anos atrás e, infelizmente, dessa vez o  evento não realizará as tradicionais atividades paralelas, como a 25ª edição do Laboratório de Projetos de Curta Metragem, a 23ª edição da Masterclass de Direção e o Projeto Educativo. "O principal impacto disso está na capacidade de eventos do porte do festival de gerar postos de trabalho, qualificação profissional, perspectivas de crescimento profissional e econômico. Há dez anos o festival gerava cerca de 35 postos de trabalho temporários e diversos prestadores de serviço da área audiovisual e de comunicação. Com 10% do orçamento, mantemos nosso principal objetivo de mostrar o atual panorama da produção no formato curta-metragem, mas com uma estrutura muito menor e sem contribuir para geração da economia e a formação mais completa", revela Franco. 

"Apesar de o audiovisual e a cultura terem se mostrado essenciais, principalmente no período de pandemia, a percepção de sua importância da cadeia econômica não é muito reconhecida", finaliza. 

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui