Broadcasters americanos pedem plano de incentivo para o setor

Gordon Smith, presidente e CEO da NAB, abriu nesta segunda, 7, em Las Vegas, o evento anual da principal associação de radiodifusores dos Estados Unidos, afirmando que o governo norte-americano trata a radiodifusão conforme lhe convém. "Por um lado, o governo pode nos tratar como se fossemos dinossauros e faz o possível para encorajar emissoras de TV a saírem do negócio. Por outro lado, a FCC (órgão regulador das comunicações nos Estados Unidos) diz que nós somos tão importantes e poderosos, que duas emissoras de TV não podem dividir publicidade no mesmo mercado, enquanto diversos operadores de cabo, satélite e telecom podem", disse Smith. O presidente da NAB se referia ao leilão de frequências em curso nos Estados Unidos para liberar espectro de frequência para serviços de dados móveis, e à recente regra imposta pela FCC que proíbe a venda casada de publicidade para dois canais de televisão em uma mesma localidade. "Qual é a visão (do governo)? Muito poderosos, ou irrelevantes? Não dá para ser os dois", completou.

No final da cerimônia de abertura, Smith conduziu uma entrevista com o controlador da Univision, Haim Saban. A Univision é a maior rede de TV em espanhol dos Estados Unidos e a quinta maior rede do país, independente do idioma. O bilionário egípcio/israelense/americano também atacou a forma como o governo vê o setor de televisão nos Estados Unidos. Segundo ele, a sigla FCC (Federal Communication Commision) significa Friendly Cable Commission, ou comissão amigável ao cabo.

National Broadcast Plan

Smith, em seu discurso inicial, questionou porque a FCC não criou um plano de incentivo à radiodifusão. Segundo ele, nos últimos cinco anos, o foco do governo federal está na banda larga. "O governo investiu vários milhões de dólares e um ano do tempo e dos esforços da FCC para produzir um National Broadband Plan – um roadmap para investimento e inovação para as indústrias do cabo e wireless. Mas a FCC vem regulando o broadcast como se o mundo estivesse parado no anos 1970", disse. "Por que não há esforços em incentivar inovação e investimentos no broadcasting para garantir que nosso negócio continue a ser líder global, ao lado das nossas indústrias de broadband?", continuou.

Smith pediu uma "revisão significativa" da regulação sobre o setor, que, segundo ele, está defasada. Além disso, desenhou um rascunho do que seria o plano de incentivo à radiodifusão, apontando que o setor poderia desempenhar outros papeis para a população. "Por causa da força de nossa arquitetura, e o poder de nossas ondas de rádio, estações locais são, muitas vezes, o único meio de comunicação disponível durante desastres naturais", disse. Por isso, pregou a remoção de barreiras, principalmente competitivas, para a inclusão de chips FM em telefones móveis. Além disso, pediu maior atenção ao papel que a TV móvel e o sistema de alerta de emergências podem ter na preservação da segurança da população.

"O National Broadcast Plan potencializaria a arquitetura de um para muitos. Este ponto é crucial, pois a banda larga móvel é falha quando se trata de vídeo", disse. "Se os consumidores querem acesso a grandes eventos ao vivo, o broadcasting precisa ser parte da solução. E se a Comissão está realmente preocupada com competição, ela vai estudar como o broadcasting pode ser um elemento competitivo à indústria de cabo e wireless".

Novo padrão

Outro ponto abordado por Smith foi a possibilidade de migrar o serviço de televisão para um novo padrão de transmissão/recepção. "Para seguir se adaptando e respondendo às demandas dos consumidores, eu acredito que a televisão deve seriamente considerar os desafios e as oportunidades de migrar para um novo padrão. Isto proporcionaria às emissoras a flexibilidade e a eficiência que elas precisam para inovar, para melhor atender aos espectadores, e competir em um mundo móvel e encontrar novas fontes de receitas".

Sobre este ponto, Saban também opinou. Segundo ele, um novo padrão não é opcional, pelo contrário, é fundamental para que a televisão "não fique presa no século 20". O padrão, para ele, precisa permitir a distribuição para todos os dispositivos e plataformas.

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