Para Qualcomm, não é preciso esperar estudos para definir cronograma dos 700 MHz

A Qualcomm, fabricante de chipsets para celular, acha que a Anatel não precisa concluir os estudos de replanejamento de espectro e de interferência para definir a data que a faixa de 700 MHz passará a ser destinada em caráter primário para as teles. A ausência dessas conclusões tem sido usada pela Anatel como justificativa para que ainda não se tenha, na proposta de destinação da faixa que foi à consulta pública, a data em que o serviço de banda larga passe a ter direito de usar a faixa.

De acordo com o diretor sênior de relações governamentais da Qualcomm, Francisco Giacomini Soares, o mérito do estudo de replanejamento é mostrar para a sociedade que a radiodifusão poderá ser acomodada na parte baixa do UHF sem maiores problemas. Giacomini diz ter convicção de que o estudo mostrará que, sem a TV analógica, a faixa de 700 MHz poderá ser inteiramente destinada às teles, ainda que não de uma vez só em todo o Brasil.

"Acho que é o momento ideal para definir essas coisas sim, mas o prazo para implementar pode ser mais flexível. Existe pressa para se definir porque é preciso uma clara sinalização para o mercado, mas não necessariamente você precisa implantar tudo agora", explica ele. Ou seja, para o executivo, é possível a Anatel definir desde já quando entra a banda larga móvel em cada município ou em cada grupo de municípios de acordo com o tamanho, mesmo que nos municípios menores a implantação do LTE e o switch-off da TV analógica aconteça depois de 2016.

O discurso da radiodifusão é exatamente oposto. Para as emissoras, a Anatel estaria acelerando demais o processo, tendo em vista justamente que ainda não se tem a comprovação técnica de que há espaço para todas as emissoras. Estudo realizado pela SET (Sociedade de Engenharia de TV), por exemplo, mostra que na região de Campinas não haveria espectro livre que pudesse ser destinado às teles. Giacomini dicorda. Diz ter a convicção de que há espaço para todo mundo.

Em relação à questão da interferência, Giacomini não descarta que ela possa acontecer, mas, segundo ele, se houver ela poderá ser resolvida "com engenharia". "Se mantiver a banda de guarda estabelecida e a potência que está na norma não haverá problema de interferência que possa prejudicar o serviço das teles ou da radiodifusão", afirma ele.

Para o executivo, os casos de problemas apresentados pelos radiodifusores como o do Reino Unido não podem ser comprados com Brasil. Ele explica que no Reino Unido os bloco de downlink e uplink são invertidos, de forma que o downlink fica colado com a faixa usada pela radiodifusão, o que aumenta a chance de problemas. Além disso, a banda de guarda lá é de apenas 1 MHz, ou seja, inferior ao mínimo recomendado pelo 3GPP, que é de 5 MHz. "As condições para que haja interferência são muito piores, mas mesmo assim eles vão fazer", diz ele, reforçando que as interferências podem ser solucionadas.

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