"Futuro da TV 3.0 passa por curadoria e qualidade de conteúdo", define diretor da TV Cultura

(Foto: Freepik)

O vice-presidente e diretor de programação da TV Cultura Eneas Pereira aproveitou o evento que o canal realizou nesta sexta-feira, dia 5 de abril, para a imprensa, mercado publicitário e parceiros, para falar sobre TV 3.0. "Daqui oito ou dez anos, só teremos TV 3.0. Por isso é muito importante olharmos para isso agora", declarou. 

O executivo ressaltou que o futuro da TV 3.0 passa por curadoria e qualidade de conteúdo. "Houve uma primeira explosão do digital na popularização e democratização, onde todo mundo virou gerador de conteúdo. O que trouxe avanços, mas também milhões de problemas. Nesse segundo momento, só vai sobreviver quem tiver curadoria e qualidade – aí entra a TV Cultura", defendeu. "Que a produção de conteúdo está mudando, isso é chover no molhado. Mas é importante reforçar que essa mudança abrupta tem mais a ver com quem consome conteúdo, que é quem nos interessa. A difusão pode mudar de forma, mas o que a gente faz é conteúdo. Isso é fundamental e não vai acabar", acrescentou. 

Entre as grandes mudanças que estão abalando o mercado, Pereira destaca a Geração Z e suas particularidades de consumo de conteúdo. Pessoas dessa geração, que são aquelas nascidas entre 1995-2010, não têm tanto o hábito de assistir à televisão. Segundo pesquisa apresentada pelo diretor, eles gastam 15% mais tempo vendo os melhores momentos do que os esportes ao vivo. "Não adianta ter bom conteúdo se não conversarmos com eles. A linguagem tem que ser dessa forma, rápida como eles gostam", enfatizou. "A TV continua tendo importância fundamental por conta do conteúdo – e nisso, temos a dianteira. Não temos toda a estrutura tecnológica, mas temos a dianteira do conteúdo". 

Para ele, o momento pede reflexão por parte de todos os executivos de televisão. "Eu, como diretor de programação, lido com o termo 'grade' o dia inteiro. É um termo que incomoda, porque grade prende o espectador, e isso é tudo que ele não quer. Como faço TV linear, tenho que ter grade. Mas ela está fadada a morrer dentro da TV 3.0, que trará uma grade personalizada para cada espectador", pontuou. 

E mais do que a questão da grade personalizada, a maior relevância da TV 3.0 é a personalização dos anúncios e da publicidade. "Os comerciais de TV que assistimos e que não nos dizem respeito vão acabar. Só assistiremos a anúncios que são relevantes para nós. Com o digital e os algoritmos do streaming, isso já mudou bastante, mas ainda não é perfeito. Antes, a publicidade pescava de rede. Com o digital, passou a pescar de vara. Com a TV 3.0, vai pescar de arpão e acertar exatamente o que quer. Para o anunciante, isso significa maior segmentação e precisão, além de um retorno muito maior", reforçou. 

E por fim, apontou: "Chegaremos lá juntos. Nós temos o melhor conteúdo, mas ainda pouco acessível à Geração Z. Esse é o grande desafio da televisão brasileira para or próximos anos". 

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