Protocolo de Retomada na Produção do Audiovisual será apresentado ao mercado nesta semana

Ainda nesta semana, o mercado audiovisual terá acesso ao Protocolo de Retomada na Produção, documento oficial elaborado pelas principais entidades do setor que reúne medidas de prevenção, mudanças no planejamento de filmagens e iniciativas já adotadas em outros países para a volta ao trabalho pós-pandemia de Covid-19. A ideia é que o material funcione como um guia único para agências, produtoras, estúdios, canais de TV e demais elos da cadeia que pretendem retornar aos sets em breve, de forma a garantir que esse retorno seja feito da maneira mais segura possível.

Para Simoni de Mendonça, presidente do SIAESP (Sindicato da Indústria Audiovisual do Estado de São Paulo), a retomada precisa ser segura, viável e responsável e ter, como foco, a proteção dos profissionais. "Nós queremos e precisamos voltar a trabalhar. Por isso, montamos um grupo de trabalho com diferentes entidades para elaborar um protocolo mais completo, que traga além das regras exigidas pelas autoridades competentes, outros tópicos mais específicos que julgamos necessários", disse Mendonça durante o webinário de abertura da série "Encontros de Mercado", organizada pelo SIAESP com apoio da FIESP e coordenação de Débora Ivanov, realizado na última quinta-feira, 28 de maio.

A porta-voz do SIAESP explicou que o grupo estudou protocolos de diversos países que já retomaram os trabalhos – como Espanha, França, Portugal, Grécia e Islândia – para saber como eles estão lidando com essa retomada, além de ouvir também profissionais da área da saúde. A partir daí, foi pensado um processo de retomada gradual, dividido em fases. A primeira é a que estamos agora, refere-se às produções pequenas, feitas de maneira remota. A segunda já prevê uma flexibilização maior, mas com equipes reduzidas a no máximo 20 pessoas, distanciamento social mínimo de um metro, uso de máscaras e higienização de equipamentos e objetos, entre outras medidas. "Essas duas etapas iniciais vão nos ajudar a construir a terceira, que ainda não desenvolvemos. Vamos acompanhar a progressão da doença e as recomendações dos órgãos responsáveis. O protocolo é um documento vivo, vamos aprendendo como fazer à medida em que vamos fazendo. Contamos com a colaboração, disciplina e responsabilidade todos", completa.

Marianna Souza, presidente da APRO, que reúne produtoras de publicidade, aponta o mercado publicitário como um dos primeiros a voltar, uma vez que trata-se de um segmento "ansioso por natureza" e que não está acostumado a trabalhar com projetos longos, como os de entretenimento. "Os anunciantes continuam se comunicando, agora mais do que nunca, já que encontram a audiência em casa. Esse cenário de produções remotas, que contam com técnicas diversas, aplicativos e captações pelo celular, funciona como um grande laboratório. Mas o processo de retomada é urgente e necessário", ressaltou durante a live. Souza ainda acrescenta que o Protocolo se desenvolve a partir de pilares – distanciamento, higienização, desinfecção, comunicação e monitoramento – e que tenta trazer essas informações de forma didática para que todos consigam efetivamente adotar as novas medidas.

Abordando o protocolo de maneira mais prática, Sonia Santana, presidente do Sindcine, também participou do webinário e pontuou que todos deverão mudar e reavaliar procedimentos e comportamentos, pensando não somente em si, mas no coletivo. "Isso traz bastante responsabilidade para as produtoras, agências, anunciantes e canais de TV", reforça. Santana afirma que os sets terão que ser mais rápidos, por exemplo, porque trabalhar muito tempo de máscara é desconfortável, e que por isso as peças terão de ser repensadas, de forma a caberem nessas diárias sem sacrificar técnicos e a qualidade das produções. Para ela, o ambiente de filmagem também deverá ser menos "solto e descontraído", pois um terá de vigiar o outro o tempo todo.

Já José Alexandre, presidente da ABELE, associação que reúne locadoras de equipamentos, chama atenção durante o debate para o fato de que, lá fora, os protocolos de retomada contam com a participação do poder público nas orientações gerais, com o tipo de organização e respaldo que falta no Brasil. Ainda assim, ele elogia o processo de criação do protocolo: "Todo mundo queria um 'protocolo para chamar de seu'. As agências, as produtoras e os estúdios já estavam desenvolvendo as próprias regras para a retomada. Não podia ficar uma dúvida de qual direcionamento seguir dentro do set. Ter um documento único, para toda a classe, é o principal ponto desse trabalho". Alexandre complementa: "No Brasil, nós tradicionalmente quebramos regras. Na volta ao trabalho precisaremos ser muito severos com isso. Todo mundo sabe os princípios básicos para se proteger e proteger o outro. Isso não poderá ser relaxado".

Com alguns ajustes ainda pendentes, o texto do protocolo aborda ainda o uso de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) dentro dos sets, as medidas que deverão ser adotadas no caso de algum profissional que tenha voltado a trabalhar presencialmente contraia a Covid-19 e as possíveis adaptações nos roteiros das produções. A expectativa das entidades que participaram de sua elaboração é apresentá-lo nos próximos dias.

O debate realizado na última quinta, que contou com mais de 500 pessoas assistindo ao vivo, já está disponível no canal do YouTube do SIAESP. A mediação é da jornalista Ana Paula Sousa.

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