Radiodifusores cobram presença nos debates sobre TV digital

Teve início na manhã desta quarta-feira, 3, no Rio de Janeiro, o Congresso SET 2003. Trata-se da 15ª edição do evento que reúne os engenheiros de televisão para discutir a digitalização da TV e a convergência de mídias. A abertura do evento contou com a presença do presidente da SET e diretor de tecnologia do SBT, Roberto Franco, com o presidente da Anatel, Luiz Guilherme Schymura, e com o assessor especial do Ministério das Comunicações, Marcio Wohlers.
Na cerimônia de abertura, Schymura afirmou que, a transição para um sistema digital deve observar aspectos técnicos, sociais e econômicos e que, com todos os testes que já foram feitos, o governo Lula tem subsídio suficiente para escolher o padrão mais adequado.
Marcio Wohlers destacou que as atenções do governo estão voltadas ao incentivo ao desenvolvimento da digitalização e convergência das mídias. Segundo o assessor de Miro Teixeira, o Ministérios das Comunicações está se esforçando para criar uma oportunidade aos setores comercial e de pesquisa para desenvolver um novo padrão e que o sistema regulatório deve criar regras para o setor sem inibir o desenvolvimento.
O presidente da SET, Roberto Franco, afirmou na abertura que os engenheiros "jamais aceitaram adotar padrões que prestem serviços de terceiro mundo no Brasil".
Fernando Bittencourt, do grupo SET/Abert, afirmou que, caso o Brasil opte por desenvolver sistemas de compressão de vídeo e/ou uma modulação de sinal, não haveria escala e nem capacidade para fabricar circuitos integrados. Com isso o País seria forçado a encomendar os chips de fora. Para ele, o melhor é fazer uso da escala mundial dos outros padrões.
Bittencourt disse ainda que "ninguém gastou menos de US$ 500 milhões e cinco anos no desenvolvimento de padrões".
Quanto ao desenvolvimento local de middleware (o sistema operacional dos aparelhos receptores) pode acontecer simultâneamente à adoção de um padrão. "Nenhum middleware dos padrões internacionais já adotados está realmente pronto", afirmou. A urgência na adoção de um padrão seria para garantir a transmissão digital na próxima Copa do Mundo. Segundo Bittencourt a decisão precisa ser tomada até abril de 2004. "Os radiodifusores não podem ser coadjuvantes em relação a escolha de um padrão de TV digital", disse Bittencourt.

Em pauta

Roberto Franco disse que a classe dos engenheiros vem desenvolvendo e propondo soluções à televisão, mas sem o devido reconhecimento. Com a decisão do ministro Miro Teixeira em desenvolver um sistema nacional, Franco vê o esperado reconhecimento. "Mas a proposta levanta questões sobre quais são as vantagens em se propor um novo padrão", completou.
Já Márcio Wohlers, no mesmo painel, defendeu a criação de um sistema brasileiro de TV digital (SBTVD) como uma maneira de reduzir a dependência tecnológica do Brasil e "re-inserir a ciência e a tecnologia brasileiras nos consórcios internacionais". Wohlers defendeu a adoção de um novo padrão até a próxima Copa do Mundo, como vem defendendo publicamente o ministro Miro Teixeira.

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