Nesta quinta-feira, 30 de agosto, o longa brasileiro "O Segredo de Davi" fez sua estreia no Festival Internacional de Cinema de Montreal, o MWFF. O suspense da Movloca tem previsão de lançamento no Brasil para o dia 22 de novembro. Marcio Yatsuda, à frente da produtora, esteve no Max 2018 em Belo Horizonte – MG na mesma data, onde revelou detalhes sobre o formato inédito de branded content por trás do filme.
A universidade Anhembi Morumbi foi a grande apoiadora do projeto, apesar de não ter investido dinheiro diretamente. Eles, na verdade, entraram com as locações – as cenas foram filmadas no campus localizado no bairro da Mooca, em São Paulo – e também atuaram na formação da equipe, uma vez que alunos dos cursos de Cinema e de Rádio e TV da faculdade trabalharam efetivamente na produção. A parceria possibilitou uma economia de cerca de 20% no orçamento total da obra.
Yatsuda listou ainda uma série de outros benefícios alcançados com a parceria. Para a universidade, a vantagem é que ela demonstra alinhamento com o mercado, ganha visibilidade e dá oportunidades diretas aos alunos. Já para o filme, além da questão financeira, os demais bônus são o fato de que o longa já começa com um núcleo inicial de divulgação para o público-alvo a quem se destina, uma vez que os próprios alunos farão um "buzz" em torno do assunto, e garante uma divulgação conjunta, que reúne além de produtora e distribuidora a própria Anhembi, que também vai trabalhar nesse sentido em suas redes sociais.
Branded Content
No Max, o produtor da Movloca esteve ao lado de Victor Lemos, da Trator Filmes, e Roberto Martha, da Scriptonita, para debater as novas estratégias para projetos de branded content. "Esse mercado não é novo, como a maioria das pessoas pensa. A questão é que quanto mais a tecnologia avança, mais ele cresce e ganha possibilidades. A internet permite uma 'desintermediação' entre marca e público, e este quer cada vez mais ser impactado por histórias reais.", declarou Lemos. Para o produtor, a máxima do "conteúdo é rei" cai por terra nesse cenário. "O verdadeiro rei é o público. Por isso digo que não fazemos narrativas para as marcas, e sim com as marcas. É uma parceria que visa atingir principalmente o público.", completou.
Victor ainda definiu algumas premissas desse trabalho de branded: "O objetivo é oferecer a ele conteúdos relevantes e de qualidade, seja para informar ou entreter e, assim, gerar engajamento. O próximo passo é alcançar reconhecimento de marca. Não é vender um produto ou oferecer um serviço, e sim fazer história.". Segundo Lemos, a diferença é clara: para comunicar os atributos de determinado produto, o caminho é a publicidade tradicional; para comunicar um valor de marca, a melhor opção é o branded content. "Essa mudança norteia ainda o tipo de cobrança que o cliente vai fazer, já que as métricas no branded não são tão tangíveis. É algo que vai muito além de aumento do número de vendas ou de visualizações nas redes.", acrescentou. O produtor reforça ainda que o efeito do branded content é uma construção de valores a longo prazo, com resultados profundos e mais duradoros. De acordo com ele, não dá para contar com resultados imediatos.
Por fim, Roberto Martha lembra que se trata de um mercado em constante construção: "Normalmente, o projeto parte do desejo do cliente de comunicar de forma diferente, mas a dinâmica não tem regras e nem caminho definido, como acontece com a publicidade tradicional. É um processo orgânico e que em envolve uma série de agentes, como agências, canais, produtoras e marcas.". E, para Lemos, é justamente por isso que ver a marca como uma fonte de investimento é um equívoco. "A produção de um branded content é uma espécie de sociedade onde todos devem trabalhar em parceria. Dentro desse cenário, é preciso estar sempre aberto a ouvir outras ideias para que todos consigam atuar em harmonia em prol de um bom resultado final.", concluiu.