José Roberto Filippelli narra sua história na internacionalização dos programas da Globo

Em 1976, após vender sua agência de publicidade, José Roberto Filippelli foi com sua família para Roma para um ano sabático e levou consigo alguns documentários do "Globo Repórter" produzidos pela Blip Filmes, do diretor Guga Oliveira. O publicitário não imaginava que o breve tour que fez em canais pelo continente europeu para oferecer o conteúdo abriria para ele as portas do maior grupo de mídia brasileiro, menos ainda que teria papel central na criação da mais bem sucedida estratégia de internacionalização do audiovisual do país.

"Um ano depois, já pensando em voltar, embora estivesse gostando de morar em Roma, recebi telefonema da Globo dizendo que participariam do MipTV (tradicional evento de conteúdo em Cannes, na França) e descobriram que os direitos dos documentários não eram deles. Pediram autorização para trabalhar os direitos e me convidaram para participar no estande", contou Filippelli a TELA VIVA. No quarto dia do evento, foi convidado para trabalhar na Globo.

No livro "A Melhor Televisão do Mundo – meus tempos de Globo na Europa", escrito com a colaboração de Mary Lou Paris, ele narra sua história sobre a internacionalização dos programas da Globo de 1976 a 1999. Em um primeiro momento, seu contrato era para pesquisar o mercado europeu e estabelecer uma estratégia para a distribuição internacional dos programas da emissora. Em pouco tempo, após criar um escritório em Roma, Filippelli expandiu a operação de distribuição da Globo na Europa com sucursal em Paris, uma dezena de representantes de vendas – também para os mercados do Sudeste Asiático, do Oriente Médio e da África. Oito anos após ter aceitado o emprego, mudou o escritório principal da Globo na Europa para Londres, onde atuou por mais 15 anos.

No livro, ele também fala sobre as demandas por conteúdo no mercado televisivo no Leste Europeu, sob influência da União Soviética, e como a queda do muro de Berlim mudou o cenário. "Vendíamos muito no leste europeu, por que havia boicote oficial aos produtos dos Estados Unidos. Quando caiu o muro, acabou o boicote, aí começamos a ter concorrência", conta em entrevista.

Os americanos levavam produtos prontos para dublagem, enquanto os da Globo demandavam alguma adaptação. As trilhas de áudio tinham que ser refeitas para separa os diálogos. O cenário geopolítico ajudou a pavimentar a distribuição internacional da Globo em um ritmo confortável para o grupo. "A gente foi fazendo e aprendendo. Se fosse na época da Marluce (Dias, diretora geral da Globo de 1998 a 2002), não teria acontecido. Teriam contratado uma pesquisa que apontaria, corretamente, aliás, que não tínhamos condições de fazer", diverte-se.

Serviço:
"A Melhor Televisão do Mundo – meus tempos de Globo na Europa"
Disponível em versão impressa e digital.
Editora Terceiro Nome
Contato: formulario@terceironome.com.br
Fone: +55 11 99233 6944

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui