Videoclipes se tornam formas de branded content em seus novos modelos de negócio

O segmento dos videoclipes está em processo de retomada desde meados de 2012. Uma das grandes responsáveis por esse processo, a cantora Anitta praticamente inaugurou um novo formato para esses vídeos, que hoje em dia funcionam como janelas de branded content e ótimas oportunidades para marcas anunciantes. Para Daniel Campello, advogado especialista em direitos autorais, "a retomada do segmento quebra o paradigma de protagonismo das gravadoras com seus artistas, sendo um choque na maneira tradicional". As declarações foram dadas durante o primeiro dia do Festival Whext nesta terça, 30/10, em São Paulo.

Campello relembra que o streaming, especialmente no que se diz respeito ao universo musical, foi uma verdadeira inovação disruptiva. "É um processo de destruir pra reconstruir.", define. Graças a vídeos como o "Show das Poderosas", da Anitta, lançado em 2013, o universo dos vídeos musicais voltou a crescer. Uma vez que o consumidor se "muniu" de devices móveis, o videoclipe voltou a interessá-lo. Para Pedro Tourinho, sócio-fundador da Soko, o videoclipe anteriormente atuava apenas como meio de promoção para os artistas, mas não justificava investimento publicitário e nem era algo monetizado. Hoje, ele além de ser monetizado, segue servindo como meio de promover o artista e virou ainda janela para as marcas, que podem anunciar por esses filmes. "Enquanto a publicidade abraçou o clipe, as produtoras também entenderam a necessidade de se investir em qualidade de produção e transformaram esse conteúdo em fonte de entretenimento.", completa Tourinho.

Bruno Ilogti, diretor de cena e montador da 02 Filmes, que também trabalha com clipes da cantora Anitta, reforça a importância de se integrar os produtos nos clipes sem que haja imposição dos mesmos, seguindo a mesma premissa do branded content. Como exemplo, ele cita as marcas C&A, Niely Gold e O Boticário, que já trabalharam ativamente em clipes da artista. "Trata-se de uma integração do DNA da marca ao vídeo, e não um product placement por si só. Usar a tabela de cores e os slogans da marca são caminhos.", sugere. Tom Gil, diretor na W/McCann, por sua vez, ressalta a questão da identidade de propósito, que funciona como elo entre artista e marca. "É um caminho ainda a ser estudado a fundo, porque é algo que sai da esfera comercial. O objetivo é um envolvimento fundamental e natural, no qual marca e artista trabalhem juntos por um bem maior.", conclui. Para o diretor, causas funcionam como elemento comum entre artistas e marcas, acrescentando o produto nessa história só depois.

Daniel apresenta o dado de que, hoje, 95% das pessoas no Brasil que acessam o YouTube o fazem para ouvir música. Ainda assim, as gravadoras ainda não contribuem ativamente nesse processo de criação de videoclipes, dando assim oportunidade para as marcas atuarem como viabilizadoras e sócias dos artistas. "É um momento de abertura da indústria da música.", declara. "Neste cenário, as agências podem atuar em um processo de alinhamento entre artistas e marcas para além da exibição do produto, e sim investindo em acordos mais contínuos.", acrescenta Ilogti.

Por fim, Tourinho relembra que o entretenimento é para o público. "A inserção da marca não pode ser oportunista, uma vez que o produto final tem que agradar ao público.", finaliza.

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