Rubens Glasberg, criador e fundador das publicações TELETIME e TELA VIVA, é reconhecido pelo seu pioneirismo no mundo de publicações especializadas em tecnologia e por sua relevante carreira no jornalismo político, econômico e internacional dos anos 60, 70 e 80. Agora, o jornalista estreia no universo da literatura histórica com seu livro "Os Indesejados", lançado este mês e que traz a história dos pais e avós do autor e de tantos outros refugiados judeus que escaparam do nazismo durante a Segunda Guerra.
"Os Indesejados" é um livro com três camadas. A primeira é o relato pessoal de Elisa Klinger, nome de solteira da mãe de Rubens Glasberg, que deixou parte de suas memórias por escrito, e das próprias memórias do autor, que reconta os episódios que escutava desde a infância. Elisa Klinger era austríaca, e sua fuga para o Brasil, ao lado de seus pais, traz episódios inacreditáveis e tocantes, que incluíram uma heroica atitude de insubordinação ao Estado Novo por parte do embaixador do Brasil na França durante a Guerra, Luís Martins de Souza Dantas, e a ajuda de pessoas comuns e personagens improváveis. Em outra parte da Europa, Hans Glasberg, pai de Rubens, deixou a Alemanha ao ver o nazismo ganhar força, e foi para a Itália onde viu crescer e se modificar o fascismo, até também se ver obrigado a fugir da Europa, com a ajuda do Vaticano. Elisa e Hans se conheceram no navio Santarém, que saiu de Portugal rumo ao Brasil.
A outra camada do livro é a jornalística: Rubens Glasberg investiga a própria história, checa fatos e remonta as narrativas deixadas por seus antepassados. Como um bom jornalista, Glasberg não se importa em expor os fatos como eles são, mesmo quando eles confrontam as ideias pré-concebidas e equívocos de sua própria memória familiar. Essa camada é o que dá legitimidade à obra e a torna ainda mais contundente.
Parabéns Rubens!