ONG's e vereador de Recife entram com ação no MPF contra Rádio Novas de Paz

Nesta terça-feira (5), organizações da sociedade civil e o mandato do vereador do Recife Ivan Moraes (PSOL) entraram com uma representação no Ministério Público Federal (MPF) e no Ministério Público do Estado de Pernambuco (MPPE) contra o Ministério Novas de Paz, grupo religioso proprietário da Rádio Novas de Paz. Em transmissões realizadas no mês de abril, o grupo fez uso de concessão pública para disseminar desinformação e desestimular as medidas de distanciamento social recomendada pelos órgãos de saúde para conter a pandemia de Covid-19.

 

No dia 22 de abril, data em que já se registravam 45.757 casos de Covid-19 confirmados no Brasil e a morte de 2906 pessoas – sendo 3298 casos e 282 mortes no estado de Pernambuco – um diálogo realizado no programa "Manhã de Paz" pelos Pastores Junior de Tércio (apresentador) e Francisco de Tércio (presidente do Ministério Novas de Paz) chamou a atenção de diversas pessoas por questionar os dados oficiais transmitidos pelo Ministério da Saúde e governos Estadual e Municipal. Na conversa, defenderam a retomada das atividades econômicas, independente das recomendações dos especialistas.

 

Na ação, as entidades e Ivan Moraes colocam trechos da conversa do apresentador e do pastor. "É uma doença perigosa? É. É uma doença perigosa tanto quanto outras. Seja sincero, Pastor Junior, qual é que merece mais cautela. Não é medo não, é cautela. Você se prevenir contra esse tal desse vírus chinês, que eu quero chamar só vírus chinês a partir de agora, pra ficar gravado na cabeça do povo que foi uma coisa criada na China, né? Com propósitos ideológicos, políticos. E tá sendo explorado. Qual é que precisa mais cautela? Não é medo não. O que é que precisa mais cautela? Você andar na rua com medo do vírus chinês ou com medo da marginalidade? (…) Eu fiquei em casa nos primeiros dias e disse vamos esperar. Mas quando saí lendo, pesquisando, me informando, conversando com médicos, vendo o parecer de outros médicos. Isso é um bocado de enganador", disse o pastor Francisco de Tércio em afirmação qualificada pelos autores da representação como xenofóbica. Na representação, também é apontado que as mensagens são caracterizadas como fake News e estimulam o abandono do isolamento social.

 

Além do vereador Ivan Moraes Filho, assinaram a representação o Coletivo Intervozes, a Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária (Abraço), Centro de Cultura Luiz Freire (CCLF), Centro Popular de Direitos Humanos (CPDH), Casa Mulher do Nordeste, Centro de Desenvolvimento Agroecológico Sabiá, Centro Nordestino de Medicina Popular, Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (FASE), Centro de Assessoria e Apoio a Trabalhadores e instituições Não Governamentais Alternativas (Caatinga), Equipe de Comunicação Sindical (ECOS), Bibliotecas Comunitárias em Rede (Releitura) e Articulação Semiárido Pernambucano (ASA-PE).

 

Confira a representação na íntegra aqui.

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